22 maio 2020

TÍTULO I - AMEBÍASE - CODAR – HB. AAM/CODAR 23.201 - Caracterização - Dados Epidemiológicos - Agente Infeccioso - Reservatórios - Mecanismos de Infecção - Período de Incubação e de Transmissão - Medidas de Controle - Controle dos Pacientes, dos Contatos e do Meio Ambiente - Problemas Relativos à Defesa Civil


TÍTULO I

AMEBÍASE

CODAR – HB. AAM/CODAR 23.201

1. Caracterização

A amebíase é uma doença infecciosa causada por um protozoário da espécie Entamoeba histolítica. Este protozoário pode comportar-se como um comensal e conviver no interior do intestino humano, sem causar doença, ou pode exaltar sua virulência e invadir os tecidos orgânicos e provocar doença intestinal ou extra-intestinal. Na grande maioria das vezes, os portadores de amebas são assintomáticos e atuam como fontes insuspeitadas de transmissão da doença.

A doença intestinal pode apresentar-se de forma aguda – disenteria amebiana – ou sob a forma crônica. A disenteria amebiana apresenta-se de forma aguda, com febre e calafrios e se caracteriza por apresentar diarréia persistente, que pode ser sanguinolenta ou mucóide. 

A forma crônica pode se apresentar com uma sensação de desconforto abdominal leve, com períodos de diarréia mucosanguinolenta, alternando com períodos de remissão ou de constipação e prisão de ventre.

Podem ocorrer granulomas amebianas nas paredes do intestino grosso de pacientes com disenterias intermitentes ou colites de longa duração. Também podem ocorrer ulcerações de pele na região perianal, que se comportam como extensão das lesões intestinais.

Nos casos de doença extra-intestinal, a disseminação das amebas, por via sanguínea, pode provocar abscessos amebianos no fígado e, mais raramente, nos pulmões e no cérebro.

O diagnóstico laboratorial, normalmente, é feito pelo exame microscópio de fezes frescas, esfregaços obtidos por protoscopia, cortes histológicos e aspiração de abscessos. O exame deve ser feito por microscopista experiente.



2. Dados Epidemiológicos


a) Agente Infeccioso

A Entomoeba histolitica pode apresentar-se sob a forma de cisto, que é a forma altamente resistente às condições ambientais adversas, e a de trofozoítos, que é a forma infectante, pouco resistente às adversidades ambientais.


b) Reservatórios

Os principais reservatórios são os pacientes crônicos e assintomáticos, que permanecem eliminando cistos durante muitos anos.


c) Mecanismos de Infecção

Durante surtos epidêmicos a propagação é veiculada principalmente pela água contaminada por fezes humanas ricas em cistos de ameba patogênica. A propagação endêmica ocorre por transferência das amebas das fezes contaminadas, por intermédio de:

- mãos sujas de manipuladores de alimentos;

- vegetais crus contaminados por água, mãos sujas e insetos que atuam como vetores mecânicos.


A transmissão sexual pode ocorrer por contato oral-anal, especialmente entre homossexuais masculinos.

Os pacientes com disenteria aguda apresentam riscos limitados de contágio, devido à fragilidade dos trofozoítos e à ausência de cistos.


d) Período de Incubação e de Transmissão

A incubação varia entre dias, meses e anos. Mas, na maioria das vezes, varia entre 2 e 4 semanas. A transmissibilidade ocorre durante o período de eliminação de cistos e pode continuar por anos.


e) Medidas de Controle

1. Remoção adequada das fezes humanas e elevação da qualidade de vida dos estratos populacionais mais vulneráveis.

2. Proteção da água de abastecimento público contra riscos de contaminação fecal. A filtração da água por filtros de areia remove quase todos os cistos de ameba e, por filtros de terra diatomácea, remove todos. A cloração não destrói os cistos, e o tratamento na solução iodada (Lugol) demonstrou ser mais eficiente. A fervura das águas suspeitas é o método mais eficaz.

3. Educação Sanitária é o método mais eficiente para despertar a comunidade para a importância das doenças de contaminação fecal, para as medidas de asseio corporal, especialmente lavagem das mãos, após defecar e antes de preparar alimentos e de se alimentar. Divulgação sobre os riscos de ingerir vegetais crus e de beber água de procedência duvidosa e importância da eliminação sanitária das fezes.

4. Atuação da Vigilância Sanitária na fiscalização das pessoas que manipulam alimentos e dos locais onde os mesmos são manipulados, com especial atenção para as atividades relativas à higiene da alimentação e ao asseio corporal.

5. Controle de insetos, que podem atuar como vetores mecânicos destas enfermidades.


f) Controle dos Pacientes, dos Contatos e do Meio Ambiente

1. Remoção sanitária das fezes

2. Investigação dos contatos e das fontes de infecção, mediante exame microscópio das fezes dos suspeitos.

3. Tratamento Específico - O tratamento efetivo dos casos detectados de amebíase aguda e de eliminadoras de cistos é a medida mais efetiva para controlar as fontes de infecção desta doença.


g) Problemas Relativos à Defesa Civil

A alteração das condições sanitárias normais e dos controles sobre a água e a alimentação podem favorecer a eclosão de surtos de amebíase, especialmente nos casos de estratos populacionais com grande número de eliminadores de cistos.

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