26 maio 2020

MANUAL DE DESASTRES HUMANOS VOLUME II - TERRORISMO INTERNO - CODAR – HS. CTE/CODAR – 22.215 - Generalidades - Terror - Terrorismo - Comentários - Caracterização - Ações violentas - Atentados - Sequestro - Assalto - Sabotagem - Ações relâmpagos - Ocupação - Assaltos B - Ações individuais ou de grupos suicidas - Atentados com cargas incendiárias ou de explosivos - Ataques - Causas - Principais Efeitos Adversos - Monitorização, Alerta e Alarme


TERRORISMO INTERNO

CODAR – HS. CTE/CODAR – 22.215

1. Generalidades

a. Terror

-  De acordo com a mitologia romana, Deus do Medo, Filho de Marte e de Vênus, correspondente a Demus, da mitologia grega.

-  Sentimento violento de medo.

-  Qualidade do que é terrível.

-  Aquilo que inspira pavor, pânico, grande inquietude, angústia, tormento.


b. Terrorismo

-  Violência e crimes praticados sistematicamente, com a finalidade de manter grupos populacionais apavorados e dominados pelo medo.

-  Método de conquista do poder por intermédio do assassinato do governante a ser substituído, mediante um atentado político. Como doutrina política, esta forma de terrorismo foi sistematizada, pela primeira vez, em 1537, na apologia (pequeno tratado de terrorismo político como método de conquista de poder, escrito por Lorenzino de Médici), para justificar o atentado contra o Gran Duque Cosimo de Florença.

-  Regime de violência instituído por governos ditatoriais, para liquidar grupos opositores e se manterem no poder pelo domínio da população, pelo medo e pelo sentimento de cumplicidade de participar dos espetáculos de execução. No segundo período do terror, ocorrido durante a Revolução Francesa, entre 5 de setembro de 1793 e 28 de julho de 1794, Robespierre, por intermédio do Tribunal Revolucionário de Paris, condenou à morte quarenta e duas mil pessoas, de acordo com a teoria de Saint Just que justificou o terrorismo pela necessidade de suprimir a oposição aristocrática.

-  Forma de violência política utilizada por partidos extremistas, como o Partido Facista Italiano e pelo Partido Nazista Alemão, como método de conquista do poder, de acordo a com teoria de violência política, desenvolvida por Georges Sorel.

-  Forma de ação política que se propõe a combater o poder estabelecido, e se impor à população, mediante o emprego da violência. Entre 1890 e 1910, o Partido Social Revolucionário Russo instituiu o Terror Vermelho, com o objetivo de desestabilizar o regime Czarista, por intermédio de ações terroristas. O primeiro período do terror, ocorrido entre 10 de agosto e 20 de setembro de 1792, durante a Revolução Francesa, sob a inspiração de Marat, teve por objetivo impor o regime revolucionário à população pela condenação à morte de 3.000 mil pessoas, presas durante o processo revolucionário.

-  Forma de ação política violenta, dirigida contra adeptos do Governo deposto, com o objetivo de impor os movimentos contra-revolucionários, por intermédio de ações violentas. O primeiro período do Terror Branco foi instituído no sudeste da França, durante a Revolução Francesa. O segundo período do Terror Branco foi instituído após a derrota definitiva de Napoleão em - aterloo e foi o responsável pela execução do glorioso Marechal Ney.

- Forma de ação política desenvolvida por Estados ou por Hordas de povos conquistadores, com o objetivo de se imporem a nações mais fracas, por intermédio do terror provocado pela violência excessiva. O melhor exemplo da História antiga é constituído pelas hordas Tártaras que talaram a Europa Oriental e Central na queda do Império Romano. Em tempos modernos, existem exemplos de terrorismo de Estado, como o que foi utilizado pelo Governo da Sérvia com o objetivo de evitar o desmembramento da antiga Iugoslávia e o utilizado pelo Governo de Israel para impedir o reconhecimento do Estado Palestino Independente.


c. Comentários

Sob o título acima, buscou-se enfocar, com prioridade, os casos de terrorismo interno, que ocorrem com apoio ostensivo de organizações terroristas internacionais, reconhecendo que os exemplos destes casos particulares de terrorismo são cada vez mais raros.


2. Caracterização

Na condição de forma, ação política que se propõe a combater o poder constituído ou a fortalecer regimes ditatoriais e se impor à população, mediante o emprego de meios violentos, que inspirem medo e terror, o terrorismo pode ser classificado como:

-  interno ou desencadeado, com o apoio de organizações terroristas internacionais;

-  seletivo ou indiscriminado.


Embora a intenção inicial do grupos terroristas seja priorizar o terrorismo seletivo, com o passar do tempo são cada vez mais numerosos os casos de atentados terroristas indiscriminados.


As atividades terroristas compreendem ações violentas como:

1) Atentados - seletivos com o objetivo de eliminar pessoas consideradas como antagonistas de grupos terroristas, com destaque para autoridades políticas, jurídicas, policiais, jornalistas e outras.

2) Seqüestro - de pessoas para cobrança de resgates, troca por militantes terroristas capturados pelas forças adversas ou para fins de julgamentos sumários e eliminação.

3) Assaltos A - a instalações bancárias, na busca de recursos financeiros para apoiar suas ações ou a instalações militares e policiais responsáveis pela repressão.

4) Sabotagem - de instalações críticas como centrais elétricas, redes de distribuição de energia, oleodutos, entrepostos de combustíveis, indústrias que manipulam produtos perigosos e outras.

5) Ações relâmpagos -  com grande volume de fogos contra áreas de grandes concentração de população, como terminais de transportes, supermercados, áreas de lazer, e outras.

6) Ocupação -  de aldeias desguarnecidas ou mal defendidas, com o objetivo de eliminar autoridades locais, outras pessoas consideradas como antagonistas, e de recrutar compulsoriamente novos militantes. Na Argélia, são freqüentes os massacres durante os quais até recém-nascidos são degolados.

7) Assaltos B - a meios de transporte coletivos como trens e ônibus, seguidos de eliminação imediata das pessoas capturadas ou de seqüestros desviando os meios de transporte de suas rotas permitidas, conduzindo-os para áreas de homizio.

8) Ações individuais ou de grupos suicidas - que trocam suas vidas pelos adversários, responsáveis pela repressão ou pelas de populações indefesas, em atividade de terrorismo indiscriminado.

9) Atentados com cargas incendiárias ou de explosivos -  por intermédio de aviões projetados contra as edificações ou de carros-bomba.

10) Ataques - utilizando armas químicas, biológicas e radiológicas.


3. Causas

O terrorismo é causado pelo extremismo, pelo radicalismo e pelo desespero.

Em nível internacional, o terrorismo é estimulado por antagonismos históricos de ordem política, cultural, religiosa e racial, que não encontram outra forma de serem expressados, em função da flagrante superioridade militar e econômica das potências hegemônicas dominantes.

No caso do terrorismo local, estas atitudes são provocadas pelo confronto desesperado de grupos radicais extremistas, contra os representantes legítimos ou ilegítimos do poder nacional.

Os teóricos de terrorismo acreditam que podem se impor aos poderes constituídos e às nações militarmente mais fortes, por intermédio da implantação de um clima de terror e de revanchismo que abale o moral da população do país escolhido como alvo do terrorismo.

Nas circunstâncias atuais, o terrorismo está presente em todos os continentes e nenhum país do mundo pode se considerar totalmente imune às ações de grupos terroristas.

Além de ações esporádicas de terrorismo, que podem atingir qualquer país do mundo, existem numerosas áreas de terrorismo endêmico e países cujos nacionais, empresas e representações diplomáticas são alvos preferenciais de ações terroristas em todo o mundo.

Na condição de potência hegemônica e de numerosos antagonismos históricos mal resolvidos, os Estados Unidos e seus nacionais são alvos potenciais dos movimentos terroristas.

Numerosos países da Europa Ocidental, em função de seus passados imperialistas e colonialistas recentes, são alvos de atividades terroristas de caráter revanchista.

Alguns países do Norte da África, com destaque para a Argélia e para o Egito, são alvos de terroristas motivados por extremismos religiosos.

As lutas religiosas e culturais, motivadas pelo nacionalismo irlandês assolam, há muitos anos, a Grã-Bretanha.

O terrorismo está presente em numerosas nações do Oriente, como conseqüência do irredentismo separativista de grupos étnicos minoritários ou de extremismos religiosos.

Em alguns países andinos da América do Sul e nos pequenos países da América Central ocorrem áreas de terrorismo endêmico. Em alguns casos, existem claros indícios de alianças entre os grupos terroristas e os narcotraficantes.

No Brasil, as quadrilhas de narcotraficantes, que atuam nas grandes cidades, algumas vezes desencadeiam ações intimidatórias, típicas do terrorismo, nas proximidades de suas áreas de homizio, inclusive com decretação de toque de recolher e de fechamento do comércio local.

A extensa faixa de fronteiras brasileiras é vulnerável à ação de narcotraficantes e já ocorreu um ataque a um posto de fronteira do Brasil, por iniciativa de grupos revolucionários. É possível que, neste caso, a resposta enérgica e violenta das Forças Armadas Brasileiras tenha contribuído para desencorajar novas aventuras.


4. Principais Efeitos Adversos

A ação dos terroristas é altamente traumatizante e exige uma resposta enérgica e violenta, por parte das Forças Armadas do país agredido. É muito possível que, com a atual preponderância das potências hegemônicas, haja um incremento das táticas de terrorismo, por parte dos grupos descontentes, que desenvolveram um grande antagonismo por estas potências.

O Brasil, apesar de não ter antagonismos históricos com nenhum país ou grupo radical, não é imune ao terrorismo e deve se preparar para minimizar os riscos destes desastres.


5. Monitorização, Alerta e Alarme

Os serviços de inteligência de todos os países do mundo e, em especial, dos países que são alvos preferenciais dos terroristas devem investir no estudo e no acompanhamento vigilante destes grupos.

Evidentemente, o combate ao terrorismo depende de acordos internacionais e da interação das atividades de monitorização destes grupos, para reduzir as áreas de homizio para os grupos que se especializaram no terrorismo internacional.

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