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Entre as fruitas merece nome, e brio;
Tem nas pevides mais gostoso agrado,
Do que açúcar rosado;
É belo, cordial, e como é mole,
Qual suave manjar todo se engole.
Vereis os ananases,
Que para rei das fruitas são capazes;
Vestem-se de escarlata
Com majestade grata,
Que para ter do Império a gravidade
Logram da croa verde a majestade;
Mas quando têm a croa levantada
De picantes espinhos adornada,
Nos mostram que entre Reis, entre Rainhas
Não há croa no Mundo sem espinhas.
Este pomo celebra toda a gente,
É muito mais que o pêssego excelente,
Pois lhe leva aventagem gracioso
Por maior, por mais doce, e mais cheiroso.
Além das fruitas, que esta terra cria,
Também não faltam outras na Bahia;
A mangaba mimosa
Salpicada de tintas por fermosa,
Tem o cheiro famoso,
Como se fora almíscar oloroso;
Produz-se no mato
Sem querer da cultura o duro trato,
Que como em si toda a bondade apura,
Não quer dever aos homens a cultura.
Oh que galharda fruita, e soberana
Sem ter indústria humana,
E se Jove as tirara dos pomares,
Por ambrósia as pusera entre os manjares!
Com a mangaba bela a semelhança
Do macujé se alcança,
Que também se produz no mato inculto
Por soberano indulto,
E sem fazer ao mel injusto agravo,
Na boca se desfaz qual doce favo.
Outras fruitas dissera, porém basta
Das que tenho descrito a vária casta,
E vamos aos legumes, que plantados
São do Brasil sustentos duplicados:
Os mangarás que brancos, ou vermelhos,
São da abundância espelhos;
Os cândidos inhames, se não minto,
Podem tirar a fome ao mais faminto.
As batatas, que assadas, ou cozidas
São muito apetecidas;
Delas se faz a rica batatada
Das Bélgicas nações solicitada.
Manuel Botelho
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