03 junho 2021

Introdução - Estudo de Sistema Fixo de Combate a Incêndio por Agente Gasoso

Capítulo 1 – Introdução

O fogo foi uma das principais descobertas da humanidade, indispensável em sua evolução por possibilitar a preparação de novos alimentos, servir para o aquecimento e a defesa. Possibilitou ainda a elaboração de utensílios e ferramentas cada vez mais complexas, trazendo com isso qualidade de vida. Enquanto o fogo sob controle é vital, a perda do seu controle, denominada como incêndio, pode ser letal.

O fogo sem controle pode gerar inúmeras vítimas fatais, como os grandes incêndios observados nos edifícios Joelma (SP), Andorinhas (RJ) e boate Kiss (RS) já deixaram claro. Incêndios são eventos que podem causar não apenas perdas de vidas humanas, mas também perdas incalculáveis através de danos em obras de arte, bens e equipamentos. Milhões de dólares são perdidos anualmente devido a incêndios em todo o mundo. Embora incêndios continuem a ocorrer, atualmente existe grande esforço em pesquisas voltadas para o desenvolvimento de técnicas e tecnologias de prevenção e combate.

Dentre as várias instituições e associações de pesquisa neste ramo, essas associações acompanham a evolução tecnológica, realizam estudos de casos e elaboram procedimentos, normas e manuais de segurança, além de fornecer treinamentos (SEITO et al., 2008).

No Brasil o contexto legal da prevenção e proteção contra incêndios pode ser dividido em três níveis: as normas técnicas da ABNT no contexto tecnológico, as normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) no contexto da segurança do trabalho, e as leis estaduais que compõem o COSCIP (Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico).

O Ministério do Trabalho e Emprego elabora e atualiza Normas Regulamentadoras (NR), que são orientações de procedimentos obrigatórios relacionados à segurança e medicina do trabalho. Dentre as 36 Normas Regulamentadores atualmente em vigor, há a NR de número 23, que trata especificamente da proteção contra incêndios. Entretanto, a NR não tem o objetivo de tratar de forma aprofundada o assunto. Uma abordagem mais profunda é realizada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através da emissão de inúmeras normas sobre o tema. Deste modo, encontram-se disponíveis normas técnicas sobre os mais diversos aspectos, desde a fabricação de extintores de incêndio, instalação de portas corta-fogo, até sobre sinalização de emergência.

Finalmente, destaca-se que no Brasil o órgão legalmente responsável por fiscalizar os procedimentos de prevenção e combate a incêndio é o Corpo de Bombeiros Militar de cada estado. Este elabora o texto legal que compõe o Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico (COSCIP), complementado por Instruções Técnicas (IT) e decretos complementares. Estes textos compõem a legislação estadual sobre o tema.

As normas e textos legais atualmente em vigor visam prevenir incêndios e seu rápido combate, reduzindo assim as consequências. Sabe-se que uma vez o incêndio tendo sido iniciado, este irá se expandir rapidamente, colocando em risco o patrimônio e vidas humanas. Uma pronta resposta é fundamental para evitar a formação de um cenário catastrófico. Enquanto o combate manual ao incêndio, feito com extintores e mangueiras, depende da presença de pessoas treinadas no local, sistemas fixos de combate vêm obtendo sucesso na tarefa de reduzir o tempo de resposta. Exemplo de recurso frequentemente disponível para um rápido combate a incêndios em edificações é o sistema chuveiros automáticos ou sprinklers. Trata-se de um sistema aspersor de água sobre o foco do incêndio, visando controla-lo ou mesmo apaga-lo. Os chuveiros automáticos não dependem da presença de pessoal treinado no local, agindo de modo independente a partir do momento que um incêndio é detectado.

Embora altamente eficazes na proteção de edifícios comerciais, shoppings e residências, os chuveiros automáticos baseados na aspersão de água podem não se mostrar a solução ideal para todos os ambientes a serem protegidos. Centrais de informática e bancos de dados, assim como o acervo de museus e bibliotecas, podem ser danificados pelo uso da água. Em laboratórios ou plantas industriais, substâncias químicas podem reagir violentamente quando expostas à água. Para todos esses cenários o uso dos sprinklers pode tornar-se inadequado.

Hoje, há no mercado uma série de sistemas fixos de combate a incêndio à base de gases, que podem substituir a água como agente extintor. Estes sistemas, porém, apresentam custo bastante elevado, de modo que sua instalação precisa ser avaliada cuidadosamente caso a caso.

Com a disponibilidade crescente de agentes extintores cada vez mais seguros e eficazes, a escolha do agente passa a depender do risco de incêndio ao qual o ambiente está propício, da atividade exercida no local, do valor dos bens e equipamentos ali mantidos, etc. Sistemas fixos, baseados em agentes gasosos, podem mostrar-se extremamente eficazes quando corretamente especificados, projetos e instalados, mas também extremamente caros e perigosos quando empregados em locais inadequados (SEITO et al., 2008; NFPA 12, 2011; EPA, 2000).

Este estudo teve como objetivo abordar diferentes agentes extintores gasosos atualmente disponíveis no mercado, buscando levantar suas características de aplicação e suas especificações. Características do projeto de sistemas fixos baseados em gases são apresentadas de modo detalhado. Um estudo de caso foi realizado para ilustrar tais particularidades. Visa-se assim abordar, de forma estruturada e clara, um tema ainda pouco detalhado em textos nacionais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário