2.1.4 – Condutividade elétrica da água - Desde o
aparecimento da eletricidade, considera-se inadequado o uso da água como
agente extintor para incêndios de Classe C, devido a condutividade elétrica que
a água apresenta, tendo em vista as substâncias usadas em seu processo de
potabilidade, causando danos à segurança do operador. O meio mais comum de
combate a incêndios desta classe, é a eliminação da fonte de corrente elétrica
para, só depois, promover a extinção utilizando água, ou simplesmente, utilizar
um outro agente extintor que não seja condutor de corrente elétrica.
2.1.5 – Água molhada - A tensão superficial da água é relativamente alta, causando a diminuição de sua capacidadede penetração nos combustíveis incendiados, impedindo que ela se espalhe no interior das embalagens, fardos ou materiais empilhados. A solução deste problema seria a imersão do material que queima na água, o que na prática raramente se consegue. Quando um incêndio tem origem no interior de uma massa combustível, para extinguí-lo é necessário abrir e desmontar a massa combustível, atingindo assim, os focos no interior da mesma, ou então empregar-se um aditivo humectante (água molhada), que diminui a tensão superficial da água, fazendo-a penetrar na massa combustível e facilitando a extinção. O uso da água molhada é de grande valor para o combate a incêndios em materiais da Classe A, penetrando através da superfície porosa e, como também, permitindo que a solução alcance áreas ocultas dos materiais, que encontram-se fortemente prensados, como fardos de algodão, pilhas de capim, papel, madeira, etc., evitando a reignição de incêndios. Quando utilizada, propicia grande economia de água, inclusive em rescaldos, sendo indicada para o combate a incêndios florestais. Possui ação de penetração também em corpos que repelem a água como a lã virgem e outros materiais hidrófogos.
2.1.6 – Água viscosa - A água apresenta uma baixa viscosidade, isto limita sua capacidade de penetração na massa do material incendiado, fazendo com que escorra rapidamente das superfícies em que é aplicada, diminuindo a possibilidade de se fazer uma cobertura nas superfícies dos combustíveis na forma de uma barreira. Foram desenvolvidos aditivos, denominados água viscosa, com a finalidade de tornara água mais grossa ou viscosa, os quais a tornam mais eficiente no combate de determinados tipos de incêndios. Estudos preliminares em sistemas fixos revelaram que com a utilização de água viscosa o domínio do fogo é mais rápido e utiliza-se menor quantidade de água. Também foi verificado que as áreas destruídas diminuem em relação aos sistemas com água pura. Durante os testes os sistemas fixos sofreram várias modificações para acomodar aditivos. Atualmente o maior emprego da água viscosa é no combate de incêndios florestais e incêndios em grandes estruturas onde se produz muita energia calorífica e muito calor de irradiação.
2.1.7 – Água rápida - Água rápida é o
nome dado aos aditivos utilizados na alteração das características do fluxo da
água. A perda de carga por fricção é um problema sempre presente nos
equipamentos de combate a incêndio. Influenciam na perda de carga o comprimento
das canalizações e mangueiras e a quantidade de água bombeada. O combate a
incêndio exige jatos de alta velocidade que geram turbulências, resultando, em
troca, na fricção entre as partículas de água. Esta fricção contribui com cerca
de 90 % da perda de
pressão nas mangueiras e canalizações de boa qualidade. A perda depressão por
fricção entre as paredes das mangueiras e tubos e a água que flui no seu
interior contribui com apenas 5 a 10 % da perda. Pesquisas realizadas a partir
do ano de 1948 revelaram que polímeros lineares (polímeros que formam uma cadeia
reta sem braços) são os aditivos mais eficientes para a redução da perda
de fricção nestes casos.
2.1.8 – Água no combate a incêndios em líquidos
inflamáveis e combustíveis derivados do petróleo - Os líquidos
derivados do petróleo (óleos pesados combustíveis, óleos lubrificantes, e
outros) de alto ponto de fulgor, não produzem vapores inflamáveis a menos que
sejam previamente aquecidos. Uma vez aquecidos e incendiados, o calor do fogo
proporcionará suficiente vaporização para continuação da combustão. Com a
aplicação de água em forma de neblina na superfície destes líquidos, o
resfriamento provocará a queda da vaporização e, se a aplicação for continuada,
haverá suficiente resfriamento para a extinção do fogo. A água tem sua capacidade
extintora limitada em líquidos inflamáveis derivados do petróleo de baixo ponto
de fulgor. A água aplicada na superfície de um destes líquidos acondicionado em
um tanque, incorrerá em riscos, onde poderão existir a ocorrência do
“slip-over”, fenômeno que se caracteriza pela formação de uma espécie de espuma
e possível vaporização da água em contato com as camadas superiores do líquido
inflamado, podendo ainda ocorrer o “boil-over”, devido ao acúmulo de água nas
camadas mais profundas do líquido, quando este estiver aquecido a mais de 100ºC,
causando a vaporização instantânea da água, a expansão violenta dos vapores
formados (aumento de 1700 vezes) e uma saída em forma de erupção, arrastando
consigo o líquido em combustão. Em função do “boil-over”, nunca se deve utilizar
jato compacto nestes tipos de ocorrências e a água em forma de neblina somente
poderá ser usada na superfície do líquido em combustão, noinício do incêndio
onde as camadas inferiores ainda não foram aquecidas. A água na forma nebulizada
(pulverizada) pode extinguir incêndios em pequenas extensões de líquidos
inflamáveis, tendo como princípio de extinção o resfriamento das chamas abaixo
da temperatura mínima de combustão.
2.1.9 – Água em metais combustíveis - Quando se
combate incêndio em metais combustíveis, deve-se evitar o uso de água, pois
a reação pode gerar riscos para o Bombeiro. Contudo, como a água é o agente
extintor com maior poder de resfriamento e também o mais fácil de ser obtido em
grande quantidade, veremos alguns tipos de metais combustíveis,
sua possibilidade de uso e a maneira de se empregar a água como agente extintor,
de modo que se obtenha a redução da temperatura do metal abaixo do seu ponto de
fulgor.
a) Sódio, Potássio, Lítio, Cálcio, Estrôncio e Titânio -
Não
se deve usar a água nos metais citados, pois haverá uma reação química que
produzirá reignição e/ou uma explosão.
b) Zircônio - Não se deve aplicar pequenas
quantidades de água ou jatos compactos em zircônio incendiado, pois há risco de
violentas reações, visto que, quando pulverizado e um edecido, ozircônio queima
mais violentamente. A imersão da parte incandescente em água é a melhor opção.
c) Metais radioativos (plutônio, urânio e tório) - O combate a
incêndios em metais radioativos encontrados em condições naturais
(sem enriquecimento) é idêntico ao do zircônio, pois em pequenas quantidades de
água, eles também reagem. Porém, existe também o risco da contaminação. Em
combates a incêndios nestes materiais, deve-se evitar a contaminação dos
Bombeiros, através de EPI (roupas impermeáveis, luvas, protetores de face,
etc.), e do meio ambiente, com a deposição do material incandescente em tambores
com água usando-se pás de cabo longo.
d) Magnésio - As característica do magnésio são iguais às do zircônio, mas também pode ser extinto com a água neblinada ou nebulizada (pulverizada) sobre pequenas quantidades de magnésio. A aplicação da água em incêndios de magnésio onde haja a presença de metal fundido deve ser evitado, pois aformação de vapor de água e a possível reação do metal com a água, pode ser explosiva.
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