Parto
O parto normal é aquele em que, concluída a
gestação, o organismo da mulher processa espontaneamente a expulsão da criança
e do conteúdo uterino anexo (placenta e membranas) depois que o feto atinge
condições de sobreviver, (antes disso o processo é abortamento ou aborto, não
parto).
É
considerado parto normal quando a gestante encontra-se entre a 37ª e a 41ª semana de
gestação onde a apresentação da criança na posição cefálica (cabeça) ou podálica
(pés) permite a expulsão pelas vias naturais, e a duração do trabalho de parto
não ultrapassa o limite previsível entre 10-12 horas para o primeiro filho e de
3-6 horas para os sucessivos.
O parto
normal decorre em três fases: dilatação, expulsão e dequitadura.
A
dilatação abrange toda a progressiva abertura do canal do colo do útero, que
aumenta em cerca de cem vezes o diâmetro da sua passagem.
O
período expulsivo começa convencionalmente com a dilatação máxima do canal
cervical e termina depois que todo o corpo da criança já está fora do corpo da
mãe.
A
dequitadura, ou período placentário, marca o descolamento da placenta e termina
ao cessar o sangramento dos vasos que a ligavam ao útero.
A
duração de um parto normal varia conforme a história obstétrica da mulher. O
período de dilatação nas que estão a passar por um parto pela primeira vez
(primíparas) dura em média 13-14 horas, progressivamente menos quanto maior o
número de partos anteriores (no quarto ou quinto parto a dilatação pode durar
até menos de uma hora).
A fase
expulsiva dura cerca de uma hora, se a criança nascer de cabeça (apresentação
de vértice), a dequitação placentária decorre em questão de minutos ou
excepcionalmente, até cerca de uma hora.
A) No
período de dilatação de um parto normal, com a criança em apresentação
cefálica, as contrações uterinas forçam a cabeça dele contra o orifício do colo
do útero.
B) A
abertura do colo vai dando continuidade ao canal do parto por onde o feto
passará.
C) O
período de dilatação está completo
D)
Quando o diâmetro do canal permite a insinuação da cabeça do feto. Quando esta
emerge, começa tecnicamente o período expulsivo do parto.
E)
Depois que a cabeça transpõe a abertura da vagina, o pescoço da criança, que
estava torcida durante a rotação interna da cabeça, retoma a sua posição normal.
F) A
esta altura, normalmente o esforço expulsivo da mãe é auxiliado pelo médico,
que traciona delicadamente o corpo da criança.
Início do parto
Normalmente
o início do parto é precedido de pelo menos um de três sinais: dores,
eliminação da rolha de Schroeder e rotura da "bolsa das
águas".
As
dores são as que acompanham o início da dilatação do colo, percebidas na parte
das costas ou no alto do abdomen, de onde se irradiam para baixo.
A
princípio a dor de cada contração dura pouco mais de meio minuto e ocorre em
intervalos irregulares de 20-30 minutos ou mais.
Esse intervalo vai diminuindo, ao mesmo tempo em que a duração e a intensidade das dores aumentam. No fim do período de dilatação, cada "cólica" pode ocorrer em intervalos de três minutos.
Esse intervalo vai diminuindo, ao mesmo tempo em que a duração e a intensidade das dores aumentam. No fim do período de dilatação, cada "cólica" pode ocorrer em intervalos de três minutos.
A rolha de Schroeder é um tampão muito pouco espesso, que veda o canal do útero durante a gravidez. Quando começa a dilatação, a rolha se desprende e é eliminada pela vagina.
A
"bolsa das águas", ou saco amniótico, é o invólucro cheio de líquido,
dentro do qual a criança flutua. Quando esta se rompe, a mulher elimina pela
vagina cerca de um litro de fluido.
Caso raríssimo, parto sem rompimento da bolsa
Depois
do aparecimento de qualquer desses sinais, a mulher deve ultimar preparativos e
abster-se de alimento.
Quando
começa o trabalho de parto, as contrações dos músculos do útero obrigam a
cabeça da criança a descer através da pelve da mãe. Ao descer, a cabeça exerce
pressão sobre os músculos do pavimento pélvico que permitem a rotação da cabeça
de forma que o seu maior diâmetro fique alinhado com o maior diâmetro da pelve
da mãe. Para facilitar a expulsão, a cabeça da criança flete-se sobre o tórax,
de modo a apresentar ao canal pélvico o menor diâmetro possível. Se os músculos
uterinos não se contraírem convenientemente ou a cabeça da criança não fletir
totalmente contra o tórax, o trabalho de parto poderá prolongar-se. Contudo, a
maioria das crianças roda a cabeça e desce o canal pélvico sem dificuldade.
A alimentação e o repouso
durante o trabalho de parto
Durante
o trabalho de parto a parturiente não deve comer alimentos sólidos nem tomar
líquidos em grandes quantidades.
Com
efeito, os alimentos ingeridos não saem do estômago, e assim, se for necessário
fazer uma anestesia geral nas últimas fases do trabalho de parto, será perigoso
se houver alimentos retidos no estômago. Por este motivo, não é conveniente
alimentar as parturientes, e em geral apenas se lhes permite sorverem pequenas
quantidades de líquidos ou se lhes administram líquidos por via intravenosa em
certas condições.
O
trabalho de parto é fatigante. No caso de se prolongar pela noite e o parto não
estiver iminente, poderá administrar-se à parturiente um sedativo ligeiro para
a que ela possa dormir e mais tarde acordar fresca para retomar aquele
trabalho.
Alívio das dores durante o
parto
O parto
é um processo doloroso para a maioria das mulheres, existem no entanto várias
modos de os aliviar. O mais simples dos quais consiste numa injeção de um
analgésico como a petidina na primeira fase do trabalho de parto. Dado que a
petidina demora cerca de 20 a
30 minutos a produzir efeito, deve ser administrada antes que as dores se
tornarem intensas. A parteira poderá fazê-lo sem pedir autorização médica, não
existindo qualquer perigo em administrar várias injeções.
Outro
método, mais potente, de alívio da dor é a denominada anestesia epidural, em
que se injeta um anestésico na zona da medula espinal a partir da qual se
destacam os nervos que se dirigem para o útero. Trata-se de uma anestesia de
baixo risco que bloqueia a dor com origem, mas que tem a desvantagem de, por
vezes, tornar necessária a utilização de um fórceps para retirar a criança, já
que o anestésico também elimina outras sensações que na fase da expulsão indicam
à parturiente o momento de fazer força. O obstetra é consultado antes de ser
administrada esta anestesia.
O
terceiro método normalmente utilizado para alívio da dor consiste na inalação
de monóxido de azoto e oxigênio. Constitui um bom método de alívio de dor na
segunda fase do trabalho de parto, mas menos eficaz na primeira fase. É
administrado pela própria parturiente, devendo esta aprender a usar a máscara
nas aulas de preparação para o parto.
Se a
parturiente tiver aprendido um método de relaxamento muscular, deve dizê-lo ao
pessoal que assiste ao parto. Estes métodos resultam bem para algumas mulheres,
mas se assim não acontecer, a parturiente deverá estar preparada para outros
métodos de alívio da dor que possam eventualmente ter de ser usados.
O parto
é o período de maior risco para a criança, já que as contrações do útero
interrompem temporariamente o fornecimento de sangue que transporta oxigênio.
Assim, a parteira ausculta periodicamente o batimento cardíaco da criança para
verificar se há sinais que revelem os efeitos da falta de oxigênio.
Grande
número de hospitais possui equipamento que permite seguir continuamente a
atividade cardíaca da criança se houver alguma dúvida sobre o seu estado. Um
dos processos consiste em registrar os movimentos do sangue na aorta da criança
com o auxílio de um aparelho de ultra-sons; outro, em colocar diretamente na
cabeça da criança um elétrodo introduzido através da vagina. O segundo método é
o mais frequentemente utilizado.
A
avaliação do estado da criança pelo registro contínuo da atividade cardíaca
pode ser completamente mediante o exame de uma amostra de sangue colhida na sua
cabeça. Este exame permite determinar o teor de oxigênio sangue, pelo que, se a
criança estivar em perigo, se poderá proceder a uma cesariana.
Início da respiração da
criança
Logo
após o nascimento, a criança já não pode depender da placenta para receber
oxigênio, pois os vasos sanguíneos do cordão umbilical que liga a criança à
placenta arrefecem em contato com o ar exterior, contraindo-se, e a placenta
separou-se da parede uterina.
A
maioria das crianças começa a respirara nos segundos imediatamente a seguir ao
nascimento. O diafragma do recém-nascido desce e ar é aspirado para dentro dos
pulmões.
Embora
após o nascimento, e durante alguns minutos ainda, se sinta uma pulsação (com
origem no coração da criança) ao nível do cordão umbilical, tal não significa
que e recém-nascido esteja a receber oxigênio através da placenta, agora
inútil; assim, não há qualquer razão para demorar a laqueação e corte do cordão
umbilical após a criança ter nascido.
Episiotomia
Durante
a expulsão, os tecidos da vagina são consideravelmente distendidos pela cabeça
da criança, cujo diâmetro menor é, frequentemente de cerca de 10 cm .
Consequentemente,
estes tecidos podem romper e muitos obstetras consideram preferível fazer um
corte retilíneo (denominado episiotomia) na região perineal, pois é mais fácil
de suturar e a sua cicatrização resulta melhor do que a de uma rasgadura
espontânea.
A
maioria dos médicos e parteiras aguardam até que se verifiquem tensão nos
tecidos inferiores da vagina. Se a dilatação dos tecidos permitir que se faça a
expulsão da cabeça da criança, não será necessário tomar qualquer medida, caso
contrário executa-se a episiotomia. Após o nascimento da criança. o corte é
suturado com fio absorvível, que não necessita de ser removido.
Parto Provocado
Quarto
quintos das mulheres iniciam espontaneamente o trabalho de parto na altura
prevista. Em relação às restantes, o obstetra poderá achar aconselhável
provocar o parto, seja porque a grávida apresenta um aumento da tensão
arterial, seja porque o médico considera que foi ultrapassada a data prevista
para o parto.
Existem
diversas formas de provocar o início do parto. Uma consiste em romper o saco
amniótico, outra, na administração de um hormônio (semelhante à que é produzida
pela própria mulher) em comprimidos ou por infusão endovenosa para desencadear
as contrações uterinas, uma vez iniciada, um parto provocado processa-se da
mesma forma que em parte espontâneo.
Em
países do norte da Europa, uma alternativa para o Fórceps é o extrator a vácuo.
Uma concha metálica é delicadamente aplicada ao crânio da criança. Uma
mangueira liga a concha a um aspirador pneumático que, posto em funcionamento,
faz a concha aderir à cabeça do feto. Por esse meio o obstetra pode efetuar
alguma tração que suplementa o trabalho expulsivo do útero. Em geral a deformação
craniana resultante desaparece algumas horas após o parto.
O parto com fórceps
Se no
decorrer da segunda fase do trabalho de parto se verificar, por exemplo, uma
alteração no batimento cardíaco, o obstetra poderá achar conveniente fazê-la
nascer rapidamente. Para tal, utiliza um fórceps são aplicadas à cabeça da
criança para retirar para fora. Os fórceps estão concebidos de modo não a
magoarem.
Posição da mulher durante o
trabalho de parto
Estudos
antropológicos já inventariaram cerca de quarenta diferentes posições. Na
maioria delas as mulheres parecem preferir manter-se com o tronco mais ou menos
ereto, não deitada de costas, tais posições eram as mais comuns em 52 entre as
76 sociedades pesquisadas.
Estão
nessa categoria as posições de cócoras, ajoelhada e até a em pé, todas elas
preferivelmente com apoio a uma parede ou a uma árvore. A posição deitada de
costas assim como a de bruços e "de quatro" (ajoelhada, com o tronco
apoiado nas palmas das mãos), apareciam como preferidas nas outras 24
sociedades pesquisadas.
A
posição usual na sociedade moderna, com a parturiente deitada de costas, parece
ter tido origem na França do século XVI, quando os médicos começaram a
substituir as parteiras. é uma posição que facilita o atendimento, mas que
obviamente não favorece o parto em que a mulher conta principalmente consigo
mesmo.
A
parturiente pode manter uma única posição em todas as fases do parto ou
variá-las. A posição mais comum no mundo é a dorsal (a mulher deitada de
costas, as pernas dobradas com os joelhos para cima e separados). Na posição
litotômica ou cistotômica, a mulher fica deitada de costas, encolhe as pernas,
afasta os joelhos e seus pés são mantidos suspensos por alças especiais.
É
comum, porém, que na fase de dilatação a mulher assume posição meio sentada,
com as costas reclinadas contra travesseiros, ou também que ela deite de lado.
Os médicos acham que essas posições favorecem a circulação do sangue na região
do útero, o que mantém o feto mais bem oxigenado.
Na fase
expulsiva muitas mulheres preferem ficar agachadas ou sentadas em cadeiras
obstétricas de desenho especial, mas muitos médicos e parteiras discordam, por
achar que a posição dorsal lhes facilita o trabalho assistencial.
Bombeiroswaldo...