Incêndio do Gran Circus Norte-Americano completa 52 anos
Amanhã, dia 17 de dezembro, a maior tragédia da história
circense – o incêndio no Gran Circus Norte-Americano – completou 52 anos.
O incidente aconteceu em Niterói (RJ) e deixou uma
contagem oficial de 503 mortos, embora até hoje não se saiba com exatidão a
quantidade de vítimas.
O jornalista Mauro Ventura lançou no dia 13 o
livro-reportagem O espetáculo mais triste da terra, resultado de uma apuração
que durou dois anos e meio. Foram mais de 150 entrevistados, incluindo um dos
trapezistas que tinham acabado de se apresentar quando o fogo começou, Santiago
Grotto.
Danilo Stevanovich, proprietário do Gran Circus
Norte-Americano, nada tinha de norte-americano. Seu sobrenome era eslavo. Em 15
de dezembro de 1961, instalou sua tenda em Niterói e começou a anunciar o
espetáculo. O Gran Circus anunciava ser “o mais completo da América Latina”,
com 150 animais e cerca de oitenta funcionários.
Entre os funcionários, estava Adilson Marcelino Alves,
apelidado de “Dequinha”. Acusado de furto, ele foi despedido do trabalho.
Depois disso, passou a rondar o circo recém-montado. Embora haja quem defenda
que o incêndio foi causado por um curto-circuito, a versão mais aceita é a de
que Dequinha, acompanhado de dois amigos, tocou fogo na lona do circo por
vingança.
Dois dias depois da estreia, cerca de 3 mil pessoas
lotavam as arquibancadas dentro da lona do Gran Circus – a maioria crianças.
Faltando 20 minutos para o fim do espetáculo, a trapezista Nena Stevanovich não
chegou a concluir o tríplice mortal que tinha prometido fazer. Em vez disso,
gritou “fogo!” e iniciou o pânico entre os espectadores.
Depois do grito da trapezista, bastaram 10 minutos para
que toda a lona estivesse coberta pelo fogo.
Embora a maior parte dos animais estivesse enjaulada, há
relatos de que um elefante ferido abriu um buraco de saída enquanto fugia.
Enquanto isso, a multidão tentava escapar do incêndio.
Os pisoteamentos foram a principal causa de morte na
tragédia. Não havia saídas de emergência suficientes – e a lona não era de
náilon, como Danilo Stevanovich clamava, mas de um material bastante
inflamável.
Dequinha e seus dois cúmplices, Bigode e Pardal, foram
condenados à prisão. O acontecimento fez surgirem dois personagens importantes
no Brasil: o cirurgião plástico Ivo Pitanguy, que liderou o tratamento das
vítimas, e o profeta Gentileza, que deixou sua vida de empresário e passou a
viver sob as ruínas do circo. Hoje, no local, funciona um hospital do Exército.