TÍ T U L O I I
HEPATITE
A VÍRUS C CID – 070.5
CODAR
HB.SHC/CODAR 23.402
1.
Caracterização
O vírus da hepatite C só
foi isolado e evidenciado em 1989, por cientistas americanos.
Até a descoberta do vírus,
esta forma de hepatite era conhecida na literatura médica como “Hepatite não A
e não B ”.
Uma pequena percentagem de
pacientes com hepatites a vírus C costumam apresentar sintomas na fase inicial
e aproximadamente 80% dos casos desta doença só são diagnosticados quando
apresentam a forma crônica da doença.
O quadro típico da fase
aguda, quando ocorre, assemelha-se ao da hepatite a vírus B e o paciente
apresenta-se com os olhos amarelados, náuseas, febre pouco intensa e fezes
claras com urina escurecida.
Complicações
Aproximadamente 50% dos
pacientes crônicos desenvolvem um quadro clínico de cirrose hepática, como
conseqüência de destruição gradual das células hepáticas (hepatócitos) e
substituição das mesmas, por tecido cicatricial de natureza fibrosa.
Dependendo
da agressividade da cepa do vírus infectante, o quadro de cirrose hepática pode
ocorrer num período de tempo que varia entre 7 (sete) e 20 (vinte) anos.
Aproximadamente 8% dos
pacientes crônicos podem apresentar, alguns anos depois, câncer primitivo do
fígado.
Os sinais e sintomas da
cirrose hepática crônica são cansaço intenso aos pequenos esforços, edemas
(inchaço) dos membros inferiores, sangramentos, especialmente gengivais.
Numa segunda fase, ocorrem
sinais de hipertensão venosa no território abdominal, com ascite, circulação
venosa colateral e hemorragias das varizes de esôfago, com vômitos
sanguinolentos.
Em alguns pacientes, os
vírus permanecem em repouso, sem causar nenhum dano, por um tempo
indeterminado, caracterizando o portador crônico do vírus C.
Diagnóstico
Laboratorial
O diagnóstico causal
(etiológico) depende da identificação de anticorpos relacionados com o vírus
“C”, por intermédio de provas de rádioimunoensaio, com marcadores que
demonstrem, no soro sangüíneo do paciente, a existência de “anticorpos
plasmáticos” relacionados com o vírus C da hepatite.
O teste sangüíneo PCR
(polymerase chain reaction) confirma a presença do vírus C da hepatite, no
sangue do paciente infectado.
A agressão às células
hepáticas, ou hepatócitos, é caracterizada pela elevação da transaminase
pirúvica, com a fosfatase alcalina em níveis normais ou ligeiramente
aumentados.
2.
Dados Epidemiológicos
O agente infeccioso é o
vírus da hepatite C – VHC, que apresenta características semelhantes ao vírus
da hepatite B e, até o momento, apresenta 9 (nove) subtipos identificados.
A hepatite a vírus C é
encontrada em todos os países do mundo e, até 1989, era a hepatite
pós-transfusional que ocorria mais freqüentemente nos Estados Unidos,
especialmente com sangue colhido de doadores remunerados. A prevalência do VHC
é maior em determinados grupos de risco, como dependentes de drogas,
homossexuais masculinos, prostitutas e prostitutos, pessoas sexualmente
promíscuas e pacientes freqüentemente submetidos à hemodiálise e que receberam
transfusões antes dos testes de identificação do vírus serem padronizados pelos
Centros de Hemoterapia.
A partir da década de 90,
a exigência da pesquisa sistemática de Ag HCs nos sangues coletados nos Centros
de Hemoterapia contribuiu para reduzir os riscos de contaminação através das
transfusões de sangue.
O uso de agulhas e
seringas contaminadas e relações sexuais com pessoas promíscuas, sem usar
preservativos, pode ser causa de transmissão da hepatite a vírus C.
Mecanismos
de Transmissão
Da mesma forma que o HVB,
o vírus da hepatite “C” é infectante a partir das seguintes secreções
corporais: sangue, sêmen, secreções vaginais e, possivelmente, saliva.
A
transmissão pode ocorrer por intermédio de:
- exposição pericutânea,
que pode ser endovenosa, intra-arterial, intramuscular, subcutânea ou
intradérmica;
- contato das secreções
corporais, com mucosas bem irrigadas, especialmente durante as relações
sexuais;
- a transmissão da mãe
para o filho, por intermédio da placenta ou do leite materno, pode ocorrer no
caso das mães contaminadas.
O sangue e os
hemoderivados podem transmitir a infecção, quando coletados de pacientes
infectados pelo vírus “C”.
Entre os profissionais de
saúde , a exposição a secreções contaminadas de pacientes portadores crônicos
pode provocar a transmissão.
O período de incubação varia entre 2 semanas e 6
meses. A transmissibilidade ocorre a partir da segunda semana e pode se manter
durante anos nos portadores crônicos.
A suscetibilidade é geral
e a enfermidade tende a ser mais grave entre os adultos e idosos.
3.
Medidas Preventivas
Como ainda não foi
preparada a vacina contra o vírus C da hepatite, as principais medidas
preventivas relacionam-se com a educação sanitária e com os cuidados com as
transfusões.
A
educação sanitária deve ressaltar a importância da doença, os riscos de
complicações, como cirrose hepática e o câncer, e a necessidade de cortar
contatos:
- com agulhas e seringas
utilizadas por outras pessoas;
- com material de penso,
instrumentos utilizados por dentistas, manicures e em acupuntura, que não sejam
adequadamente esterilizados;
- sexuais, sem o uso de
preservativos, com pessoas desconhecidas e que não tenham se submetido
recentemente às rotinas de exame de doadores de sangue.
As transfusões de sangue
devem ser limitadas às estritamente necessárias, utilizando, sempre que
possível, doadores testados do ciclo familiar.
O exame de todo o sangue
coletado, a partir de 1991, nos Institutos de Hemoterapia idôneos, para excluir
os positivos para Ag HCs e a cuidadosa triagem dos doadores com antecedentes de
hepatite ou pertencentes aos chamados grupos de risco está reduzindo riscos de
contaminação.
Desaconselha-se
formalmente o comércio sexual e a prática de tatuagens e aconselha-se o uso
sistemático de preservativos durante a relação sexual.
Medidas
de Controle
Os portadores de vírus
devem ser informados sobre os mecanismos de transmissão e devem ser mantidos
sob vigilância sanitária, para que não se apresentam como doadores de sangue.
As provas de função
hepática, a ultra-sonografia e a biopsia de fígado permitem o diagnóstico
precoce das complicações e o tratamento específico das mesmas.
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