Considerações finais
Desde
o surgimento do Sistema Resgate em meados de 1989, o Grupo de Resgate e Atenção
às Urgências possui um importante papel no Atendimento Pré-Hospitalar à vítimas
politraumatizadas e no suporte à eventos com múltiplas vítimas e cenários de
desastres, juntamente ao Corpo de Bombeiros e o Grupamento de Radiopatrulha
Aéreo.
Os
médicos e enfermeiros que fazem parte do GRAU passam por treinamentos extensivos,
nos mais diversos cenários, tais como resgate em altura, resgate em estruturas
colapsadas, resgate em mata fechada, situações de sequestro, deslizamentos,
soterramentos e incêncios. A tropa de elite do resgate médico da Secretaria de
Estado da Saúde esteve presente em incidentes como a queda do avião dos Mamonas
Assassinas, na explosão do Osasco Plaza Shopping em 1996, desastres naturais
como os deslizamentos na região serrana do Rio de Janeiro em 2011.
Na
cidade de São Paulo, o GRAU atua a partir de cinco bases estrategicamente
posicionadas para acessar todas as regiões. Porém cada equipe composta apenas
por médico, enfermeiro e bombeiro tem uma área de cobertura muito vasta para
atender, e não bastante a grande distância, cada região tem particularidades
geográficas, em alguns casos até mesmo áreas rurais.
Tendo
em vista a soma dos fatores anteriores, é nítido que a viatura utilizada nos
deslocamentos necessita ser versátil, robusta e segura. Atualmente, o GRAU
utiliza a USA - Unidade de Suporte Avançado, diferentemente de uma ambulância
convencional, a USA é um veículo de intervenção, o que quer dizer que não
transporta vítimas. Isto se deve ao fato que mais importante que o transporte
da mesma, é o tempo de chegada até da equipe até o local da ocorrência. A
rápida estabilização da vítima aumenta drásticamente as chances de
sobrevivência, uma vez estabilizada, uma viatura de transporte leva a vítima
até a unidade de tratamento mais adequada.
A
pesquisa iniciou-se indagando se a USA supria as necessidades dos profissionais
que tripulam a mesma, e se existem deficiências a serem trabalhadas. Através de
pesquisas etnográficas, entrevistas e filmagens de ocorrências constatou-se que
em diversos aspectos a Unidade de Suporte Avançado apresentava falhas, de
caráter ergonômico, construtivo e operacional.
Estes
pontos a serem melhorados foram segmentados e trabalhados individualmente, para
que cada ítem pudesse ser devidamente otimizado e performar de maneira
eficiente, utilizando os conhecimentos adquiridos no decorrer do curso de
Design de Produtos. Uma das áreas utilizadas na concepção do projeto foi o
Design Universal, ou Design Centrado no Usuário como também é conhecido. Esta
vertente do design coloca as necessidades e anseios do usuário como centro do
projeto, e tudo é criado a partir daí.
Falando
um pouco mais a fundo dos princípios do Design Universal, este começa com uma
boa compreensão das pessoas e das necessidades que esse design precisa suprir.
Esta compreensão vem primeiramente através da observação, porque as próprias
pessoas muitas vezes não estão cientes das próprias necessidades verdadeiras,
ou não percebem as dificuldades que passam diariamente. E este foi um dos
grandes desafios do presente projeto, se colocar no lugar dos profissionais que
utilizam a viatura diariamente, e sentir quais as dificuldades que passam
diariamente.
O
projeto teve como principal objetivo, apontar os problemas presentes não
somente na Unidade de Suporte Avançado, como em diversos veículos de
emergência, trazendo à tona as negligências e descasos
que
estes veículos tem em seu processo de transformação para tornar-se uma viatura
de resgate , e demonstrar como o design pode ser contribuir na melhoria das
condições de trabalho e na qualidade dos deslocamentos e atendimentos do Grupo
de Resgate e Atenção às Urgências. As soluções apresentadas não são
definitivas, porém demonstram as possibilidades de campos que podem ser
aprimorados futuramente e tecnologias novas que possam ser aplicadas a outros
veículos de emergência.
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