04 maio 2020

CAPÍTULO XX - PONTOS DE SEGURANÇA - Reuniões (pontos de ancoragens) -Triângulo equalizáveis com cordas - Trabalhos na rocha - Reunião - Auto-segurança - Cabos de ancoragem (longe) - Segurança em “vias ferratas” - Figuras: Outras possibilidades de montagens sem alças auxiliares - Triângulo fixo com nós, com duas e três ancoragens - ilustração de uma reunião - uso de cabo de ancoragem regulável - segurança em vias ferrata


Reuniões (pontos de ancoragens)

A reunião (pontos para ancoragens) é um ponto chave de onde parte todas as seguranças, portanto, deverão ser seguros por definição, já que, em última instância, toda a cadeia de segurança falhar, será uma dessas reuniões (ancoragens) a responsável por salvar toda situação.

A qualidade das ancoragens determina a quantidade de pontos a serem convencionados, salvo em casos excepcionais, em que se emprega, no mínimo, duas ancoragens, daí poderá ser definido o que é uma reunião.

Dependendo da disposição e qualidade das ancoragens, adaptaremos uma outra forma de uni-las por meio de alças se for suficientemente resistente (por meio de fita costurada), nunca com alças de diâmetros inferiores ao da corda de escalada nem fitas velhas.

Os mosquetões empregados nas ancoragens terão de ser, preferencialmente, os de segurança em função de sua carga de trabalho, e, em casos excepcionais, poderão ser empregados os normais (N), e, em um dos pontos onde se reúnem as linhas de ancoragem, um outro mosquetão de segurança. O ponto chamado de ponto central de uma reunião é o mais importante, já que é onde se prende o escalador que assegura, sendo também deste que é realizada a segurança do seu companheiro. (figura 479, 480 e 481)







Trabalhos na rocha

Na rocha é precisamente onde as reuniões podem adotar maior variedade de ancoragens, salvo os equipamentos fixos, nós teremos que nos adaptar a uma morfologia (descrição da forma) e possibilidades de auto-segurança em uma rocha.

Já vimos as montagens de reuniões recomendáveis segundo a situação encontrada mediante um triângulo equalizável fixo e montagens em linha (figura 481)

Não há dúvidas de que as ancoragens empregadas são unidirecionais (importadoras, distribuídas, alças em blocos, etc.), existindo a possibilidade de que uma tração sobre uma reunião poderá deslocar-se ou até mesmo arrancar-se (soltar-se), por isso é necessária uma ancoragem invertida por baixo de uma outra reunião para auxiliar as ancoragens principais.

Os piolets (figura 483) podem reforçar uma reunião quando conectados no triângulo ou formando, por sua vez, outro ponto entre eles. Uma boa idéia para não carregar uma reunião é colocar ancoragens extras e auto-seguras no triângulo, do que permanecer atado por improvisação de uma ferramenta implantada por cima de uma reunião. (figura 483)

Reunião: é a formação dos sistemas de ancoragens empregadas dentro de uma operação.




Auto-segurança

Atar-se (prender-se, conectar-se, clipar-se) de forma adequada a uma ancoragem que montamos é a primeira norma de segurança, caso o nosso companheiro deixe de nos assegurar diante de uma eventualidade. A forma mais conveniente de atar-se é empregando o nó oito no ponto central, observando que, em caso de necessidade, será difícil regulá-lo a uma distância mais adequada. Nesse caso, podemos usar o nó volta do fiel (balestrinque).

O escalador que permanece na ancoragem inferior não poderá soltar sua auto-segurança enquanto o seu companheiro de cima não tenha confirmado a sua chegada na ancoragem seguinte (reunião), enquanto o auto-segurado se encontre segurando, por sua vez, a corda já recuperada.

Quando tivermos de soltar uma corda para fazer uma descida ou por qualquer outra circunstância, devemos auto-assegurarmos com as cordas de ancoragem (longes) e permanecermos sempre acoplados a uma ancoragem principal, e, quando não existir essa possibilidade, deve-se utilizar, pelo menos, dois pontos reservas.

Auto-segurança na rocha: normalmente bastará atar-se com o nó oito com um mosquetão de segurança em um ponto central da ancoragem, portanto, se necessitarmos regular nossa distância de auto-segurança, uma solução prática pode ser atar-nos logo com um nó oito entre os meios com um nó volta do fiel (balestrinque) para regulá-lo em uma posição mais cômoda. Se levarmos duas cordas, podemos assegurar-nos com o nó oito em uma e com o nó volta do fiel em outra (figura 482).


Cabos de ancoragem (longe)

Quando precisamos de uma corda, para auto assegurar-nos, necessitamos estar atados (ancorados) por outros meios auxiliares, (cabos de ancoragem).

Esses elementos podem variar em função da nossa atividade, desde uma simples fita expressa até o emprego de um cabo especial  com dissipadores (empates ou alças).
Um caso freqüente, em vias curtas e equipadas, é dispormos apenas de algumas fitas expressas pequenas; asseguramo-nos com duas alças e com mosquetões grampeados, esse procedimento torna mais seguro que empregar simplesmente a fita. (figura 484)

Se formos precavidos vamos dispor de fitas equipadas com um mosquetão de segurança em cada extremo (figura 485). Nunca deveremos dispor apenas de uma fita expressa normal, já que um mosquetão ligeiro (sem trava) poderá se romper com mais facilidade do que possamos imaginar; confiarmos a vida em um só mosquetão ligeiro é uma absurda e triste ignorância.

Em escaladas de paredes e alpinismo é normal transportar fitas maiores para que sejam colocadas atadas na cadeirinha mediante o nó de pata de gato (alondra) para eliminarmos mosquetões. (figura 486)

Para maior comodidade, pode-se adquirir ou confeccionar um cabo de ancoragem regulável em distância, algo bastante prático para qualquer tipo de atividade.



Observação: devido a sua curta distância, qualquer fita ou cordelete deve ser considerada estática, pois a capacidade de absorção de energia por esses materiais é mínima. A forma de utilização da corda em uma cadeirinha como sistema de auto-segurança representa um grande problema, pois uma queda, em nível de fator 2, seria crítica a resistência de qualquer elemento utilizado na auto-segurança.

Por esse motivo, as cordas de ancoragem devem ser dinâmicas e, quando não forem, temos de estar conscientes desses problemas e não subir, jamais, a cima de um outro ponto de auto-segurança, para não provocar uma situação constrangedora.

Existem dois sistemas de cordas de ancoragens dinâmicas, uma a base de costuras que se soltam ao receber um forte choque; e a  outra com dissipadores (placas de absorção).


Segurança em “vias ferratas”

Itinerários equipados com passamão, escaladas, etc.

Nesses tipos de itinerários (pouco habitual em nosso País) existe a possibilidade de que uma queda supere inclusive o nível de fator 2, já que se pode cair ao longo de vários metros, em um passa mão, por exemplo (figura 487), sabendo, portanto, que a distância do cabo de ancoragem sempre será a mesma.

Os cabos de ancoragem que amortecem os choques com boas costuras (como a “energia”) tornam-se excelentes para quedas de fator 2, deixam de ser eficientes diante de um fator mais alto.

Nesse caso, é imprescindível a utilização de cabos de ancoragem especial com plaquetas dissipadoras placas de absorção (figura 488); se não empregá-lo a possibilidade de ruptura dos pontos ou graves danos aos usuários (inclusive a morte) serão evidentes. Esses cabos para ancoragens são fabricados especialmente para esse tipo de atividade. Existem cordeletes especiais, placas de absorção (dissipadoras) e mosquetões muito resistentes para fazê-las mais seguras em situações críticas; é aconselhável adquirir esses cabos já confeccionados pelo fabricante, e não adquirir as peças soltas para montá-las, pois o seu rendimento poderá diminuir.