A Sra. D. Ana
com suas Histórias
Finalmente, o bom do estudante que, quando lhe dava
para falar, era mais difuso que alguns de nossos deputados novos na discussão
do art. 1.º dos orçamentos, julgou dever fazer pausa de suspensão; mas a Sra.
D. Ana, que já tinha-o por vezes interrompido fora de tempo e debalde, não quis
tomar a palavra para responder, sem segurar-se, dirigindo-lhe estas palavras
pela ordem:
- Então concluiu, Sr. Augusto?...
- Sim, minha senhora; e peço-lhe perdão por me haver
tornado incômodo, pois fui, sem dúvida, tão minucioso em minha narração que eu
mesmo tanto me fatiguei, que vou beber uma gota d’água.
E isto dizendo, foi ao fundo da gruta, e enchendo o
copo de prata na bacia de pedra, o esgotou até ao fim; quando voltou os olhos,
viu que a boa hóspeda estava rindo-se maliciosamente.
- Sabe de que estou rindo?... disse ela.
- Certamente que não o adivinho.
- Pois estava neste momento lembrando-me de uma
tradição muito antiga, seguramente fabulosa, mas bem apropositada dessa fonte,
e que tem muita relação com a história de seus amores e com o copo d’água que
acaba de beber.
- V. S. põe em tributo a minha curiosidade...
- Eu o satisfaço com todo o prazer.
A Sra. D. Ana principiou.
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