La Niña
Fonte de Informação:
Livro - O “El Niño e você” - o fenômeno climático
Autor - Gilvan Sampaio de Oliveira
Você agora deve estar pensando. Ora, “La Niña”, como é
o oposto, ou seja, é o resfriamento das águas do oceano Pacífico equatorial,
então os efeitos são exatamente opostos !
NÃO É BEM
ASSIM !!!!!
O termo “La Niña” ("a menina", em espanhol)
surgiu pois o fenômeno se caracteriza por ser oposto ao “El Niño”. Pode ser
chamado também de episódio frio, ou ainda “El Viejo” ("o velho", em
espanhol). Algumas pessoas chamam o “La Niña” de “anti-ElNiño”, porém como “El
Niño” se refere ao menino Jesus, “anti-ElNiño” seria então o Diabo e portanto,
esse termo é pouco utilizado. O termo mais utilizado hoje é: “La Niña”.
Para entender sobre “La Niña”, vamos retornar ao nosso "modelinho" descrito no item sobre “El Niño”.
Imagine a situação normal que ocorre no Pacífico equatorial,
que seria o exemplo da piscina com o ventilador ligado, o que faria com que as
águas da piscina fossem empurradas para o lado oposto ao ventilador, onde há
então acúmulo de águas. Voltando para o Oceano pacífico, sabemos que o
ventilador faz o papel dos ventos alísios e que o acúmulo de águas se dá no
Pacífico equatorial ocidental, onde as águas estão mais quentes. Há também
aquele mecanismo que citei anteriormente, o qual é chamado de ressurgência, que
faz com que as águas das camadas inferiores do oceano, junto à costa oeste da
América do sul aflorem, trazendo nutrientes e que por isso, é uma das regiões
mais piscosas do mundo. Até aqui tudo bem, esse é o mecanismo de circulação que
observamos no Pacífico equatorial em anos normais, ou seja, sem a presença do
“El Niño” ou “La Niña”.
Pois bem. Agora, ao invés de desligar o ventilador,
vamos ligá-lo com potência maior, ou seja, fazer com que ele produza ventos
mais intensos. O que vai acontecer?
Vamos tentar
imaginar?
Com os ventos mais intensos, maior quantidade de água
vai se acumular no lado oposto ao ventilador na piscina. Com isso, o desnível
entre um lado e outro da piscina também vai aumentar. Vamos retornar ao oceano
Pacífico. Com os ventos alísios (que seriam os ventos do ventilador) mais
intensos, mais águas irão ficar "represadas" no Pacífico equatorial
oeste e o desnível entre o Pacífico ocidental e oriental irá aumentar. Com os
ventos mais intensos a ressurgência também irá aumentar no Pacífico equatorial
oriental, e portanto virão mais nutrientes das profundezas para a superfície do
oceano, ou seja, aumenta a chamada ressurgência no lado leste do Pacífico
Equatorial.
Por outro lado, devido a maior intensidade dos ventos
alísios as águas mais quentes irão ficar represadas mais a oeste do que o
normal e portanto novamente teríamos aquela velha história: águas mais quentes
geram evaporação e consequentemente movimentos ascendentes, que por sua vez
geram nuvens de chuva e que geram a célula de “Walker”, que em anos de “La
Niña” fica mais alongada que o normal. A região com grande quantidade de chuvas
é do nordeste do oceano Índico à oeste do oceano Pacífico passando pela
Indonésia, e a região com movimentos descendentes da célula de Walker é no
Pacífico equatorial central e oriental. É importante ressaltar que tais
movimentos descendentes da célula de “Walker” no Pacífico equatorial oriental
ficam mais intensos que o normal o que inibe, e muito, a formação de nuvens de
chuva.
Em geral, episódios “La Niñas” também têm freqüência
de 2 a 7 anos, todavia tem ocorrido em menor quantidade que o “El Niño” durante
as últimas décadas. Além do mais, os episódios “La Niña” têm períodos de
aproximadamente 9 a 12 meses, e somente alguns episódios persistem por mais que
2 anos. Outro ponto interessante é que os valores das anomalias de temperatura
da superfície do mar em anos de “La Niña” têm desvios menores que em anos de
“El Niño”, ou seja, enquanto observam-se anomalias de até 4, 5ºC acima da média
em alguns anos de “El Niño”, em anos de La Niña as maiores anomalias observadas
não chegam a 4ºC abaixo da média.
Episódios recentes do “La Niña” ocorreram nos anos de
1988/89 (que foi um dos mais intensos), em 1995/96 e em 1998/99. "
Fonte: O El Niño e Você - o fenômeno climático - Gilvan Sampaio de Oliveira Editora Transtec - São José dos Campos (SP), março de 2001.
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