TÍTULO
VIII
TRIPANOSSOMÍASE
AFRICANA – DOENÇA DO SONO CID – 086.5
CODAR
– HB. VTS/CODAR 23.108
1.
Caracterização
A Doença do Sono é uma
doença infecciosa extremamente grave, que ocorre na África e é causada pelo
Trypanossoma brucei gamibiense e pelo Trypanossoma brucei rhodesiense e é
transmitida pela picada de uma mosca infectante do gênero glossínea, conhecida
como Mosca Tse-Tsé.
Na fase inicial da doença,
normalmente, aparece ulceração (cancro) no local da picada da mosca Tse-Tsé que
serviu de porta de entrada para a infecção. A ulceração é normalmente
acompanhada de febre alta, dor de cabeça (cefaléia) intensa, insônia, tumefação
dos gânglios linfáticos, especialmente dos gânglios cervicais posteriores,
inchaço (edema) no local da infecção, erupção da pele e anemia.
Nas fases avançadas,
ocorre emagrecimento intenso (caquexia), sonolência, torpor e sinas de
comprometimento do Sistema Nervoso Central.
A doença, quando não
tratada precocemente, é freqüentemente fatal e a morte pode ocorrer em poucos
meses, nos casos mais graves, ou após vários anos, nos casos de evolução
crônica.
O diagnóstico, suspeitado
em função do quadro clínico e dos dados epidemiológicos, é confirmado
laboratorialmente, na fase aguda, pela identificação microscópica do
tripanossoma em esfregaços corados do material puncionado nos gânglios
linfáticos. Nas fases terminais, o tripanossoma pode ser identificado no
líquido cefalorraquidiano. A inoculação em camundongos e a cultura, em meios
apropriados, facilita o diagnóstico. O diagnóstico sorológico pode ser firmado
por intermédio de reações imunofluorescentes e em provas de fixação de
complemento.
2.
Dados Epidemiológicos
a.
Agentes Infecciosos
Os agentes infecciosos são
protozoários hemoflagelados (que se apresentam com flagelos enquanto estão na
corrente sangüínea) das espécies Trypanossoma brucei gambiensis e Trypanossoma
brucei rhodesiensis. De um modo geral, os casos mais graves são provocados pela
variedade rhodesiensis.
b.
Reservatórios
O homem é o principal
reservatório da variedade T.b. gambiensis, enquanto que os antílopes, o gado
bovino e os búfalos são os principais reservatórios da variedade T.b.
gambiensis.
c.
Agente Transmissor
O
agente transmissor é a mosca tse-tsé, do gênero glossínea, por intermédio das
seguintes espécies:
- Glossínea palpalis;
- Glossínea tachinoides;
- Glossínea morsitans;
- Glossínea pallidipes;
- Glossínea s-ynnertoni;
- Glossínea fuscepe.
Diferentes dos mosquitos,
as moscas macho também são hematófagos e atuam como transmissores da doença. No
organismo da Glossínea, o parasita evolui, em 18 dias, até que sua forma
infectante se localize nas glândulas salivares, onde permanece por toda a vida
da mosca (3 meses).
Não há transmissão
intraovular na mosca, mas existe transmissão hemoplacentária por transfusão
para o homem.
d.
Suscetibilidade e Resistência
A suscetibilidade é geral.
A cura espontânea, embora possível, ainda não foi confirmada. Podem ocorrer
quadros atípicos especialmente na fase aguda.
e.
Período de Incubação e de transmissibilidade
Na infecção pelo T.b.
rhodesiensis é de 2 a 3 semanas, mas por T.b. gamibiensis pode ser de meses e
até anos. Enquanto o parasita estiver circulando no sangue da pessoa ou animal
infectado, a transmissão é possível, podendo ocorrer, tanto na fase aguda como
na fase crônica.
f.
Distribuição
Esta doença acha-se
circunscrita às regiões tropicais da África, entre os paralelos 15° Norte e 20°
Sul, faixa que corresponde à zona de distribuição da Mosca Tse-Tsé. Em algumas
regiões endêmicas, até 30% dos habitantes se encontram infectados. Na África
Central e Ocidental, área onde a Glossínea palpalus é o principal vetor, a
infecção ocorre ao longo dos rios, enquanto que na África Oriental a doença
ocorre nas áreas de Savana.
3.
Mecanismo de Controle
1) Educação Sanitária é
indispensável, caracterizando a importância da doença, seus mecanismos de
transmissão e os métodos a serem utilizados para reduzir a propagação da
doença. Há que convencer que a doença do sono é uma enfermidade evitável e não
um flagelo desencadeado por divindades vingativas.
2) Desmatamento Seletivo
em torno dos povoados e ao longo dos cursos de água, nas áreas onde a Glossínea
paupalus atua como o principal vetor.
3) Rociamento das paredes
internas e externas das residências humanas com inseticidas eficazes de ação
residual.
4) Redução da população de
glossíneas no ambiente, por intermédio da pulverização de piretróides, sob a
forma de aerossol, utilizando, inclusive, meios aéreos.
5) Descoberta de pacientes
infectantes e tratamento específico dos mesmos (pentamina) nos casos de
infecção por T.b.Gambiensis, que tem o homem como principal reservatório.
6) Rociamento dos rebanhos
com inseticidas a base de piretróide pode reduzir a população de moscas que
acompanham os rebanhos de gado doméstico e de animais silvestres.
7) Remoção de pessoas das
áreas infectadas para povoados livres da doença.
8) Uso de redes tipo
selva, para evitar as picadas durante o sono.
4.
Controle dos Pacientes, dos Contatos e de Meio Ambiente
1) A notificação à
autoridade sanitária local é recomendável, embora não seja obrigatória na
maioria dos países africanos.
2) Tratamento Específico -
Na fase inicial, a suscemina é a droga de escolha para as infecções causadas
pela T.b. rhodesiensis e a pentamina para as causadas pela T.b. gambiensis. O
Arsobal é o medicamento usado no tratamento das fases tardias das doenças.
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