Classificações de diagnóstico e intervenção de enfermagem:
NANDA-NIC
Classification
of Nursing Diagnoses and Interventions: NANDA and NIC
Clasificaciones de diagnóstico e intervención de
enfermería: NANDA-NIC
INTRODUÇÃO
A ideia em trazer a temática Classificações em Enfermagem,
neste evento tem como pressupostos básicos, o estado da arte e da ciência
Enfermagem manifestados na construção destas classificações e sua necessidade
num mundo globalizado, onde a saúde das pessoas tem sido tratada por equipes
multiprofissionais em ambientes desde os mais sofisticados, dotados da mais
alta tecnologia àqueles onde o cuidado se faz no seio das famílias e das comunidades,
muitas vezes carentes, como é a realidade brasileira, atendidas pelo Sistema
Único de Saúde (SUS).
Não importa o ambiente onde o cuidado se dá, analisar a
sua eficácia, efetividade e eficiência, possibilitará a tomada de decisões
locais, nacionais e internacionais, a respeito da saúde da população e da sua
qualidade de vida.
A Enfermagem, por meio dos seus profissionais, pratica os
seus cuidados apoiada num referencial metodológico denominado processo de
enfermagem que, por sua vez, apóia-se no modelo científico.
Este método-ferramenta auxilia a enfermeira a sistematizar
as suas ações por meio de etapas que vão sendo operacionalizadas, na maioria
das vezes, concomitantemente e conferindo-lhe, portanto, flexibilidade.
Organizar e sistematizar ações são inerentes ao ser humano
para que metas/resultados possam ser alcançados. Este método, se desprovido de referenciais teóricos, não
possibilita a constatação de fenômenos observados pelas enfermeiras na sua
prática cotidiana (diagnósticos) e dos resultados (resultados) das suas ações
(intervenções).
A evolução da ciência Enfermagem deu-se, inicialmente, com
o desenvolvimento de inúmeros modelos teóricos e teorias transpostos às
classificações de diagnósticos, intervenções e resultados.
Existem três gerações do processo de enfermagem(1).
CLASSIFICAÇÕES DE
DIAGNÓSTICO E DE INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
Caracteriza-se a primeira geração do processo de
enfermagem (PE) àquela onde o raciocínio clínico dar-se-á pela identificação de
problemas que deverão ser solucionados à luz dos referenciais teóricos que
possibilitaram a sua identificação e que apoiarão as ações de enfermagem para
solucioná-los.
A segunda geração do PE está atrelada ao uso de
Classificações de Diagnósticos, onde o raciocínio clínico faz-se pela
formulação de hipóteses diagnósticas, que serão afirmadas ou refutadas se as
metas/objetivos declarados forem, ou não, alcançados. A utilização de
Classificações de Intervenções pode, ou não, ser adotada nesta geração.
Na terceira geração do PE, as três classificações
necessariamente são utilizadas: Diagnósticos, Resultados e Intervenções. O
raciocínio clínico baseia-se na avaliação de um resultado inicial, advindo do
estabelecimento de indicadores de resultados para o suposto diagnóstico
identificado e o seu progresso ou ausência de progresso é julgado após as
intervenções realizadas.
Deste modo, conhecer as classificações, utilizá-las,
pesquisá-las e divulgá-las torna-se imperioso no mundo globalizado, onde
evidências científicas ditam condutas aos profissionais da área da saúde.
Classificações de Diagnósticos, Intervenções e Resultados
têm sido construídas em diferentes países desde a década de 1970 e vêm se
modificando e aperfeiçoando por meio de pesquisas.
A primeira conferência norte-americana para discussão dos
diagnósticos de enfermagem foi realizada em 1973 na St. Louis University(2). As
conferências continuaram a serem realizadas, quando em 1980 foram gerados,
refinados e classificados os termos diagnósticos. Em decorrência deste
processo, em 1982, foi criada a North American Nursing Diagnosis Association
(NANDA)(3). A NANDA, até 2000, classificava os diagnósticos de enfermagem de
acordo com a Taxonomia I, que era estruturada por nove categorias a partir do
modelo conceitual dos Padrões de Respostas Humanas (trocar, comunicar,
relacionar, valorizar, escolher, mover, perceber, conhecer, sentir)(4-5).
Após a conferência bianual, em abril de 1994, o Comitê da
Taxonomia se reuniu para agregar à estrutura, os diagnósticos recém-submetidos
para análise. Foi percebido, no entanto, diversas dificuldades para categorizar
alguns desses diagnósticos e, desta forma, o Comitê sentiu a necessidade de uma
nova estrutura taxonômica(4-5).
Após vários estudos e tentativas de separação em classes,
o Comitê de Taxonomias apresentou, em 1998, quatro estruturas teóricas
diferentes: a estrutura 1, baseava-se no estilo natural; a 2, usou as idéias de
Jenny; a 3, empregou as classificações dos resultados de enfermagem e a 4, fez
uso dos Padrões Funcionais de Gordon. Contudo, nenhuma delas satisfez
completamente, embora a de Gordon tenha sido a que melhor se adaptou. Com sua
permissão, o Comitê de Taxonomia modificou esta estrutura para criar a
estrutura 5(4-5).
A partir desta estrutura, foram feitas novas modificações
acrescentando-se alguns domínios e renomeando outros.
Por fim, em 2000 foi definida a Taxonomia II, contendo 13
domínios, 106 classes e 155 diagnósticos. E desde então, a Taxonomia II da
NANDA vem sendo aperfeiçoada, com a inclusão de novos diagnósticos(4-5).
Na última edição da NANDA(4), os diagnósticos de
enfermagem e o material de apoio aprovados pelo Comitê, foram submetidos à
votação dos associados, no site da NANDA e após a aprovação pelos associados,
os diagnósticos de enfermagem foram colocados na Taxonomia II da
NANDA-International. Foi a primeira vez em que foi usado esse método de a renovação
para expansão e revisão contínua da Taxonomia II. Esta edição é composta por 13
domínios, 47 classes e 201 diagnósticos(4), como mostra a Figura 1.
Esta terminologia está incluída no Unified Medical
Language System (UMLS) e reconhecida pela NANDA. Foi registrada no Health Level
Seven (HL7), modificada para ser compatível com as normas ISO e incluída no
Systematized Nomenclature of Human and Veterinary Medicine (SNOMED-CT) e está
disponível em 12 línguas(6).
No Brasil, a NANDA foi apresentada às enfermeiras
brasileiras numa publicação em português em 1990 pelas enfermeiras da
Universidade Federal da Paraíba, lideradas pela Drª. Marga Coler e lançada no
1º Simpósio Nacional de Diagnósticos de Enfermagem(7). As versões oficiais da
NANDA, da Nursing Interventions Classification (NIC) e da Nursing Outcomes
Classification (NOC) foram apresentadas às enfermeiras brasileiras em
publicações na língua portuguesa respectivamente em 2000, 2002, 2003, 2006 e
2008. Estamos procedendo à supervisão da tradução da última edição (2009-2011).
Os termos destas classificações devem ser cuidadosamente
traduzidos, pois os mesmos compõem conceitos que refletem fenômenos da prática
exigindo, portanto, uma equipe que utiliza e pesquisa tais fenômenos.
No Brasil, existem núcleos de pesquisadores em diferentes
regiões que divulgam os seus achados em eventos nacionais específicos
(SINADEN-ABEn) e internacionais (NANDA Internacional, NIC/NOC); acendio ou em demais
eventos científicos da área.
O termo diagnóstico de enfermagem é definido pela NANDA
como “um julgamento clínico sobre a resposta de um indivíduo, uma família ou
uma comunidade com relação a problemas de saúde reais ou potenciais/ processos
de vida que fornecem a base para uma terapia definitiva que busca alcançar
resultados nos quais a enfermagem é necessária”(4).
A NIC, por sua vez, foi construída por pesquisadores da
Universidade de Iowa, tendo sido lançada em 1992 e está na sua quinta edição. A
primeira edição apresentou 336 intervenções e a quarta 514 com mais de 12.000
ações/atividades. Atualmente, possui sete domínios e 30 classes, como mostra a
Figura 2. Desde a terceira edição, as intervenções essenciais das áreas de
especialidade, têm sido apresentadas num total de 43 especialidades. O tempo
para execução destas intervenções, bem como, seus níveis de formação para
administração, de forma segura, também está descrito(8).
Segundo a NIC, a intervenção de enfermagem é “qualquer
tratamento baseado no julgamento e no conhecimento clínico realizado por um
enfermeiro para melhorar os resultados do paciente/cliente”(8). As intervenções
NIC estão relacionadas aos diagnósticos de enfermagem da NANDA, aos problemas
do sistema Omaha e aos resultados da classificação de resultados da NOC; aos
protocolos para avaliação de residentes usados em instituição de cuidados de
enfermagem especiais; e ao conjunto de informações para resultados e avaliações
(OASIS), atualmente obrigatório no caso de pacientes com cobertura medicare e
medicaid, que recebem cuidados domiciliares(8).
A pesquisa para elaboração da NIC teve início em 1987 em
várias etapas e diversos métodos de pesquisa foram utilizados na sua
construção. A primeira etapa de construção utilizou o método indutivo. Análise
de conteúdo, revisão com grupos focais e questionários a especialistas foram
utilizados.
Na fase II utilizou-se o método dedutivo: análise de
similaridade, agrupamento hierárquico e escalonamento multidimensional. Estudos
de validação também foram realizados. Os testes clínicos de campo evidenciaram
a necessidade de ligação NANDA, NIC e NOC(8).
Domínios e Classes da Taxonomia II da NANDA
A NANDA International desenvolveu uma terminologia comum
NANDA-NIC-NOC (NNN), para relacionar diagnósticos, intervenções e
resultados(2). Foi desenvolvida através da aliança NNN, da NANDA International,
da NIC e da NOC.
Ressalta-se que estas classificações também compõem os
termos que constituem a Classificação Internacional para a Prática de
Enfermagem (CIPE). Esta Classificação foi organizada por iniciativa do Conselho
Internacional de Enfermeiras (CIE) e definida como uma classificação de
fenômenos, ações e resultados de enfermagem. Suas versões foram realizadas por
enfermeiras pesquisadoras que compuseram um grupo nomeado pelo Internacional
Council of Nurses (ICN)(9-10).
Vários são os estudos que contribuem para a evolução
destas classificações, dentre eles, os de validação de conteúdo e clínico(11-12),
validação por consenso, estudos sobre a exatidão dos diagnósticos de
enfermagem(11), estudos de análises de conceito(13), mapeamento cruzado de
termos(14-15), adequação transcultural(16-17) e os exploratórios.
A realização de estudos e a utilização das classificações
no cotidiano, além de possibilitar a constatação das ações de enfermagem dando,
portanto, visibilidade à profissão, conferirá a cientificidade tão almejada e
necessária às profissões. E, desta forma, sua utilização no ensino, na assistência
e na pesquisa continua sendo um compromisso assumido pelas enfermeiras,
refletindo a qualidade e a responsabilidade profissional.
Domínios e Classes da Taxonomia de Intervenções de
Enfermagem
REFERÊNCIAS
1. Pesut
DJ, Herman J. Clinical reasoning: the art and science of critical and creative
thinking. Albany , NY : Delmar Publishers;
1999.
2.
Dochterman C, Jones DA, editors. Unifying nursing languages: the harmonization
of NANDA, NIC and NOC. Washington (DC): American Nurses Association; 2003. 133p.
3. North
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2005-2006. Porto Alegre: Artmed; 2006.
4. North
American Nursing Diagnosis Association. Nursing Diagnoses: definitions &
classification, 2009-2011. Oxford : Wiley-Blackwell;
2008.
5. Braga CG, Cruz DALM. A Taxonomia II proposta pela North
American Nursing Diagnosis Association (NANDA). Rev Latinoam Enferm. 2003;11(2):240-4.
6. Craft-Rosemberg M. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA.
Porto Alegre: Artmed; 2005-2006.
7. Farias JN, Nóbrega MML, Perez VLAB, Coler MS.
Diagnóstico de enfermagem: uma abordagem conceitual e prática. João Pessoa: Ccs/UFPb; 1990.
8. Dochterman JM, Bulechek GM. Classificação das intervenções
de enfermagem (NIC). 4a. ed. Porto Alegre: Artmed; 2008.
9. Conselho Internacional de Enfermagem. Classificação
internacional para a prática de enfermagem: versão Beta 2. São Paulo: UNIFESP; 2003. 302p.
10. Conselho Internacional de Enfermagem. CIPE Versão 1.0.
Classificação internacional para a prática de enfermagem. São Paulo: Algol; 2007. 203p.
11. Lunney
M. Nursing Diagnosis Research. In: North American Nursing Diagnosis
Association. Nursing diagnoses: definitions & classification. 2009-2001. Oxford : WileyBlackwell; 2008. p.
32-6.
12.
Fehring RJ. Methods to validate nursing diagnoses. Heart Lung. 1987;16(6 Pt 1):625-9.
13. Walker
LO, Avant KC. Concept development. In: Walker
LO, Avant KC. Strategies for theory construction in nursing. 3rd ed. Norwalk , CT :
Appleton &Lange; c1995.
14. Lucena AF, Barros ALBL. Mapeamento cruzado: uma
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15.
Moorhead S, Delaney C. Mapping nursing intervention data into the Nursing
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1997;8(4):137-44.
16.
Brislin RW. Back-translation for cross-cultural research. J Cross Cult Psychol.
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Flaherty JA, Gaviria FM, Pathak D, Mitchell T, Wintrob R, Richman JA, Birz S.
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Dis. 1988;176(5):257-63.
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