II
Entretanto deu-se um acontecimento que, embora de
pouca importância, muito contrariou Eugénio. Ele, que até aí levara uma vida de
rapaz solteiro, tivera, como é natural, relações com mulheres de diferentes
classes sociais. Não era um devasso mas, segundo ele próprio afirmava, também
não era um monge. Por isso gozara da vida tanto quanto lhe exigia a saúde do
corpo e a liberdade do espírito. Desde os dezesseis anos que tudo lhe correra
bem
e não se corrompeu nem contraiu qualquer doença. Em S.
Petersburgo fora amante de uma costureira; porém, como esta adoecesse, procurou
substitui-la, e a sua vida em nada se modificara.
Mas desde que, havia dois meses, se tinha instalado no
campo, não voltara a ter relações com qualquer mulher. Uma continência tal
principiava a enervá-lo. Precisaria de ir à cidade.
Eugénio Ivanovitch começou a seguir com uns olhos
concupiscentes as raparigas que encontrava. Sabia bem que não era bonito
ligar-se a qualquer mulher do campo. Sabia, isto pelo que o informaram, que o
pai e o avô tiveram uma conduta que sempre se distinguira dos outros
proprietários, nunca se metendo com as criadas de casa ou as jornaleiras. Por
isso, resolveu seguir-lhes o exemplo. Mas, com o tempo, sentindo-se cada vez
mais inquieto, pensou que seria possível arranjar uma mulher, isto sem que
ninguém o soubesse... Quando falava com o staroste ou com os carpinteiros,
encaminhava a conversa para o assunto, prolongando-a propositadamente.
Entretanto, sempre que se lhe proporcionava o ensejo, olhava para as camponesas
com mal contido interesse.
Barros Vital
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