Desfibrilação elétrica
O principal fator determinante da sobrevivência em uma parada cardíaca é o intervalo desde a perda da consciência até a desfibrilação.
A desfibrilação rápida é fundamental para as vítimas de parada cardíaca súbita pelos seguintes motivos:
- o ritmo inicial mais freqüente nas paradas cardíacas súbitas testemunhadas é a Fibrilação Ventricular (FV);
- o tratamento mais eficaz para a FV é a desfibrilação elétrica;
- a probabilidade de uma desfibrilação bem sucedida diminui rapidamente com o tempo;
- a FV tende a transformar-se em assistolia em poucos minutos.
Muitos pacientes adultos, em parada por FV, podem sobreviver sem seqüelas neurológicas, quando a desfibrilação é realizada de 4 a 5 minutos após a parada cardíaca súbita.
Quanto mais cedo a desfibrilação ocorrer mais alta a taxa de sobrevivência.
Ao atender um paciente em parada cardíaca associada com FV ou taquicardia ventricular sem pulso, recomenda-se a aplicação de um choque, seguidos imediatamente de um ciclo de RCP, iniciando com compressões torácicas. A avaliação dos sinais de circulação deverá ocorrer após cinco ciclos de RCP ou, aproximadamente, 2 minutos.
Estrutura e funcionamento do desfibrilador externo automático (DEA)
Os desfibriladores podem ser encontrados nas versões automáticas e semi-automática, sendo essa última a mais utilizada no atendimento pré-hospitalar, em que "avisam" ao operador que o choque está indicado, mas não o administram sem uma ação do socorrista (isto é, o socorrista deve pressionar o botão de choque [SHOCK]).
O DEA é conectado ao paciente por meio de pás auto-adesivas. O aparelho está equipado com um sistema de análise do ritmo baseado
em microprocessadores. Quando é detectada taquicardia ventricular sem pulso ou fibrilação ventricular, o sistema "indica" um choque por intermédio de mensagens visuais e sonoras.
Manequim com DEA
Operação do DEA
Os DEA devem ser utilizados somente quando os pacientes apresentarem, em conjunto, os seguintes sinais clínicos:
- ausência de responsividade;
- ausência de respiração efetiva;
- ausência de sinais de circulação.
Situações especiais
Antes de aplicar o DEA, o operador deve determinar, primeiro, se há situações especiais que podem requerer que o operador adote outras ações antes de usar um DEA ou durante sua operação:
- se a vítima tem menos de 8 anos (ou pesa até 25 quilos, aproximadamente) deve-se utilizar-se das pás pediátricas;
- se a vítima está na água ou próxima dela: seque o tórax do paciente;
- se a vítima possui um marcapasso implantado, posicionar as pás de 2 a 10 centímetros afastados da localização do marcapasso;
- se há um adesivo de medicação transcutânea ou outro objeto sobre a pele da vítima, onde se colocam as pás auto-adesivas do DEA: remova-o;
- se há pêlos excessivos no tórax: remova-os.
Observação: o DEA só deverá ser utilizado em pacientes a partir de 1 ano de vida.
Passos universais para operar um DEA
1 - ligue-o;
2 - siga as instruções do aparelho;
3 - aplique choque se indicado.
Detalhadamente
1. Ligue o DEA, em primeiro lugar (isso ativa as mensagens sonoras para guiá-lo em todos os passos subseqüentes, alguns começarão a funcionar, automaticamente, quando se abre a tampa ou o estojo);
2. Remova a roupa do tórax do paciente. Seque a área e corte ou remova pêlos excessivos, se necessário;
3. Fixe as pás auto-adesivas (eletrodos) no paciente. Consulte a ilustração no verso de cada eletrodo, para identificar a posição correta;
4. Conecte o cabo dos eletrodos ao DEA (em alguns modelos, os cabos estão pré-conectados e outros apresentam uma luz intermitente que mostra o local de conexão);
5. Assim que o DEA detectar que os eletrodos estão conectados adequadamente, automaticamente, inicia a análise do ritmo cardíaco do paciente. Alguns modelos exibem o eletrocardiograma do paciente na tela;
6. Se for recomendada a aplicação do choque, o aparelho carregará para preparar a aplicação do choque, apresentando avisos de voz e na tela para informar ao operador que o choque é recomendado. Assegure-se de que ninguém esteja em contato com o paciente;
7. Pressione o botão CHOQUE, se a descarga estiver indicada. (nos modelos automáticos, o aparelho realiza este passo sem ação do socorrista);
8. Após o choque, o aparelho realiza uma pausa de 2 minutos, permitindo que o socorrista execute a RCP, e então, volta a analisar o ritmo cardíaco.
Observação:quando o intervalo entre o acionamento e o início do atendimento pré-hospitalar em uma parada cardíaca for inferior a 5 minutos, os socorristas devem utilizar o DEA imediatamente, sendo que, enquanto um socorrista prepara o aparelho para seu uso; outro realiza a RCP até que o equipamento esteja adequadamente preparado para seu uso. Quando o intervalo entre o acionamento e o início do atendimento for superior a 5 minutos, os socorristas devem iniciar sua ação, aplicando 5 ciclos, ou, aproximadamente, 2 minutos de RCP, antes de tentar a desfibrilação.
Recomenda-se que o transporte do paciente seja iniciado após o aparelho realizar, no máximo, duas análises com indicação de choque, caso o paciente volte a apresentar sinais de circulação, o transporte deverá ser realizado imediatamente.
O DEA numa ambulância em movimento
Os DEA podem permanecer conectados enquanto o paciente é transportado em um veículo em movimento. No entanto, o movimento do veículo pode interferir na avaliação do ritmo e provocar um artefato que simule uma FV. Alguns aparelhos analisam continuamente o paciente. Se uma pessoa necessita de uma análise do ritmo durante o transporte, e o DEA indica ao socorrista que verifique o paciente ou recomenda um choque, pare o veículo completamente e faça uma nova análise.
Nenhum comentário:
Postar um comentário