PARTO
Expulsão
do feto viável por meio das vias genitais ou a extração por meios cirúrgicos.
ANATOMIA DA MULHER GRÁVIDA
Feto
Ser
que está se desenvolvendo e crescendo dentro do útero, após a 8ª semana de
gestação.
Útero
Órgão
muscular que se contrai durante o trabalho de parto, expulsando o feto.
Colo uterino
Extremidade
inferior do útero, que se dilata permitindo que o feto entre na vagina.
Vagina
Canal
por onde o feto é conduzido para o nascimento.
Saco amniótico
Membrana
que se forma no interior do útero e envolve o feto e o líquido amniótico.
Líquido amniótico
Líquido
presente no saco amniótico, com a função de manter a temperatura do feto e
protegê-lo de impactos. Sua cor normal é clara, quando ocorre o sofrimento
fetal este torna-se esverdeado, pela presença do mecônio, que é a primeira
matéria fecal do bebê.
Placenta
Órgão
formado durante a gravidez constituída por tecido materno e do concepto,
permitindo a troca de nutrientes entre a mãe e feto. Normalmente expelida ao
final do trabalho de parto. Pesa, aproximadamente, 500g, na gravidez a termo.
Cordão umbilical
Estrutura
constituída por vasos sanguíneos (duas artérias e uma veia) por meio da qual o
feto se une à placenta, seu comprimento é, em média, 55cm.
Aborto
Expulsão
do feto com menos de 500g ou menos de 20 semanas de gestação.
Pré-maturo
Bebê
com menos de 37 semanas completas de gestação ou pesando menos de 2.500g,
independentemente da idade gestacional.
A termo
De
37 semanas completas de gestação até menos de 42 semanas completas de gestação.
Pós-maturo
A
partir de 42 semanas completas de gestação.
Fases do trabalho de parto
Primeira fase (dilatação)
A
dilatação do colo uterino tem início com as contrações e termina no momento em
que o feto entra no canal de parto.
Segunda fase (expulsão)
A
partir do momento em que o feto está no canal de parto até o nascimento do
bebê.
Terceira fase (dequitação)
Após
o nascimento do bebê até a completa expulsão da placenta (10 a 20 minutos).
Sinais e sintomas indicativos de
expulsão próxima
1.
Sangramento ou presença de secreções pelo rompimento do saco amniótico.
2.
Freqüência das contrações, abaixo de 5 minutos com duração de 30 segundos a 50
segundos.
3.
Abaulamento da vulva.
4.
Apresentação da cabeça do feto.
5.
Necessidade freqüente de urinar e/ou defecar.
Condutas durante o parto
Observação:
antes de efetuar qualquer procedimento, o socorrista deverá realizar uma
entrevista com a parturiente, extraindo o maior número de dados possíveis.
Entrevista:
-
Pergunte o nome e idade da mãe;
-
Pergunte se realizou o exame pré-natal;
-
Pergunte se é o primeiro filho (se for primípara, o trabalho de parto demorará
cerca de 16 horas. O tempo de trabalho de parto será mais curto a cada parto
subsequente);
-
Pergunte se há indicação de parto gemelar (múltiplo);
-
Pergunte a que horas se iniciaram as contrações (cheque e anote a frequência e
duração);
-
Pergunte se já houve a ruptura do saco amniótico, e observe o aspecto do
líquido;
- Pergunte
se sente vontade de defecar e/ou urinar;
-
Pergunte o tempo de gestação;
-
Pergunte se a gestante faz uso de drogas.
Observação: se, após a entrevista,
o socorrista avaliar que o parto não é iminente, deverá proceder o transporte
da parturiente.
Parto iminente
1.
Assegure a privacidade da parturiente, escolha um local apropriado.
2.
Explique à mãe o que fará e como irá fazê-lo. Procure tranqüilizá-la informando
que o que está acontecendo é normal. Peça para que, após cada contração,
relaxe, pois isso facilitará o nascimento.
3.
Posicione a parturiente para o parto, peça-lhe para que retire a roupa íntima,
deite-a em posição ginecológica (joelhos flexionados e bem separados, e os pés
apoiados. sobre a superfície que está deitada).
4.
Coloque uma almofada debaixo da cabeça da mãe para observar os seus movimentos
respiratórios.
5.
Prepare o kit obstétrico e seu EPI, mantenha todo material necessário à mão.
6.
Disponha adequadamente os campos, lençóis ou toalhas limpas abaixo das nádegas,
abaixo da abertura vaginal, sobre ambos os joelhos e sobre o abdômen.
Colocação
dos campos
7.
Sinta as contrações colocando a palma da mão sobre o abdômen da paciente, acima
do umbigo.
8.
Posicione-se de forma a poder observar o canal vaginal constantemente. Oriente
a parturiente a relaxar entre as contrações, respirando profunda e lentamente e
a fazer força durante os espasmos.
9.
Tente visualizar a parte superior da cabeça do bebê (coroamento).
10.
Comprima a região do períneo, com uma das mãos posicionada sob o campo que se
encontra abaixo da abertura vaginal, a fim de evitar lacerações nessa região.
11.
Apóie a cabeça do bebê, com ambas as mãos. Apenas sustente o segmento cefálico,
não tente puxá-lo.
12.
Verifique se há circular de cordão, caso tenha, desfaça com cuidado no sentido
face-crânio do bebê.
13.
Geralmente a cabeça do bebê apresenta-se com a face voltada para baixo e logo
gira para a direita ou esquerda. Guie cuidadosamente a cabeça para baixo e para
cima, sem forçá-la, facilitando assim a liberação dos ombros e, posteriormente,
de todo o corpo.
14.
Deslize uma das mãos por baixo do bebê, acompanhando a expulsão. Segure
firmemente os tornozelos do recém-nascido.
15.
Apóie o bebê lateralmente com a cabeça ligeiramente baixa. Isso se faz para
permitir que o sangue, o líquido amniótico e o muco que estão na boca e nariz
possam escorrer para o exterior.
16.
Peça para seu auxiliar anotar a data, a hora, o lugar do nascimento,o nome da
mãe e o sexo do bebê.
17.
Observe se o bebê chorou. Retire o campo que se encontra abaixo da abertura da
vagina, coloque-o deitado lateralmente no mesmo nível do canal de parto.
Atendimento ao recém-nascido
1.
Limpe as vias aéreas usando gaze e aspire, respectivamente, a boca, narina
superior e narina inferior (decúbito lateral).
2.
Avalie a respiração do bebê (VOS), estimule-o, se necessário, com movimentos
circulares na região das costas e/ou estimulando a planta dos pés.
3.
Cubra o recém-nascido envolvendo-o em toalha, lençol ou similar.
4.
Avalie a presença de pulso no cordão umbilical, se ausente, pinceo utilizando
pinças, fita umbilical ou similar.
Observação:
o cordão umbilical não deve ser pinçado imediatamente após o desprendimento
fetal: aguardam-se de 40 a 60 segundos, a não ser na parturiente Rh negativo,
quando se fará o pinçamento e secção de imediato.
5.
O primeiro ponto a ser pinçado deverá estar a, aproximadamente, 25 cm (um
palmo) a partir do abdômen do bebê.O segundo ponto a ser pinçado deverá estar a
cerca de 5 a 8 cm (quatro dedos) do primeiro em direção ao bebê, conforme
figuras abaixo.
6.
Seccione o cordão umbilical com bisturi, manuseando-o de baixo para cima ou
utilize tesoura de ponta romba. O corte deverá ser realizado entre os dois
pontos pinçados ou amarrados.
Atendimento da mãe
Inclui
os cuidados com a expulsão da placenta, controle do sangramento vaginal e
promoção de máximo conforto possível à mãe.
1.
Normalmente, entre 10 e 20 minutos, haverá a expulsão da placenta. Guarde-a em
um saco plástico apropriado e identifique-a para posterior avaliação médica. O
cordão desce progressiva e espontaneamente. Não o tracione.
2.
Após a expulsão da placenta, observe presença de sangramento vaginal, se houver,
controle-o:
-
com gaze ou material similar, retire os excessos de sangue ou secreções;
-
use um absorvente higiênico ou material similar limpo;
-
coloque-o sobre a genitália (não introduza nada na vagina);
-
oriente para que a parturiente una e estenda as pernas, mantendo-as juntas sem
apertá-las;
-
apalpe o abdômen da mãe, no intuito de localizar o útero. Faça movimentos
circulares com o objetivo de estimular a involução uterina e, conseqüentemente,
diminuir a hemorragia.
3.
Tranqüilize a mãe fazendo-a sentir-se o melhor possível e registre todos os
dados da ocorrência. Transporte a mãe, o bebê e a placenta para o hospital.
Durante todos os
procedimentos, monitore constantemente mãe e bebê.
Complicações do parto e seu tratamento
Apresentação pélvica
Tratamento pré-hospitalar
1.
Espere que as nádegas e o tronco do feto sejam expulsos espontaneamente.
2.
Segure os membros inferiores e o tronco à medida que são expulsos.
3.
A cabeça, geralmente, é liberada espontaneamente, entretanto, algumas vezes ela
poderá não sair de imediato. Nos casos em que a criança não for completamente
expulsa em até três minutos após a saída da cintura e tronco, não puxe-a,
apenas crie uma via aérea.
4.
Informe a mãe sobre o procedimento que será realizado e introduza os dedos
indicador e médio em forma de "V" entre a face do feto e a parede da
vagina, criando, assim, um espaço para que ele possa vir a respirar.
5.
Criado um espaço para que o feto possa vir a respirar, deve-se mantê-lo. Permita
que o nascimento prossiga mantendo a sustentação do corpo do bebê.
6.
O transporte deverá ser realizado imediatamente, mantendo as vias aéreas
permeáveis.
Observação: se, durante o trabalho
de parto, apresentar apenas uma mão ou um pé, não é considerado parto pélvico,
essa é uma apresentação de membro, que requer os seguintes cuidados:
1.
não puxe a extremidade, nem tente introduzi-la novamente na vagina;
2.
deixe-a na posição ginecológica ou coloque-a na posição genopeitoral, o que
ajudará a reduzir a pressão no feto e no cordão umbilical;
Posição
genopeitoral
3.
Oriente para que respire profunda e lentamente;
4.
Se necessário oferte oxigênio;
5.
Transporte a parturiente.
Prolapso de cordão umbilical
Tratamento pré-hospitalar
1.
Retire a parturiente da posição ginecológica, colocando-a em posição
genopeitoral (conforme figura acima);
2.
Não empurre o cordão para dentro da vagina;
3.
Não introduza a mão ou os dedos na vagina;
4.
Envolva o cordão umbilical com gaze estéril úmida e embrulhe-o com compressas
cirúrgicas estéreis, para aquecê-lo;
5.
Administre oxigênio;
6.
Monitore e transporte a parturiente para hospital. Instrua-a para que respire
profunda e lentamente.
Parto múltiplo
Em
caso de nascimentos múltiplos, as contrações uterinas reiniciarão após o
primeiro nascimento. O procedimento será o mesmo utilizado para o parto
simples.
É
recomendado ao socorrista que pince o cordão umbilical da primeira criança
antes do próximo nascimento.
Parto pré-maturo
Considera-se
parto pré-maturo qualquer nascimento em que o bebê tenha menos de 37 semanas
completas de gestação, ou que pese menos de 2500g, independentemente da idade
gestacional, e requer os seguintes cuidados abaixo.
Somados
os cuidados dispensados a um parto a termo, o socorrista deve dar uma atenção
maior ao aquecimento do recém-nascido. Embrulhe-o em mantas, lençóis, toalhas
ou papel aluminizado, mantenha a face do bebê descoberta.
Crianças
pré-maturas, freqüentemente, requerem reanimação pulmonar; proceda de acordo
com as condutas para recém-nascido (neonato) citadas no capítulo 5.
Hemorragia excessiva
Se,
durante a gravidez, a parturiente começar a ter um sangramento excessivo pela
vagina, é muito provável que terá um aborto. Porém, se a hemorragia ocorrer
durante o trabalho de parto ou na etapa final da gravidez, provavelmente estará
ocorrendo um problema relacionado à placenta.
Tratamento pré-hospitalar
1.
Posicione a parturiente em decúbito lateral esquerdo;
2.
Coloque absorvente higiênico, campos ou lençóis limpos na abertura da vagina;
3.
Não introduza nada na vagina;
4.
Troque os tampões quando estiverem embebidos;
5.
Guarde e conduza ao hospital todos os tampões ensangüentados, bem como todo e
qualquer material expulso;
6.
Previna o estado de choque;
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