22 maio 2020

TÍTULO VIII - TRIPANOSSOMÍASE AFRICANA – DOENÇA DO SONO CID – 086.5 - CODAR – HB. VTS/CODAR 23.108 - Caracterização - Dados Epidemiológicos - Agentes Infecciosos - Reservatórios - Agente Transmissor - O agente transmissor é a mosca tse-tsé, do gênero glossínea, por intermédio das seguintes espécies: - Glossínea palpalis - Glossínea tachinoides - Glossínea morsitans - Glossínea pallidipes - Glossínea s-ynnertoni - Glossínea fuscepe - Suscetibilidade e Resistência - Período de Incubação e de transmissibilidade - Distribuição - Mecanismo de Controle - Controle dos Pacientes, dos Contatos e de Meio Ambiente


TÍTULO VIII

TRIPANOSSOMÍASE AFRICANA – DOENÇA DO SONO CID – 086.5

CODAR – HB. VTS/CODAR 23.108


1. Caracterização

A Doença do Sono é uma doença infecciosa extremamente grave, que ocorre na África e é causada pelo Trypanossoma brucei gamibiense e pelo Trypanossoma brucei rhodesiense e é transmitida pela picada de uma mosca infectante do gênero glossínea, conhecida como Mosca Tse-Tsé.

Na fase inicial da doença, normalmente, aparece ulceração (cancro) no local da picada da mosca Tse-Tsé que serviu de porta de entrada para a infecção. A ulceração é normalmente acompanhada de febre alta, dor de cabeça (cefaléia) intensa, insônia, tumefação dos gânglios linfáticos, especialmente dos gânglios cervicais posteriores, inchaço (edema) no local da infecção, erupção da pele e anemia.

Nas fases avançadas, ocorre emagrecimento intenso (caquexia), sonolência, torpor e sinas de comprometimento do Sistema Nervoso Central.

A doença, quando não tratada precocemente, é freqüentemente fatal e a morte pode ocorrer em poucos meses, nos casos mais graves, ou após vários anos, nos casos de evolução crônica.

O diagnóstico, suspeitado em função do quadro clínico e dos dados epidemiológicos, é confirmado laboratorialmente, na fase aguda, pela identificação microscópica do tripanossoma em esfregaços corados do material puncionado nos gânglios linfáticos. Nas fases terminais, o tripanossoma pode ser identificado no líquido cefalorraquidiano. A inoculação em camundongos e a cultura, em meios apropriados, facilita o diagnóstico. O diagnóstico sorológico pode ser firmado por intermédio de reações imunofluorescentes e em provas de fixação de complemento.


2. Dados Epidemiológicos

a. Agentes Infecciosos

Os agentes infecciosos são protozoários hemoflagelados (que se apresentam com flagelos enquanto estão na corrente sangüínea) das espécies Trypanossoma brucei gambiensis e Trypanossoma brucei rhodesiensis. De um modo geral, os casos mais graves são provocados pela variedade rhodesiensis.


b. Reservatórios

O homem é o principal reservatório da variedade T.b. gambiensis, enquanto que os antílopes, o gado bovino e os búfalos são os principais reservatórios da variedade T.b. gambiensis.


c. Agente Transmissor

O agente transmissor é a mosca tse-tsé, do gênero glossínea, por intermédio das seguintes espécies:

- Glossínea palpalis;

- Glossínea tachinoides;

- Glossínea morsitans;

- Glossínea pallidipes;

- Glossínea s-ynnertoni;

- Glossínea fuscepe.


Diferentes dos mosquitos, as moscas macho também são hematófagos e atuam como transmissores da doença. No organismo da Glossínea, o parasita evolui, em 18 dias, até que sua forma infectante se localize nas glândulas salivares, onde permanece por toda a vida da mosca (3 meses).

Não há transmissão intraovular na mosca, mas existe transmissão hemoplacentária por transfusão para o homem.


d. Suscetibilidade e Resistência

A suscetibilidade é geral. A cura espontânea, embora possível, ainda não foi confirmada. Podem ocorrer quadros atípicos especialmente na fase aguda.


e. Período de Incubação e de transmissibilidade

Na infecção pelo T.b. rhodesiensis é de 2 a 3 semanas, mas por T.b. gamibiensis pode ser de meses e até anos. Enquanto o parasita estiver circulando no sangue da pessoa ou animal infectado, a transmissão é possível, podendo ocorrer, tanto na fase aguda como na fase crônica.


f. Distribuição

Esta doença acha-se circunscrita às regiões tropicais da África, entre os paralelos 15° Norte e 20° Sul, faixa que corresponde à zona de distribuição da Mosca Tse-Tsé. Em algumas regiões endêmicas, até 30% dos habitantes se encontram infectados. Na África Central e Ocidental, área onde a Glossínea palpalus é o principal vetor, a infecção ocorre ao longo dos rios, enquanto que na África Oriental a doença ocorre nas áreas de Savana.


3. Mecanismo de Controle

1) Educação Sanitária é indispensável, caracterizando a importância da doença, seus mecanismos de transmissão e os métodos a serem utilizados para reduzir a propagação da doença. Há que convencer que a doença do sono é uma enfermidade evitável e não um flagelo desencadeado por divindades vingativas.

2) Desmatamento Seletivo em torno dos povoados e ao longo dos cursos de água, nas áreas onde a Glossínea paupalus atua como o principal vetor.

3) Rociamento das paredes internas e externas das residências humanas com inseticidas eficazes de ação residual.

4) Redução da população de glossíneas no ambiente, por intermédio da pulverização de piretróides, sob a forma de aerossol, utilizando, inclusive, meios aéreos.

5) Descoberta de pacientes infectantes e tratamento específico dos mesmos (pentamina) nos casos de infecção por T.b.Gambiensis, que tem o homem como principal reservatório.

6) Rociamento dos rebanhos com inseticidas a base de piretróide pode reduzir a população de moscas que acompanham os rebanhos de gado doméstico e de animais silvestres.

7) Remoção de pessoas das áreas infectadas para povoados livres da doença.

8) Uso de redes tipo selva, para evitar as picadas durante o sono.


4. Controle dos Pacientes, dos Contatos e de Meio Ambiente 

1) A notificação à autoridade sanitária local é recomendável, embora não seja obrigatória na maioria dos países africanos.

2) Tratamento Específico - Na fase inicial, a suscemina é a droga de escolha para as infecções causadas pela T.b. rhodesiensis e a pentamina para as causadas pela T.b. gambiensis. O Arsobal é o medicamento usado no tratamento das fases tardias das doenças.

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