22 maio 2020

TÍTULO IX - INTOXICAÇÕES ALIMENTARES - CID – 005 - CODAR – HB. AIA/CODAR 23.209 - BOTULISMO (CID 005.1) - Caracterização - Agente Tóxico - Reservatórios - Mecanismos de Intoxicação - Medidas Preventivas - Controle dos Pacientes, dos Contatos e do Meio Ambiente - Tratamento específico - Vigilância Epidemiológica


BOTULISMO (CID 005.1)

1.   Caracterização

Intoxicação extremamente severa produzida pela toxina do Clostridium botulinum de sorotipos A, B, E ou F, que se exterioriza por manifestações clínicas relacionadas com o sistema nervoso, como ptose (queda) palpebral, dificuldades visuais (visão dupla ou bonada), boca seca e garganta dolorida e, em seguida:

- paralisia flácida, simétrica e descendente;

- vômitos, diarréia e ocasionalmente prisão de ventre.


Aproximadamente um terço dos pacientes pode morrer de 3 a 7 dias, após o início dos sintomas, em conseqüência de parada respiratória ou de superinfecção.

Pacientes tratados em Unidades de Terapia Intensiva – UTI podem apresentar índices de sobrevivência superiores a 90%.

O diagnóstico é confirmado pela presença da toxina específica no soro ou nas fezes.


2. Agente Tóxico

Toxinas produzidas pelo Clostridium botulinum dos tipos A, B, E, ou F. Os surtos relacionados com o tipo E relacionam-se geralmente com consumo de produtos marinhos.

A toxina é produzida em condições da anaerobiose em alimentos de baixo teor ácido e mal preparados. É destruída pela fervura, mas a inativação dos esporos do Clostridium botulinum exige temperaturas mais elevadas.


3. Reservatórios

Os C. botulinuum ocorrem no trato intestinal de animais, inclusive peixes, no gelo e na água.


4. Mecanismos de Intoxicação

Ingestão de alimentos onde a toxina foi formada. Normalmente de frascos e latas que não foram suficientemente aquecidos, durante o envasilhamento e que não passaram por processo de cocção antes de serem servidos. 

Os casos de intoxicação podem ser causados pelo consumo de:

·  conservas de legumes e de frutas preparadas em casa;

·  salsichas e carnes defumadas;

·  peixes.


Os primeiros sintomas ocorrem entre 12 e 36 horas da ingestão do alimento contaminado. 

Quanto mais curto for o período de incubação, mais grave será o quadro clínico.


5. Medidas Preventivas

A Vigilância Sanitária é a mais importante atividade preventiva, no caso das indústrias de alimentos.

A Educação Sanitária das pessoas que se ocupam do preparo doméstico dos alimentos conservados é fundamental, especialmente os relativos ao tempo, pressão e temperatura necessários à destruição dos esporos, utilizando panelas de pressão. 

Da mesma forma, qualquer alimento enlatado duvidoso deve ser fervido por, no mínimo, 3 minutos, antes de ser servido.

Recipientes abaulados, ou garrafas com tampas abauladas e alimentos com “odor impróprio” devem ser rejeitados e nem sequer devem ser provados.


6. Controle dos Pacientes, dos Contatos e do Meio Ambiente

a) Tratamento específico

O paciente deve ser internado em uma UTI e receber administração intravenosa e intramuscular da antitoxina botulínica trivalente. As condições respiratórias do paciente devem ser vigiadas e controladas.

Pessoas que ingeriram alimentos suspeitos devem receber laxativos, lavagem gástrica, enemas altos e mantidos sob vigilância médica rigorosa e, se for o caso, protegidos com a antitoxina, mesmo antes da instalação do quadro clínico.

Os alimentos contaminados devem ser esterilizados por fervura, antes de serem descartados. Os utensílios devem ser fervidos e clorados.


b) Vigilância Epidemiológica

Em caso de surto epidêmico, compete à Vigilância Epidemiológica determinar a fonte de intoxicação e os mecanismos responsáveis pela eclosão do surto, com o objetivo de facilitar o planejamento das medidas de controle.

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