As questões buscaram
esclarecimento quanto ao nível de abordagem no trato da SCIE, com os seguintes
assuntos abordados:
a)
existência de disciplina exclusiva que trate a segurança contra incêndio
e medificações;
b)
existência de curso de especialização lato sensu específico em segurança
contra incêndio em edificações;
c)
existência de curso stricto sensu (mestrado e doutorado) específicos em SCIE;
d)
existência de linhas de investigação (pesquisa) sendo desenvolvidas em SCIE.
O universo que fundamentou o direcionamento da pesquisa foram os registros dos novos profissionais diplomados e registrados, constante no banco de dados do CREA no Estado do Rio Grande do Sul, que forneceu o número de 382 novos engenheiros civis em 2011. O número de novos arquitetos e urbanistas não constou nesta pesquisa devido à recente estruturação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado, fundado em 2010. As universidades selecionadas representavam 60% dos alunos formados em 2011.
A
primeira questão da entrevista estruturada aplicada às coordenações das
faculdades de engenharia civil e de arquitetura e urbanismo quanto à existência
de disciplina exclusiva sobre SCIE, obteve os resultados apresentados no gráfico
da Figura 17.
Ao
vislumbrar o gráfico, confirmaram-se as hipóteses do pesquisador paulista
Negrisolo (2011) no Estado do Rio Grande do Sul, nas quais afirma que a maioria
das universidades não trata diretamente à SCIE, estando a matéria atrelada tão
somente à informação da existência de normas a serem cumpridas e explicação dos
seus detalhamentos, ou a palestras proferidas por bombeiros convidados.
Figura
17 – Gráfico mostrando o perfil de abordagem da SCIE nos cursos de graduação em
Engenharia Civil e em Arquitetura e Urbanismo no RS
Nesta
questão ainda, observou-se no gráfico da Figura 17, que 14% assinalaram tratarem
a segurança contra incêndio como matéria profissionalizante exclusiva mas
optativa, o que denotou uma inicial preocupação. A restante maioria (64%),
explicou que tratavam a matéria "diluída" nas demais disciplinas afins
existentes ao longo dos cursos, inseridas nos conteúdos a serem desenvolvidos
nas disciplinas de instalações hidrossanitárias prediais, de
instalações prediais em geral, de instalações prediais de gás, instalações
elétricas, de perícias e avaliações, ou ainda de segurança do trabalho.
No
entanto, acredita-se que estas unidades curriculares por terem de tratar todos
os assuntos específicos a cada disciplina dentro do pequeno tempo disponível,
apenas fazem uma abordagem referencial ao cumprimento das normas indicadas ou
ensinam sobre o sistema isoladamente. Dificilmente alguma disciplina com
abordagem não exclusiva tratará sobre o processo de implantação da SCIE, sua
importância e seus reais objetivos vinculados a dinâmica do incêndio.
Em
segundo estágio de desenvolvimento, buscou-se, por meio das questões 2 e 3
do APÊNDICE A, identificar a possibilidade das universidades estarem oferecendo
cursos específicos de pós-graduações lato sensu (especialização) em SCIE para os
profissionais que desejassem aprofundar seus conhecimentos e exercerem a
profissão como projetistas de SCIE em edificações mais complexas, como também
verificar a existência de pós-graduações stricto sensu (mestrados e doutorados)
exclusivamente nesta área, como acontece em algumas universidades internacionais
já citadas, para proporcionarem a cultura investigativa científica apropriada à
evolução, à difusão do ensino específico e da cultura preventiva.
Em
resposta àquelas questões, 100% das universidades entrevistadas afirmaram
não possuírem nenhum tipo de curso de pós-graduação (especialização, mestrado e
doutorado) exclusivo sobre SCIE. Mostramos desta forma, o nível de abordagem do
tema na educação formal e profissional, fator inter-relacionado que analisado
com os demais abordados anteriormente, podem explicar a estagnação da
regulamentação por muitos anos, até a eclosão da tragédia da Boate Kiss.
Com
a mudança de percepção e todas as movimentações sociais a partir de 2013, em
rápido levantamento aos cursos de engenharia, ao menos 4 universidades no Estado
do Rio Grande do Sul já possuem a disciplina de segurança contra incêndio em
edificações, inserida ainda de forma optativa nos currículos acadêmicos, assim
como já existem cursos de especialização com mesmo título disponíveis para a
educação profissional em andamento nos Estados do Pará, Paraná, São Paulo, Minas
Gerais e Rio Grande do Sul.
Desta
forma, elucidamos que o ensino em SCIE é fundamental para a evolução e para
a concretização de projetos fundamentados na ciência específica, como também
para acompetência técnica e a habilitação legal ao exercício de sua profissão
como será explanado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário