O profissional do grau
“Nossas
atividades são voltadas para o trauma, embora atendamos casos clínicos também.
Nossa principal filosofia de trabalho é baseada num sistema híbrido, em
conjunto com o Grupamento Águia da Polícia Militar, Bombeiros; também
trabalhamos com o GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais da PM), em situações
como sequestros. Assim, acabamos criando uma condição muito similar a do
Sistema de Segurança Pública.
Nosso
comportamento na cena, bem como no quartel, é praticamente paramilitar.
O
treinamento também é ostensivo na questão de segurança, seguimos as regras do
Bombeiro e do Grupamento Aéreo (Águia). Isto criou uma doutrina que não é comum
para o mundo civil. Um médico que atua em ambiente hospitalar – nossa essência
de formação -, não tem a mesma disciplina necessária no ambiente militar. Isto
é lógico e compreensível.
Porém,
durante atendimentos que são rotina para o GRAU, o risco é muito alto.
Portanto, trabalhamos num nível de segurança muito elevado, com uma disciplina
muito mais próxima do militar que do civil.
O
fato de os profissionais do GRAU participarem de um regime com ambiente 90%
militar faz com que assimilem este comportamento.
Isto
é um diferencial, sem dúvida. Apesar de sermos um grupo pequeno, estamos em
expansão, o que é fruto da qualidade de nosso trabalho.
Procuramos
fazer tudo com muita disciplina, ética e vontade de trabalhar. Se pegássemos o
mesmo grupo, mas atuando sem a parceria militar, talvez não tivesse a mesma
resolutividade. Antes de entrar no GRAU, este profissional já passou por um
concurso, comprovando seus conhecimentos em APH e trauma.
Então,
damos um curso de adaptação ao serviço, com aulas teóricas sobre os principais
desafios enfrentados em nosso dia a dia: desastres, trauma em crianças, presos
em ferragem, suicidas, sequestros, etc. Também há capacitação em imobilizações,
amarração em maca cesto e transporte, por exemplo – mas isto o bombeiro domina
mais, então é ele quem ensina. A parte mais importante é o estágio, no qual
todos estes conhecimentos serão aplicados sob a supervisão de um membro mais
antigo do GRAU. Ali, também verificamos se a pessoa conseguirá se adaptar ao
ambiente e rotina de trabalho. É muito diferente, pois profissionais da saúde
são criados no ambiente controlado. Existem excelentes profissionais oriundos
do hospital que não conseguem atuar no pré-hospitalar com a mesma excelência.
Isto
não é nenhum demérito, é simplesmente uma característica que nos
diferencia.”(Dr. Jorge RIbera em entrevista à Revista Emergência fev 2016, vide
anexos)
Cenários de
Atuação
Não
existe rotina no cotidiano dos profissionais do GRAU. As ocorrências atendidas
são as mais variados possíveis, além dos casos mais recorrentes como paradas
cardio-respiratórias e acidentes automotivos, as equipes precisam estar
preparadas para atuar em todo tipo de cenário, como grandes eventos,
catástrofes naturais, desabamentos e deslizamentos de terra, atentados
terroristas e acidentes químicos ou biológicos.
Como
foi falado anteriormente, o GRAU opera em grandes eventos, para oferecer
suporte e fazer atendimento especial em caso de acidentes. Um exemplo a citar é
a Copa do mundo, durante os jogos na Arena Corinthians. O GRAU se preparou para
atender as mais variadas possibilidades de situações. Havia, dentro do estádio,
uma equipe tática, em conjunto com os bombeiros e equipe de BREC (Busca e
Resgate em Estruturas Colapsadas). Nos dias de jogos, montaram uma área para
concentração de vítimas no pátio de manobras da estação Itaquera do metrô, para
o caso de um desastre com mais de centenas de vítimas.
A
evacuação pelas vias seria extremamente difícil, o acesso das ambulâncias é
limitado, e seriam necessárias centenas de ambulâncias no mesmo local. Pensado
para um acidente como a queda de uma arquibancada, onde milhares de pessoas
ficassem feridas, foi montado um plano de contingência com a colaboração do
Metrô, que disponibilizou trens para o transporte de vítimas. O trem pararia em
estações pré definidas, que seriam fechadas para receber as vítimas, estas
seriam transportadas por ambulâncias que estariam a espera do trem, já longe do
tumulto do local da ocorrência.
Fig. 7 - Equipe
de prontidão do GRAU durante os jogos na Arena Corinthians.
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