TÍTULO
V
SALMONELOSES
CID – 003
CODAR
– HB. ASL/CODAR 23.205
1.
Caracterização
As salmoneloses são
doenças infecciosas de contaminação fecal causadas por numerosas espécies de
bactérias do gênero Salmonella e que normalmente se manifestam sob a forma de
gastroenterite, seguida de enterocolite e que se iniciam de forma brusca com
dor abdominal, diarréia, náuseas e vômitos.
Os quadros de desidratação
que surgem em conseqüência das diarréias podem agravar-se rapidamente,
especialmente em crianças de pouca idade, exigindo a instituição de tratamento
hidratante.
Normalmente, o quadro
completa-se com febre alta, sensação de mal–estar, prostração, adinamia e
anorexia (perda do apetite) e a eliminação de fezes pastosas, típicas das
enterocolites, pode se manter por vários dias.
Em alguns poucos casos,
pode ocorrer septicemia, que corresponde à invasão e à multiplicação de
bactérias na corrente sangüínea e, nesta condição, podem aparecer focos de
infecção local e abcessos em diversos órgãos do organismo, como nas
articulações (artrites), vesícula biliar (colecistites), rins (pielonefrites),
coração (endocardites e pericardites), pulmões (pneumonias) meninges
(meningite) e pele (piodermites).
Os casos fatais são
bastante raros, exceto em crianças de tenra idade, pacientes idosos e pessoas
debilitadas.
2.
Dados Epidemiológicos
a)
Agentes infecciosos
Dos quase 2000 sorotipos e
espécies de bactérias do gênero Salmonella ,aproximadamente 200 já foram
identificadas em quadros patológicos humanos, sendo a Salmonella typhimurium a
mais correntemente identificada.
As Salmonellas typhi e
paratyphi causadoras das febres tifóide e paratifóide serão estudadas nos títulos
específicos e não serão consideradas no presente estudo.
b)
Reservatórios
As Salmoneloses ocorrem
preferencialmente em animais silvestres e domésticos, como aves, suínos,
bovinos e roedores, em animais de estimação, como cães, gatos e tartarugas e em
seres humanos.
c)
Distribuição Geográfica
As Salmoneloses ocorrem em
todos os quadrantes da Terra mas são notificadas, com maior freqüência, nos
países frios e temperados do Hemisfério Norte.
É possível que esta maior
incidência esteja relacionada com as particularidades do forrageamento dos
animais domésticos naqueles países. Nos Estados Unidos, ocorrem mais de
2.000.000 de casos anuais desta patologia.
3.
Mecanismos de Transmissão
Doenças
de contaminação fecal, as salmoneloses são transmitidas pela ingestão destes
microorganismos patogênicos presentes:
· em alimentos contaminados por fezes humanas,
de animais, durante a preparação, ou durante o armazenamento e distribuição;
· em leite que não foi fervido, nem
pasteurizado e em laticínios preparados sem normas rígidas de controle de
qualidade;
· em ovos crus e seus derivados, especialmente
quando a casca dos mesmos está rachada ou visivelmente suja;
· em forragens preparadas com resíduos de
produtos animais contaminados, como as farinhas de osso, de carne e de peixe e
as camas de frango ou fezes de porco utilizadas na alimentação de animais
domésticos;
· alguns surtos de grandes proporções foram
provocados pelo abastecimento público com água não clorada, especialmente em
circunstâncias de desastres naturais, como secas e inundações;
· surtos epidêmicos de salmonelose ocorrem em
conseqüência da ingestão de alimentos de origem animal, industrializados em
condições não condizentes com normas rígidas de controle de qualidade. As
indústrias mais vulneráveis são as de embutidos, de laticínios e de produtos
preparados com ovos;
· surtos epidêmicos, nitidamente localizados,
podem ocorrer em asilos de idosos, orfanatos, hospitais, pensionatos, albergues
e em abrigos provisórios, em conseqüência do uso de alimentos de origem
duvidosa ou da contaminação dos alimentos preparados, por resíduos de fezes
animais, como roedores.
4.
Períodos de Incubação e de Transmissibilidade
O período de incubação
varia entre um mínimo de 6 e um máximo de 72 horas, com médias de 12 a 36
horas. A transmissibilidade varia entre dias e semanas, sendo raros os
portadores crônicos que continuam transmitindo a patologia, após um ano.
5.
Medidas Preventivas
a) A cocção adequada de
todos os alimentos de origem animal e o controle dos alimentos prontos, para
evitar que os mesmos se contaminem, é de importância fundamental. Há que evitar
o consumo de ovos crus e de leite não fervido ou pasteurizado.
b) Os alimentos prontos
devem ser conservados em geladeiras, abaixo de 4 (quatro) graus centígrados, ou
em estufas térmicas, com temperaturas acima de 64 (sessenta e quatro) graus
centígrados, para se evitar a multiplicação de bactérias.
c) A educação sanitária
dos manipuladores de alimentos é indispensável. Há que ressaltar a importância
do asseio corporal, do corte das unhas, da lavagem escrupulosa das mãos, da
limpeza das instalações e dos equipamentos e utensílios de copa e cozinha, do
controle de insetos e roedores e das medidas de conservação de alimentos.
d) O controle dos roedores
é de capital importância para reduzir a ocorrência de surtos provocados pelas
Salmonellas typhimurium.
e) A vigilância sanitária
dos matadouros, açougues, usinas de pasteurização do leite e das demais
indústrias de alimentos é fundamental para evitar a ocorrência de surtos
epidêmicos. Há que ressaltar a importância do controle das indústrias que
manipulam ovos e produtos derivados.
f) A vigilância animal
deve se preocupar, prioritariamente, com o controle das rações de animais
estabulados, como farinhas de osso, farinhas de carne e farinhas de peixe, que
devem ser autoclavadas (esterilizadas) acima de 120 graus centígrados, para que
se tenha certeza da total destruição dos microorganismos. No Brasil, é proibido
alimentar herbívoros com produtos de origem animal.
g) Os portadores crônicos,
quando identificados, devem ser convenientemente tratados antes de voltarem a
trabalhar como manipuladores de alimentos ou em creches, asilos e hospitais.
6.
Controle dos Pacientes, dos Contactos e do Meio Ambiente
A notificação da
autoridade sanitária local é obrigatória nos surtos epidêmicos. Nos casos
isolados, basta o relato, a intervalos de tempo regulares, do número de casos.
No caso de pacientes
internados, o isolamento rigoroso é obrigatório, da mesma foram que as
atividades de desinfecção concorrente e terminal, com o objetivo de se evitar a
disseminação da doença no ambiente hospitalar.
A cultura de fezes de
todos os contatos, inclusive do pessoal de enfermagem, facilita o controle dos
surtos.
O tratamento indicado e
indispensável é a reidratação. A decisão de tratar com antibióticos os
pacientes debilitados deve ser precedida de antibiograma e deve ser continuada
pelo menos por 5 dias, após o desaparecimento de todos os sinais e sintomas da
infecção.
7.
Problemas Relacionados com a Defesa Civil
Em numerosos desastres
naturais, ocorre colapso no suprimento de água e surge a necessidade de
abastecer a população com carros-pipas.
Nestas condições, as preocupações com o
suprimento de água clorada e isenta de contaminantes devem se redobradas.
Nos períodos de seca do
Nordeste, a incidência de quadros de gastroenterites tende a triplicar.
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