2.
Quadro Clínico
As viroses respiratórias
agudas apresentam sinais e sintomas gerais ou sistêmicos e outros que
caracterizam a localização da infecção.
Os sinais e os sintomas
sistêmicos que podem ocorrer nas mais diferentes combinações, caracterizando
quadros clínicos diferenciados, tanto nas características, como na intensidade
relativa dos mesmos.
Os
sinais e sintomas, que ocorrem com maior freqüência nos quadros de IRA, são os
seguintes:
- febre , acompanhada ou
não de sensação de frio, ou mesmo de calafrio, quando a elevação da temperatura
ocorre de forma rápida e intensa;
- sintomas dolorosos, como
dor de cabeça (cefaléia ou cefalalgia), dores musculares (mialgias), dores
articulares (artralgias), dores nas regiões dorsal (dorsalgias) e lombar
(lombalgias);
- mal-estar geral,
debilidade geral (adinamia) e perda do apetite (anorexia);
- transtornos intestinais,
como náuseas, vômitos e diarréias.
Muito raramente, todos os
sinais mencionados apresentam -se em conjunto. É normal a ocorrência de febre,
acompanhada por dois ou mais sintomas.
Os sinais e sintomas de
localização, nos diferentes níveis da árvore respiratória, caracterizam quadros
de: rinite, rinofaringite, faringite, amigdalite, laringite, laringotraqueíte,
traqueobronquite, bronquite, bronquiolite, broncopneumonia e pneumonia franca.
Embora estes quadros possam ocorrer isoladamente, é normal a associação de
quadros e que a infecção evolua em sentido descendente.
Os quadros benignos, que
são os mais freqüentes, curam-se espontaneamente em 2 a 5 dias, normalmente sem
complicações ou seqüelas Os quadros graves têm evolução mais demorada e podem
ser seguidos de superinfecções bacterianas, causadoras de pneumonias,
broncopneumonias, otites médias e sinusites.
As crianças de tenra idade
e os pacientes idosos, especialmente quando desnutridos, são mais vulneráveis
às IRA graves.
As infecções respiratórias
agudas são importantes causas de morbilidade infantil e de idosos, exigindo bem
estruturadas programações de saúde pública, para controlá-las.
Estudo
Genérico dos Sinais e Sintomas de Localização
1.
As rinites caracterizam-se pela produção de catarros nasais, espirros e entupimento
nasal.
2.
As reações inflamatórias da faringe e das amígdalas caracterizam-se por
intumescimento das amígdalas, reação hiperêmica (vermelhidão causada pelo
incremento da circulação local), algumas vezes observam-se pontos purulentos
com halitose (mau hálito), queixas de dor de garganta e inflamação dos gânglios
linfáticos (adenite) do pescoço.
3.
As laringotraqueítes caracterizam-se por rouquidão, tosse molesta, áspera e
rouca, ruído de cornagem e até mesmo tiragem (abaixamento dos espaços intercostais
durante a inspiração) causados pela reação inflamatória com inchaço (edema),
produção de catarro e contratura da musculatura da traquéia, que reduza a luz
das vias aéreas superiores, dificultando a inspiração.
4.
As bronquites caracterizam -se pelo aparecimento de ruídos adventícios muito
característicos, como roncos, sibilos e estertores bolhosos, que são percebidos
quando se auscultam os pulmões. A redução da renovação do ar provoca uma
diminuição da intensidade do murmúrio vesicular na área afetada. O murmúrio
vesicular é um ruído normal provocado pelo enchimento dos alvéolos pulmonares,
durante a respiração.
5. A
bronquiolite (afecção dos bronquíolos) ocorre principalmente em crianças com
menos de 4 (quatro) anos e se caracteriza por um quadro de insuficiência
respiratória de instalação brusca. A reação inflamatória dos bronquíolos
dificulta a expiração do ar e provoca enfisema alveolar de padrão obstrutivo.
A
criança com bronquiolite apresenta-se:
- agitada, com freqüência
respiratória elevada (60 a 80 RPM) e movimentos respiratórios de pequena
amplitude, caracterizando um quadro de dificuldade respiratória (dispnéia);
- com acessos freqüentes
de tosse seca e sem expectoração de catarro (nãoprodutiva);
- com um tom azulado da
pele das extremidades e dos lábios (cianose), denunciando uma redução na
oxigenação dos tecidos;
- com expiração mais
prolongada (dispnéia expiratória), acompanhada de ruídos advertidos como
sibilos e ruídos bolhosos, percebidos na ausculta pulmonar;
- com pouca renovação do
ar alveolar, que provoca a redução do murmúrio vesicular;
- com o ar retido pelo
enfisema, que produz hipersonoridade (quase timpanismo) quando se percute a
área pulmonar;
- com a febre normalmente
pouco elevada, e a queda brusca da temperatura com intensificação da cianose é
de muito mau prognóstico, indicando risco de morte.
6. O
comprometimento do parênquima pulmonar, caracterizando os quadros de pneumonias
e de broncopneumonia, é suspeitado pelo agravamento da insuficiência respiratória
e por sinais de comprometimento alveolar, como:
- submacicez e macicez à
percussão, de forma que o pulmão percutido produz um som semelhante ao do
fígado;
- caracterização de ruídos
crepitantes e subcrepitantes (semelhante ao atrito provocado pelo cabelo entre
os dedos), durante a ausculta pulmonar;
- redução do murmúrio
vesicular nas partes afetadas;
- sinais radiológicos
característicos como opassificação da área afetada.
Mesmo com sofisticados
recursos de laboratório, o diagnóstico etiológico específico só é conclusivo em
50% dos casos. Os exames sorológicos por imunofluorescência são os métodos mais
expeditos.
Para fins clínicos, é
muito importante caracterizar o momento em que a virose respiratória se
complica com uma infecção bacteriana.
O brusco aumento dos leucócitos nos
exames de sangue é um muito bom indício. Neste momento, é importante fazer
cultura de escarro e do material coletado por bronco-aspiração.
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