RESERVA DuCKE
Neste livro apresentamos as cobras da região de Manaus, estado do Amazonas, mas
a maioria das espécies aqui presentes foi encontrada durante nossos estudos na
Reserva Ducke, localizada na periferia norte do município (Figura 34).
A
reserva foi criada em 1963, e é administrada pelo Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (INPA), com uma área total de pouco mais de 100 km2.
Inicialmente foi utilizada para experimentos de silvicultura em cerca de 2% de seu território, mas em 1972 foi declarada reserva biológica e sua cobertura vegetal foi mantida intacta.
A
cobertura vegetal predominante da Reserva Ducke é de floresta de terra firme, o
que significa que não está sujeita a inundações por longos períodos, como
florestas de várzea e igapó, próximas aos grandes rios.
Em
uma visão geral, a floresta de terra firme presente na Reserva aparenta ser
bastante homogênea com relação à estrutura física, com pouca variação no solo e
vegetação, principalmente relacionada à altitude.
No
entanto, estudos recentes têm demonstrado que diferenças muitos sutis entre
locais no interior da reserva podem fazer muita diferença para alguns
organismos, como por exemplo, as cobras.
O que parece superficialmente semelhante para humanos, pode ser um mosaico de lugares bons e ruins para outras espécies.
Um
grande platô central divide a Reserva Ducke no sentido norte-sul, separando
duas bacias hidrográficas.
Na
porção oeste, encontram-se igarapés de água preta, que deságuam em tributários
do Rio Negro, e na porção leste estão presentes igarapés de água cristalina,
que alimentam tributários do Rio Amazonas.
Como
a maioria das nascentes dos igarapés está no interior da Reserva, eles
geralmente não são poluídos.
No
entanto, a cidade está avançando rapidamente em direção às fronteiras da
Reserva, e possivelmente o destino da Reserva Ducke é ser convertida em um
grande parque urbano, e algumas formas de poluição deverão atingir o seu interior.
Figura 34 - A Reserva Ducke está localizada ao norte do município de Manaus. A cidade, representada pela coloração rosa, avança em direção à Reserva, e ela possivelmente será convertida em um grande parque urbano.
Muitos
estudos têm sido conduzidos na Reserva Ducke ao longo de anos, especialmente
após ter sido inserida como sítio de pesquisa em alguns importantes programas,
como o PELD – Pesquisas Ecológicas de Longa Duração, do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o PPBio – Programa de
Pesquisa em Biodiversidade, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
(MCTI). De fato, a Reserva Ducke é um ótimo local para pesquisa, porque
apresenta extensa área de floresta bem conservada e é muito próxima do centro
urbano de Manaus. Se por um lado a proximidade da Reserva com a cidade
representa um risco para a conservação da floresta e de todas as espécies que a
habitam, por outro lado facilita muito a logística de pesquisas científicas.
A
Reserva Ducke tem uma ótima infraestrutura, com trilhas bem definidas e demarcadas
com piquetes, acampamentos em locais estratégicos e uma base com alojamentos,
estação de rádio, sala de aula e laboratório. A Reserva também é utilizada como
uma grande sala de aula a céu aberto. Professores de ensino fundamental, médio
e superior podem levar seus alunos ao Jardim Botânico localizado na borda sul
da Reserva, o qual também é aberto ao público em geral.
A
Reserva também foi privilegiada com trabalhos de campo para duas teses sobre
comunidades de cobras (Martins, 1994; Fraga, 2009), bem como para outros
estudos em nível de populações.
Por
causa da dificuldade de detecção de cobras, e do grande número de espécies,
apenas esforços contínuos e cooperativos podem revelar a sua incrível
diversidade.
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