Da esq., secretário Jarbas Barbosa, ministro Alexandre
Padilha e ex-jogador Cafu
participam do lançamento oficial da
campanha nacional contra a
dengue de 2013/2014
Ministério lançou
nesta terça-feira (19) campanha nacional contra a doença. País notificou
mais de 1,4 milhão de suspeitas em 2013, maioria no Sudeste
O Brasil tem 157 municípios em situação de risco de dengue
e outros 525 em alerta, a maioria na Região Nordeste, informou o secretário de
vigilância em saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, nesta terça-feira
(19), em Brasília, durante o lançamento da campanha nacional contra a dengue,
intitulada "Não dê tempo para a dengue" e encabeçada pelo ex-jogador
de futebol e ex-capitão da seleção brasileira Cafu.
As cidades consideradas em risco, ou com sinal vermelho,
são aquelas onde foram encontrados focos de dengue em mais de 4% das
residências visitadas. Já os municípios em alerta ou sinal amarelo são aqueles
em que houve foco em 1% a 3,9% dos domicílios.
Esses dados fazem parte do Levantamento Rápido de Índice
para Aedes aegypti (LIRAa), que mediu o nível de infestação pelo mosquito em
1.300 cidades brasileiras. Ao todo, foram encontrados focos de dengue em duas a
cada cem casas pesquisas para o levantamento, revelou Barbosa.
Em 2013, o país notificou mais de 1,4 milhão de casos
suspeitos, um aumento de 54,6% em relação a 2010. No ano passado, entre janeiro
e novembro, foram registrados 500 mil casos de dengue, e o governo atribui essa
elevação à transição dos governos municipais, que teria dificultado os
trabalhos dos agentes de saúde, e à entrada do sorotipo 4, ao qual grande parte
da população ainda está bastante suscetível.
O Sudeste foi a região com o maior número de notificações
da doença em 2013, responsável por 63,4% do total, seguido do Centro-Oeste, com
18,4%, apontou Barbosa.
Já as internações por dengue sofreram uma redução de 30%
em relação a 2010, segundo o secretário. O grande objetivo do Ministério da
Saúde para a próxima temporada, que vai de janeiro a maio de 2014, é diminuir a
quantidade de óbitos e de casos graves – estes tiveram um aumento de 61% em
2013.
Segundo Barbosa, o Brasil já tem um dos menores índices de
mortalidade por dengue das Américas – 0,03 óbito para cada cem notificações –,
e com melhorias na assistência o país conseguiu evitar 394 mortes pela doença
este ano.
Investimento de R$ 363 milhões
Para manter a atenção voltada sobre a dengue neste verão,
o governo destinará mais de R$ 363 milhões a ações de vigilância, prevenção e
controle. Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, alguns estados (como
Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás) têm capacidade para diminuir
ainda mais os óbitos e casos graves.
"Já conseguimos uma forte redução, mas esse número
ainda não nos deixa satisfeitos. Observamos uma evolução muito rápida da dengue
em pacientes idosos. Por isso, precisamos agir com mais cuidado. Profissionais
estão sendo treinados para identificar sinais de alerta, fazer a prova do laço",
disse Padilha.
De acordo com o ministro, muitas vezes os pacientes
procuram um posto de saúde, mas não recebem acompanhamento durante a evolução
do quadro. Quando acabam voltando à unidade, já estão em uma situação bem mais
grave.
"Os médicos do Mais Médicos vão reforçar os cuidados
da atenção básica nos bairros da periferia. Cerca de 80% deles vêm de países
com experiência muito consolidada em cuidados com a dengue.
Cuba, por exemplo, teve uma das menores letalidades quando
enfrentou epidemias. Essa é uma das vantagens para as nossas equipes",
destacou Padilha.
Segundo ele, os integrantes do programa participarão de
uma videoconferência nesta quinta-feira (21) para obter mais informações sobre
a campanha.
Sobre a presença de Cafu nos vídeos e no lançamento da
ação, o ministro disse que o jogador tem a imagem de um líder que consegue
mobilizar um time quando está em baixa e chamar a atenção.
"São lideranças como essa que precisamos em cada
bairro, em cada comunidade do nosso país. Os municípios precisam de agentes de
saúde assim para combater a dengue", afirmou Padilha.
Água x lixo
Há diferentes meios de proliferação para o mosquito da
dengue, o Aedes aegypti, e eles variam de região para região. No Sudeste, por
exemplo, 37,5% dos depósitos estavam em água armazenada em recipientes e 36,4%,
no lixo. A maioria desses criadouros foram encontrados em domicílios, em pratos
de plantas, caixas d'águas e outros locais.
Já no Centro-Oeste, o lixo é responsável pela maior parte
dos depósitos do mosquito. Segundo o ministro Padilha, um ovo do Aedes aegypti
é capaz de sobreviver até 300 dias em um recipiente seco, à espera de água.
"É por isso que pequenos detalhes em casa até grandes
ações, como coleta de lixo e cata-bagulho, são fundamentais para enfrentar a
dengue", ressaltou o ministro.
Para Padilha, o "campeonato" contra a dengue
precisa começar antes que os casos apareçam, o que tem sido feito pelo
ministério desde 2011, na tentativa de mobilizar os estados e municípios.
"O LIRA é um guia importante de prevenção de risco, e
serve para alertar os prefeitos sobre as ações de combate à dengue", disse
Padilha.
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