1 - Por
que o recém-nascido chora tanto?
O bebê chora porque quer alguma coisa. Os motivos variam:
fome, fralda suja, frio, calor, posição desconfortável, incômodo, irritação por
barulho ou luz, estresse diante da movimentação de adultos e por aí vai. É
claro que, às vezes, o cansaço e a falta de sono podem fazê-lo perder a
paciência. Mas lembre: essa é a única forma de expressão do pequeno. Se você
perceber que está irritada demais, peça ajuda a alguém, tente sentar, respirar
fundo e se acalmar. Tudo vai dar certo. Mesmo porque, a partir dos quatro
meses, a tendência é que o pequeno chore menos.
2 - O
que posso fazer para aliviar as cólicas?
A cólica é um fantasma que habita o inconsciente coletivo
das mães, já que ela realmente pode tornar a vida dos pais um tanto angustiante
nas primeiras semanas de vida da criança. Mas não perca as estribeiras. As
cólicas são normais. Fazem parte do amadurecimento natural do sistema digestivo
do pequeno. E não adianta medicar ou dar produtos naturais. Isso pode ser até
perigoso, causando intoxicações. O melhor remédio é o leite materno. Aquecer a
barriga, aconchegar o bebê e deixá-lo na posição fetal também são medidas que
ajudam a contornar a situação. Agora, é preciso saber se a cólica é mesmo o
motivo da choradeira. A confusão é bastante comum. Choro de cólica é aquele
mais intenso, que começa e termina de forma repentina.
3 -
Posso dar água ou chá para meu bebê?
De preferência, não. O leite materno nutre, hidrata e
acalma, suprindo todas as necessidades da criança. Quando a mãe dá chá ou água,
o pequeno deixa de tomar o leite materno e ingere quantidades menores de
proteínas e calorias necessárias para o seu desenvolvimento. Sem falar que a
maioria dos chás contém estimulantes que deixam o bebê agitado. Se forem
servidos com açúcar, pior ainda. Os grãos podem fermentar e causar cólicas.
Além disso, há o risco da chamada confusão de bicos, que faz com que a criança
largue o peito da mãe sem necessidade e adote a mamadeira.
4 -
Qual o jeito certo de segurá-lo?
É normal: carregar um recém-nascido dá aflição. Até mesmo
para a mãe. Afinal, segurar no colo alguém tão pequenino e flexível requer
bastante cuidado – mas nada que você não tire de letra nos primeiros dias. Como
a musculatura do pescoço é pouco desenvolvida, é preciso apoiar bem a cabeça e
as costas do bebê. A melhor maneira de fazer isso é encaixar a cabeça na dobra
do cotovelo e as costas no antebraço. Importante: nunca faça movimentos bruscos
e preste atenção para não pressionar demais, ou bater, a parte superior da
cabeça da criança, também chamada moleira, já que os ossos do crânio ainda não
estão totalmente formados.
5 -
Qual o melhor horário para dar o banho?
Não existe regra. Em geral, as mães preferem dar à noite
para acalmar a criança antes do sono, além de contar com a ajuda do marido. Mas
o critério é pessoal. Pode ser em qualquer horário. O mais importante é
verificar a temperatura da água com a parte sensível do seu braço, ou com o
punho. Se estiver morna, coloque o bebê ali sem receio. Não há necessidade de
termômetro. Mas, caso queira usá-lo, veja se marca algo entre 36 e 37 ºC. Ao
entrar na água, ele chora? Não se culpe por isso. É normal esse tipo de coisa
acontecer. Os pequenos se assustam nessa hora por insegurança. Para contornar a
situação, enrole-o em uma fralda de pano em posição fetal. Isso lhe trará o
conforto e a segurança de que tanto necessita. Depois, vá soltando a criança ao
poucos, até ela se acostumar.
6 - Em
que posição devo colocá-lo para dormir?
Para que fique bem claro: de barriga para cima, e sem
neura. Os estudos mais recentes mostram isso. Fique tranquila se o leite
voltar. Seu pequeno terá reflexos para se defender. A Pastoral da Criança vem
liderando uma campanha no sentido de informar a população sobre a importância
de colocar os bebês para dormirem de barriga para cima – o que contraria uma
antiga crença popular, mas pode evitar a morte súbita, considerada a maior
causa de mortes entre bebês de 1
a 12 meses nos países desenvolvidos. Com o apoio do
Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Pediatria, Unicef, Criança
Esperança e outros organismos internacionais, a campanha é baseada em estudos
brasileiros. Segundo Cesar Victora, doutor em Epidemiologia pela London School
of Hygiene and Tropical Medicine, pesquisador da UFPel e coordenador do Comitê
de Mortalidade Infantil da cidade de Pelotas-RS, há formas de reduzir o risco
de morte súbita em bebês e uma delas é deixá-los dormindo de barriga para cima.
No entanto, isso ainda é pouco usado pelas mães brasileiras; dados do
acompanhamento dos bebês nascidos em 2004, em Pelotas, revelam que somente 21%
das crianças aos 3 meses de idade dormem de barriga para cima. Segundo o
pesquisador, a informação de que ao dormir de barriga para cima o bebê vai
aspirar o vômito e se afogar não passa de uma crença popular incorreta. Ao
deitar de lado ou com a barriga para baixo o bebê respira um ar viciado, ou
seja, o ar que ele próprio expira e os riscos de dormir de barriga para baixo
são semelhantes a dormir de lado, já que essa posição é instável e muitos bebês
rolam e ficam de barriga para baixo. Se uma criança está deitada de barriga
para cima e se afoga, sua tendência, por instinto, é tossir e com isso chamar a
atenção dos pais. No caso da morte súbita, essa reação não acontece e a morte
se dá de forma “silenciosa”. Cesar Victora é enfático em responder a quem usa o
argumento de que a criança, dormindo de barriga para cima, pode vomitar e se
afogar com o vômito: “é melhor engasgar do que morrer”.
As evidências científicas são irrefutáveis e as academias
de pediatria dos EUA e Inglaterra, por exemplo, já recomendam fortemente deitar
o bebê de barriga para cima: “os países que promovem deitar o bebê de barriga
para cima reduziram as mortes súbitas em 50%”. Ainda assim, é muito importante
só deitá-lo depois de arrotar. Se a criança regurgita demais, é possível usar
suportes triangulares para mantê-la deitada de lado, sempre com travesseiro do
tipo anti-sufocamento. Em caso de refluxo, além do acompanhamento médico,
procure inclinar a base do berço o máximo que der. Só não passe dos 45 graus.
7 - É
normal fazer cocô muitas vezes num único dia?
No começo, o bebê evacua a cada mamada. Como ele só se
alimenta de leite, é absolutamente normal que as fezes sejam pastosas. Em
alguns casos, podem até ser líquidas com gruminhos. Por isso, não precisa se
preocupar: ele não está com diarréia. A cor também é bastante característica:
amarelo-ouro.
8 -
Tudo bem se ele ficar muitos dias sem fazer cocô?
O recém-nascido pode ficar até dois dias sem evacuar. Isso
não é comum, principalmente em crianças que mamam no peito, mas pode acontecer.
Uma dica é estimular o ânus do bebê com uma gaze enrolada no dedo. Em geral, só
de tocar superficialmente a região, o pequeno já consegue fazer cocô. Se o
problema persistir, procure um pediatra.
9 - O
bebê precisa arrotar toda vez que mama?
Ele não precisa necessariamente arrotar, mas o ritual do
colo é fundamental e tem de ser repetido depois de cada mamada. Deixe a criança
em posição vertical deitada de barriga sobre seu tórax e dê tapinhas muito
sutis nas costas. Ela deve arrotar logo. Agora, se não ouvir a eructação (sim,
esse é o nome) após 15 minutos, pode deitá-la sem medo. O arroto é importante
porque o bebê engole ar enquanto suga o leite e precisa colocá-lo para fora.
Caso contrário, vai ficar incomodado e até regurgitar.
10 -
Posso sair pra passear com ele?
Sim, desde que siga algumas regras básicas. A primeira
delas, muitas vezes esquecida, é colocar a criança sempre na cadeirinha própria
para transporte em automóveis. Outra: fuja de locais fechados e aglomerações,
mesmo que seja na casa dos avôs. Um simples resfriado pode ter consequências
mais sérias em um recém-nascido. O frio e o vento também podem ser bastante
nocivos para o bebê. Procure agasalhar principalmente a cabeça dele. Mas sem
exageros. Calor demais faz mal.
11 -
Será que ele está com frio? Devo caprichar nos agasalhos?
O excesso de roupa pode causar até febre ou desidratação
no bebê. Fique atenta a isso. A sensação de frio do recém-nascido não é muita
diferente da sua. Enrolá-lo em duas cobertas numa tarde quente de primavera
seria uma decisão errada. Se a temperatura for de 30 °C , pode deixá-lo com uma
camiseta de manga curta e tecido fino.
12 - As
visitas podem carregar o bebê?
Podem, mas nada de beijo. Exija também que todos lavem as
mãos. E gente espirrando nem deve passar perto do pequeno – o melhor é aparecer
outro dia. É que nessa fase as defesas das crianças, principalmente contra os
famigerados vírus, ainda estão em desenvolvimento. Outra coisa importante: não
permita tumultos em casa ou a peregrinação de colos. Tanto você como o bebê
precisam de tranquilidade. Aliás, as visitas devem permanecer na sala e não no
quarto do bebê. Se alguém insistir em vê-lo dormindo no berço, permita apenas
uma pessoa por vez. A presença de muitas pessoas pode estressá-lo.
13 - Preciso
acordá-lo de três em três horas para mamar?
Quem decide a hora de mamar é a criança. Dê o peito a ela
sempre que quiser. Em geral, isso deve acontecer sete ou oito vezes ao dia, o
que significa uma mamada a cada três horas. Mas podem ser dez ou seis, e tudo
bem! Não existe regra. Agora, se você tem um filhote muito dorminhoco, uma dica
é aproveitar as trocas de fralda, que devem acontecer a cada quatro horas no
máximo, para oferecer o peito.
14 - Será
que ele tem refluxo?
O refluxo é a exceção, e não a regra. Ele só se
caracteriza quando a criança perde peso mesmo mamando. Daí a importância do
acompanhamento médico. Mas a regurgitação é normal. É um fenômeno que acontece
por causa da imaturidade da válvula que controla a passagem do leite no
esôfago. Ou, então, porque o bebê mamou mais leite do que seu estômago
comporta. Seja como for, não se desespere cada vez que o líquido voltar.
Procure apenas fazê-lo arrotar após as mamadas e, se ele é desses que expelem
golfadas em forma de jatos, procure inclinar a base do berço.
15 - E
se meu leite for fraco?
Não existe leite fraco ou forte. A mãe produz todos os
nutrientes necessários para seu filho. O que acontece é que a composição do
líquido varia. Assim, as quantidades de proteínas e gorduras mudam de uma
mamada para outra ou até durante uma mesma mamada. Por isso, é fundamental que
o pequeno esvazie os dois peitos por completo – e que você esteja a postos para
oferecê-los sempre que ele quiser. Além de ter a certeza de que a criança está
bem nutrida, isso vai ajudar você a voltar à forma mais rapidamente. É que o
hormônio responsável pela reposição de leite é o mesmo que estimula a contração
do abdômen.
16 - O
que faço para o bebê conseguir mamar?
Amamentar é uma tarefa que exige orientação. Não ache que
você vai conseguir dar o peito com facilidade para seu primeiro filho sem
receber alguma instrução. Nessa hora, avós, enfermeiras e até médicos se tornam
tutores. No passado, a mulher recebia todas as referências em casa. Hoje em
dia, as famílias estão mais dispersas e menos participantes. Por isso, fique
alerta. Existem técnicas para tornar os mamilos mais propensos à amamentação,
inclusive para evitar rachaduras. Agora, se o bebê demorar para pegar o peito e
começar a chorar, não se desespere. E, principalmente, não desista do
aleitamento. Vale a pena ter paciência e insistir.
17 -
Posso mexer no umbigo do meu filho?
Não só pode como deve. Ignore qualquer um que fale o
contrário. Com o tempo, essa cartilagem vai secar e cair. Mas é preciso
limpá-la para evitar contaminações. E isso não causa dor na criança. Portanto,
faça o curativo sempre, de preferência após o banho. Sair sangue também é
comum, não se preocupe. Use cotonete com álcool 70%, contornando o umbigo com
delicadeza e sempre em um único sentido – no sentido horário, por exemplo. Ele
vai cair entre sete e 14 dias.
18 -
Posso comer qualquer coisa ao amamentar?
O ideal é seguir uma dieta saudável, rica em frutas,
legumes, verduras e grãos integrais. Água também é muito importante. Procure
beber de 1 litro
e meio a 2 litros
além do que você já consome – tenha sempre uma garrafinha por perto e tome
mesmo sem ter vontade. A água é essencial para a formação do leite. Temperos
mais fortes, como alho e pimenta, são contra indicados. Eles alteram o gosto do
leite e isso pode ter reflexos na amamentação. Chocolate, café, erva-mate e
outros alimentos do gênero também devem ser evitados. A cafeína agita a criança
e atrapalha o sono. Por fim, evite exagerar no leite de vaca, que pode induzir
a uma intolerância da criança à proteína desse alimento.
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