22 maio 2020

TÍTULO VIII - SHYGELOSE (Disenteria Amebiana) CID – 004 - CODAR – HB. ASH/ CODAR 23.208 - Caracterização - Dados Epidemiológicos - Agentes Infecciosos - Reservatório - Mecanismos de Transmissão - Períodos de Incubação e de Transmissibilidade - Distribuição - Medidas Preventivas - Controle dos Pacientes, dos Contatos e do Meio Ambiente Imediato


TÍTULO VIII

SHYGELOSE (Disenteria Amebiana) CID – 004

CODAR – HB. ASH/ CODAR 23.208


1. Caracterização

A shygelose é uma doença infecciosa aguda, que compromete preferencialmente o intestino grosso e se caracteriza por apresentar diarréia, acompanhada de febre, cólicas abdominais, náuseas, vômitos e tenesmo, ou seja, uma sensação de dor na região anorretal, acompanhada de urgência em defecar, com eliminação de poucas fezes.

As fezes costumam ser aquosas ou pastosas e acompanhadas de muito muco ou catarro, sangue e pus. Podem ocorrer infecções assintomáticas.

A gravidade da doença depende da idade do paciente e de seu estado nutricional, da dose infectante e da espécie e sorotipo do microorganismo que atua como agente infectante.

Os quadros mais graves ocorrem em crianças, em idosos e em hiponutridos. Normalmente os surtos mais graves são provocados pela Shygella dysenteriae 1, com taxas de mortalidade superiores a 20%, em pacientes não tratados, enquanto que os mais brandos são os provocados pela Shygella sonnei.



2. Dados Epidemiológicos


a) Agentes Infecciosos

Os agentes infecciosos são bactérias do gênero Shygella (bacilo de Shiga), com 4 espécies e aproximadamente 30 sorotipos diferentes. As quatro espécies infectantes são as seguintes: Shygella dysenteriae, S. flesnei, S. boydii e S. Sonnei.


b) Reservatório

Embora tenham sido relatados surtos epidêmicos em colônias de primatas, o homem se comporta como o único reservatório de importância epidemiológica.


c) Mecanismos de Transmissão

As shigeloses são doenças de contaminação fecal veiculadas por alimentos e águas impuras contaminados, direta ou indiretamente, por estes microorganismos infectantes.

Os principais responsáveis pela transmissão são os pacientes agudos e, principalmente, os portadores de germes, que não lavam as mãos após defecar e antes de manipular alimentos e de cuidar de crianças, quando têm unhas grandes, sujas e contaminadas.


3. Períodos de Incubação e de Transmissibilidade

A incubação varia entre 1 e 7 dias. A transmissibilidade, nos pacientes tratados, se mantém por aproximadamente 4 semanas, podendo persistir por anos nos pacientes crônicos.


4. Distribuição

As infecções por Shigelas ocorrem em todos os países do mundo e, embora todas as pessoas sejam susceptíveis, os casos graves ocorrem em criança, idosos e pacientes hiponutridos.

Os estratos populacionais menos favorecidos e as comunidades que não são apoiadas por serviços de saneamento básico são mais vulneráveis às shigeloses e às demais doenças de contaminação fecal.


5. Medidas Preventivas

A redução das disenterias bacterianas depende, em última análise, de medidas de saneamento básico, educação sanitária, vigilância epidemiológica e vigilância sanitária.

1) No que diz respeito ao saneamento básico, há que ressaltar o esgoto sanitário de fezes e das águas negras, o tratamento e a distribuição de água potável, a limpeza urbana, o recolhimento e a destinação sanitária do lixo e o saneamento das unidades residenciais.

2) No que diz respeito à educação sanitária, há que ressaltar a importância do controle das doenças de contaminação fecal, para garantir a redução da mortalidade infantil, o asseio corporal, a higiene das habitações, a higiene da alimentação, especialmente a relacionada com o preparo e a conservação dos alimentos.

3) A Vigilância Sanitária poderá controlar a qualidade dos alimentos produzidos nas indústrias alimentícias e em estabelecimentos, como restaurantes, bares, confeitarias, padarias, hotéis, creches e asilos de idosos.

4) A Vigilância Epidemiológica poderá identificar surtos epidêmicos e esclarecer as fontes de infecção, os mecanismos de transmissão e os cuidados especiais que devem ser tomados para dominar estes surtos.


6. Controle dos Pacientes, dos Contatos e do Meio Ambiente Imediato

1) A notificação e a identificação e estudo minucioso do surto endêmico são de extrema importância, especialmente quando envolve creches, asilos, escolas, albergues e abrigos temporários de pessoas desabrigadas por desastres.

2) Nos hospitais e nas creches, a lavagem cuidadosa das mãos deve ser considerada como um ritual de extrema importância, para evitar a propagação mecânica das infecções.

3) O isolamento de pacientes com disenteria bacilar na fase aguda é de capital importância para evitar a disseminação da doença no ambiente hospitalar. Uma especial atenção deve ser dada à desinfecção concorrente e terminal das fezes e objetos contaminados (fômites), para bloquear a propagação do surto.

4) A reidratação oral ou endovenosa dos pacientes com diarréia intensa é de capital importância para reduzir a mortalidade. É aconselhável que o tratamento específico seja precedido de antibiograma, ministrado em doses adequadas e mantido até que se tenha certeza da cura completa.

5) Pacientes com disenteria crônica ou portadores de germes não devem cuidar de criança nem manipular alimentos, até que se comprove a cura total, mediante dois exames de fezes negativos coletados com 24 a 48 horas de intervalo, após o tratamento completo da enfermidade com antibióticos adequados.

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