8.
Medidas Preventivas Relacionadas com a Redução das Vulnerabilidades Sociais aos
Narcotraficantes
a.
Importância da Preparação
No
entendimento do Sistema Responsável pelo Combate do Narcotráfico, compete:
- às
forças policiais a luta sem trégua contra as ameaças representadas pelos
narcotraficantes e pelo crime organizado;
- aos
demais órgãos do SINDEC a articulação de medidas que tenham por objetivo
reduzir as vulnerabilidades sociais à ação dos narcotraficantes.
O
objetivo fundamental do engajamento dos órgãos setoriais do SINDEC é fortalecer
o núcleo familiar e garantir o pleno desenvolvimento biopsicológico e
sociocultural dos indivíduos pertencentes
aos estratos sociais mais vulneráveis à ação dos narcotraficantes e que são
constituídos por menores desassistidos, adolescentes e adultos jovens.
A saúde
física e mental e o bem-estar social dos grupos ameaçados devem ser preservados
a qualquer custo.
Para
tanto, é indispensável que todos os profissionais das áreas biomédica,
psicológica e pedagógica sejam preparados, durante seus cursos de formação,
para enfrentar o problema, com conhecimento de causa.
É
imperativo que os diagnósticos relacionados com o envolvimento de drogas sejam
suspeitados e confirmados, com o máximo de prioridade e o mais precocemente
possível. Da mesma forma, é necessário que os profissionais destas áreas
estejam preparados para encaminhar o problema e para apoiar adequadamente os
dependentes de drogas e seus familiares.
Evidentemente,
os projetos educativos e de mudança cultural são de capital importância para
reduzir as vulnerabilidades sociais ao narcotráfico.
b.
Referencial Filosófico
Os
modernos estudos da física estão permitindo que se conclua que o universo é
harmonioso e que a escala de harmonias, que caracteriza o arranjo das
partículas subatômicas no microcosmos, repete-se no arranjo das moléculas nos
corpos físicos e dos astros no sistema solar e das estrelas nas galáxias,
continuando-se no macrocosmos.
Nesta
condição, a criação do universo caracteriza-se pela estruturação das harmonias,
que ordenaram o universo físico e extinguiram o caos. A conclusão científica
lógica é que o Criador do Universo é um ordenador do caos e um criador de
harmonias, que perpassam tudo o que tem existência física e se faz onipresente
em todo o universo conhecido.
Em
conseqüência, as palavras de ordem e o referencial filosófico do projeto de
mudança cultural têm fundamentação científica e religiosa, quando afirmam
categoricamente:
- Filho,
tu não tens um corpo, tu és um corpo harmonioso coabitado pelo Criador.
Respeita
tua catedral, mobiliza-te contra o caos e diga não:
- às
drogas, ao tabagismo e ao alcoolismo;
- aos
comportamentos promíscuos;
- à
violência e aos comportamentos que possam representar riscos para ti e para os
teus semelhantes;
- à
violência e à marginalização social;
- às
doenças sexualmente transmissíveis e, em especial, à SIDA/AIDS.
Tu és
único no Universo e diferente dos demais 6 (seis) bilhões de habitantes da
Terra. Preserva tua individualidade e reaja contra processo de massificação.
Não te filies a “gangues” e não permitas que pseudolideranças de grupo decidam
por ti e te induzam a comportamentos anti-sociais e violentos. Imuniza-te
contra técnicas de “patrulhamento ideológico” e contra os modismos
anti-sociais.
“Seja
moderno, descubra a outra metade da tua laranja e faça um pacto de fidelidade
total e absoluto e constitua uma família sólida”.
c.
Desenvolvimento dos Projetos Educativos
Os
projetos de promoção da saúde física e mental dos adolescentes e demais
estratos sociais vulneráveis às drogas interagem com os projetos de:
- educação
dos futuros pais;
- fortalecimento
da paternidade responsável;
- planejamento
familiar;
- harmonização
de casais e fortalecimento do núcleo familiar.
É
importante que, na implementação do processo educativo, se procure estabelecer
competências para:
- os
pais e as famílias;
- os
professores e a escola;
- os
Núcleos Comunitários de Defesa Civil;
- as
empresas empregadoras.
1)
Compete aos Pais e às Famílias:
- fortalecer
os vínculos familiares, incentivando um clima de afetividade, confiança,
companheirismo, sinceridade e responsabilidade. É importante caracterizar que o
núcleo familiar é a unidade celular do tecido social;
- manter
um ambiente familiar harmonioso, onde os filhos se sintam amados, protegidos e
respeitados. Esta preocupação é de capital importância para gerar
personalidades sólidas e seguras e, conseqüentemente, pouco suscetíveis a
influências espúrias;
- satisfazer
todas as necessidades afetivas dos filhos e dar freqüentes demonstrações de
amor, carinho e confiança. Os filhos devem sentir-se protegidos pelo núcleo
familiar e crescer na certeza de que são muito amados e importantes;
- dedicar
aos filhos os seus momentos de lazer e manter com os mesmos laços de
companheirismo e um clima de diálogo franco e amistoso. Pais companheiros e
preocupados em educar pelo exemplo não perdem seus filhos para os
narcotraficantes;
- informar
e debater com os filhos sobre os efeitos perniciosos e os danos causados pelas
drogas, desde a mais tenra idade, buscando formar uma atitude convicta contra o
uso das drogas. É importante buscar formar personalidades firmes e imunes à
tentação das drogas;
- despertar,
desde cedo, o entusiasmo dos filhos para atividades desportivas, atléticas,
culturais e artísticas. A máxima “alma sã em corpo são” (mens sana in corpore
sano) aplica-se integralmente à prevenção das drogas;
- educar
pelo exemplo, evitar excessos de autoritarismo, exercer o pátrio poder com
moderação, dialogar, fortalecer os laços de companheirismo e mútua confiança e,
sobretudo, respeitar os adolescentes e não tratá-los como criança é de capital
importância para atravessar a crise da adolescência e bloquear a ação dos
traficantes;
- entender
que, na crise da adolescência, se intensifica o chamado “conflito das gerações”
e os jovens se sentem fragilizados e vulneráveis às influências externas.
É
nesta fase que o clima de companheirismo, compreensão e diálogo contribuem para
solidificar a coesão familiar e para se contrapor a máximas como:
- “não
se deve confiar em ninguém com mais de 25 anos”;
- respeitar
os valores e os sentimentos dos adolescentes e entender que os mesmos estão
passando por uma fase de auto-afirmação e de ruptura com os ícones familiares e
que estão buscando novos caminhos, na ânsia de forjar uma personalidade adulta;
- entender
que, até o momento em que o adulto-jovem firmou a sua personalidade e passou a
se auto-referenciar como uma pessoa adulta e em harmonia com o seu ambiente
social, ocorrerão momentos de instabilidade e de contestação;
- saber
que todos os jovens em contatos sociais com seus amigos, nos colégios, nos
clubes e nas rodinhas de amigos serão convidados a experimentar drogas,
cigarros e bebidas alcoólicas. É neste instante que os jovens bem informados e
convictos fortalecerão suas posições de recusa e se sentirão orgulhosos de
demonstrarem suas convicções independentes;
- procurar
conhecer os amigos de seus filhos e seus pais e buscar ocasiões de diálogo com
os mesmos e debater problemas relacionados com a formação de suas
personalidades e com a imunização contra as drogas.
2)
Compete aos Professores e às Escolas
- interagir
com as famílias e assumir a responsabilidade de educar, informar e formar bons
cidadãos imunizados contra as drogas e adeptos convictos da importância da
valorização da vida e da promoção da saúde, do solidarismo e da não-violência;
- aproveitar
a reunião de pais e mestres para debater o problema das drogas e promover um
maior envolvimento dos pais com os problemas da escola e dos filhos;
- incentivar
todo o corpo docente a se preparar para participar ativamente das campanhas
relacionadas com a valorização da vida e com a prevenção e o combate ao uso de
drogas, mediante cursos de especialização sobre o assunto;
- inserir
nos currículos escolares conteúdos relacionados com a valorização da vida, a
promoção da saúde e a prevenção de acidentes, primeiros socorros, prevenção e
combate às drogas, ao alcoolismo e ao fumo, desde a pré-escola, os quais devem
ser progressivamente aprofundados, em todos os níveis de ensino;
- desenvolver
entre os alunos o senso de responsabilidade e o máximo de capacidade crítica
diante das questões relacionadas com a indução à violência e ao tráfico de
drogas e motivá-los para que tomem decisões corretas relativas ao problema;
- promover
estudos e seminários relacionados com as drogas e sobre seus efeitos maléficos
e danos físicos causados pelo seu uso e também sobre os mecanismos de conquista
de novos usuários utilizados pelos traficantes e pelos grupos contagiados. O
assunto deve ser debatido com os alunos e com seus pais;
- procurar
conhecer os problemas psicológicos, familiares e sociais, que estejam afetando
os alunos, encará-los com objetividade, debatê-los com os pais e encontrar
soluções para os mesmos, inclusive mediante aconselhamento;
- incentivar
o surgimento de lideranças positivas e bloquear as possibilidades de que
aqueles que sucumbiram ao consumo de drogas façam prevalecer suas opiniões, por
intermédio de argumentos sólidos e consistentes;
- promover
trabalhos de grupo e incentivar os alunos para que apresentem e debatam suas
vivências, opiniões, dúvidas e questionamentos, conduzindo os debates com o
objetivo de gerar uma “massa crítica de opiniões” relacionada com a valorização
da vida e com a imunização contra o uso de drogas.
Ao
identificar alunos que foram induzidos a consumir drogas, é importante que os
mesmos sejam apoiados no trabalho de reabilitação, com o mínimo de riscos para
a comunidade escolar.
Inicialmente,
é necessário que se diagnostique o grau de dependência e os danos causados
pelas drogas. Numa segunda fase, a história natural da evolução da doença deve
ser levantada e a constelação familiar estudada.
O apoio
médico e psicopedagógico deve ser providenciado, com o objetivo de promover a
desintoxicação e de criar imunidades psicológicas contra os riscos de
reincidência, mediante técnicas de fortalecimento da personalidade e de ruptura
total com o círculo de contaminados pelas drogas. Na fase de desintoxicação, o
aluno deve ser discretamente afastado das atividades escolares.
3)
Atuação dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil - NUDEC
Sem nenhuma
dúvida, quando se pensa no desenvolvimento de Projetos Educativos e de Mudança
Cultural, os NUDEC são os espaços de convivência mais importantes doSINDEC. Por
este motivo, as Coordenações Municipais de Defesa Civil - COMDEC devem
empenhar-se na ativação destes órgãos.
Nos
NUDEC, as equipes técnicas da Defesa Civil encontram-se com as lideranças
comunitárias e com os policiais comunitários, buscando debater e reduzir os
desastres naturais e humanos que afetam aquele grupo social.
Para bem
atuarem nos NUDEC, as equipes técnicas da Defesa Civil e os policiais
comunitários devem empenhar-se em conquistar e manter a confiança e o respeito
das comunidades e para se contraporem às lideranças negativas paralelas,
relacionadas com os narcotraficantes, o crime organizado e os promotores da
violência.
É
importante que a equipe técnica esteja bem preparada para participar de
reuniões, a fim de debater os problemas do interesse da juventude, como:
harmonização de casais, sexualidade, planejamento familiar, paternidade
responsável, educação dos futuros filhos e higiene sexual. Evidentemente, temas
como emancipação sexual, seletividade dos companheiros sexuais, não aceitação
da promiscuidade e do permissivismo, reciprocidade amorosa, riscos de gravidez
precoce e prevenção da SIDA/AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis
deverão ser abordados, com grande naturalidade, pelos educadores.
Nestas
condições, compete aos NUDEC:
- promover
reuniões, cursos e palestras versando sobre assuntos relacionados com o uso de
drogas, com o tabagismo e com o alcoolismo, com a valorização da vida e
promoção da saúde, com os primeiros socorros, com a puericultura e promoção da
saúde física e mental das crianças e com a prevenção de acidentes na infância;
- debater
os problemas relacionados com a comunidade, com a educação dos futuros casais,
para que sejam felizes, harmoniosos e aptos para educar os filhos;
- estimular
atividades esportivas, culturais, artísticas, educativas, promocionais e
piscopedagógicas, buscando envolver toda a comunidade no desenvolvimento das
mesmas;
- promover,
na própria comunidade, a formação de recursos humanos necessários ao seu
desenvolvimento e florescimento, como agentes de saúde, técnicos em recreação,
parteiras, técnico em enfermagem, músicos, monitores e outros;
- incrementar
o crescimento de lideranças naturais positivas e bloquear quaisquer tentativas
de domínio das pessoas pelos narcotraficantes e pelos grupos promotores da
violência;
- procurar
integrar os usuários de droga à vida comunitária, ao invés de rejeitá-los, e
envolvê-los em programas de desintoxicação e de reabilitação.
- debater
a violência e buscar antídotos para reduzir o problema, no âmbito da
comunidade.
O
problema das drogas e de seus reflexos maléficos, em termos de redução da saúde
física e mental, da expectativa de vida e de indução à violência e ao crime,
deve ser estudado com profundidade nas reuniões do NUDEC.
No
entanto, é importante frisar que esses debates só terão condições de serem
desenvolvidos naquelas comunidades que se sentirem protegidas pela ação de
presença das forças policiais.
4)
Prevenção e Combate ao Consumo de Drogas no Ambiente de Trabalho
As
empresas devem ser motivadas para atuarem ativamente na prevenção e no combate
à dependência de drogas e ao alcoolismo. Está comprovado que estes problemas
reduzem a eficiência da força de trabalho, aumentam os índices de acidentes em
serviço e geram prejuízos.
Para
tanto, o pessoal responsável pela administração dos recursos humanos deve ser
adestrado sobre o assunto.
Os
trabalhadores devem ser motivados para participarem de programas de valorização
da vida desenvolvidos pela empresa, com especial atenção para a segurança do
trabalho, para a prevenção e o combate à dependência de drogas, ao alcoolismo e
ao tabagismo, para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, inclusive
a SIDA/AIDS.
As
atividades esportivas, culturais, artísticas, educacionais e de lazer devem ser
incentivadas, no âmbito da comunidade laborativa.
Os
alcoólatras e usuários de drogas, quando identificados, terão uma única
oportunidade de desintoxicação e de reabilitação e, se reincidirem , serão
sumariamente despedidos.
Os
traficantes de drogas identificados serão denunciados à polícia. É evidente que
a força de trabalho é o maior patrimônio das empresas, que têm a obrigação de
preservá-la e valorizá-la. As atividades laborativas, esportivas, culturais e
recreativas facilitam as ações relacionadas com a auto-afirmação e com a recuperação
da auto-estima.
d)
Advertências
No
entanto, todo o trabalho de desintoxicação, de reabilitação e de recuperação
será perdido se, após a alta, a pessoa retornar ao convívio de seu grupo
inicial, que o introduzirá novamente no mundo da droga.
Por este
motivo, é indispensável que os dependentes de drogas sejam identificados e
reabilitados e que os narcotraficantes sejam penalizados e encarcerados.
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