26 maio 2020

MANUAL DE DESASTRES HUMANOS - VOLUME II - Recuperação e Reabilitação dos Dependentes de Drogas - Dificuldades - Técnicas de Reabilitação - Particularidades Técnicas


9. Recuperação e Reabilitação dos Dependentes de Drogas

a. Dificuldades

Não é fácil reabilitar e recuperar dependentes de drogas. O diagnóstico precoce é de capital importância para aumentar as expectativas de cura.

Programas impostos de caráter coercitivo e policialesco não apresentam bons resultados. Enquanto são desintoxicados, os dependentes de drogas devem ser convencidos de que a reabilitação e a recuperação respondem a seus interesses pessoais.


b. Técnicas de Reabilitação

O desenvolvimento destes projetos depende da criação de Centros de Desintoxicação e de Reabilitação e da Organização de Equipes Multidisciplinares orientadas para a solução dos problemas.


Normalmente, as equipes multidisciplinares são constituídas pelos seguintes profissionais de nível superior e médio:

-  médicos e enfermeiros, com treinamento em desintoxicação e reabilitação de drogados;

-  psicólogos, terapeutas ocupacionais, músico-terapeutas, assistentes sociais e professores de Educação Física;

-  técnicos em recreação, artistas plásticos e artistas cênicos com experiência em teatralização terapêutica.


A metodologia de trabalho mais eficiente é a de “Comunidade Terapêutica” , que foi amplamente utilizada na Itália, quando se decidiu esvaziar os manicômios. De acordo com esta metodologia, a equipe técnica e os assistidos se organizam numa grande comunidade, que debate os programas de reabilitação, e os harmonizam com os interesses do grupo.

O objetivo primordial dos programas é fortalecer a auto-estima, debater todas as angústias e inseguranças que levaram as pessoas a se drogarem e fortalecer a vontade de resistir à dependência de drogas.



c. Particularidades Técnicas


Nas sessões de terapia de grupo, os indivíduos são induzidos a:

-  integrar-se ao grupo e dividir com os demais as suas angústias e as suas pequenas vitórias;

-  verbalizar todas as suas angústias e incertezas e computar todas as suas pequenas vitórias e desenvolver um intenso intercâmbio de vivências e de técnicas de apoio mútuo;

-  estudar a história natural das “enfermidades” apresentadas e levantar os pontos comuns com suas próprias “histórias”;

-  firmar a convicção de que devem romper definitivamente com seu grupo anterior e com os narcotraficantes.


Estas ações, em que os indivíduos se identificam com os demais integrantes das comunidades terapêuticas e, em atividades de apoio mútuo, compartilham com os demais suas angústias e inseguranças, e suas pequenas vitórias são de extrema importância.

A teatralização das “histórias naturais” das “doenças”, a busca das raízes do problema e a formulação das expectativas de cura, escritas “a muitas mãos” pelas pessoas em recuperação, com o apoio de um artista cênico e de um psicólogo, apresentam um notável efeito de catarse.

Desde a antiga Grécia, as tragédias vêm produzindo um efeito altamente salutar, ao conscientizar vivências emocionais reprimidas pelo consciente, e reduzindo seus efeitos traumatizantes sobre as personalidades. Os psicodramas devem ser valorizados.

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