22 maio 2020

TÍTULO I - COQUELUCHE - CODAR – HB.ICO/CODAR 23.301 - Caracterização - A fase catarral - A fase paroxística - Complicações - Dados Epidemiológicos - Bordetella pertussis ou bacilo da coqueluche - Medidas Preventivas - Controle dos Pacientes, dos Contatos e do Meio Ambiente


TÍTULO I
  
COQUELUCHE

CODAR – HB.ICO/CODAR 23.301


1. Caracterização

A coqueluche tem condições de atingir todas as crianças do mundo, independentemente de clima, raça, nível social e localização geográfica.

Nas últimas décadas, houve um acentuado declínio da morbilidade e da mortalidade causadas pela doença nos países, como o Brasil, que realizam amplos programas de imunização ativa contra a doença e nas localidades onde a assistência médica primária é eficiente e as crianças são bem nutridas.

A enfermidade é uma doença bacteriana aguda, que afeta as vias respiratórias, atingindo principalmente os brônquios e a traquéia. 


De início insidioso, começa com uma fase catarral, de uma ou duas semanas de duração, a qual é seguida pela chamada fase de acesso paroxísticos de tosse convulsiva, que dura de 1 a 2 meses:

1) A fase catarral - assemelha-se a um resfriado comum, com bronquite leve, e os sintomas dominantes são: tosse produtiva (com expectoração), coriza e febre pouco intensa.

2) A fase paroxística - caracteriza-se por acessos violentos de tosse convulsiva, de caráter contínuo e sem inspiração intermediária. Durante o acesso convulsivo, a criança tem sensação de afogamento e torna-se cianótica (pele arroxeada nas extremidades), caracterizando a redução da oxigenação do sangue circulante.


Ao término do acesso, ocorre uma inspiração profunda e ruidosa, com um característico ruído inspiratório, de tonalidade aguda, denominado estrídulo, que rotula o diagnóstico.

Terminado o acesso de tosse convulsiva, a criança apresenta-se esgotada, molhada de suor, com sinais de embotamento mental, causado pela redução da oxigenação do cérebro.

Segue-se uma expectoração pouco abundante de um catarro espesso, claro, filamentoso, aderente e de muito difícil eliminação. Podem ocorrer vômitos.


O paroxismo da tosse pode ser desencadeado por:

·  percepção da tosse de outra pessoa;

·  sensação de angústia acompanhada de choro;

·  alimentação;

·  mudanças de temperatura.


O esforço da tosse pode provocar a ruptura de pequenos vasos sanguíneos intrapulmonares e das conjuntivas que, normalmente, apresentam-se avermelhadas.

O diagnóstico, nos casos clássicos, é firmado pelo quadro clínico típico e confirmado pela cultura de esfregaços orofaríngeos, colhidos durante a fase catarral ou logo no início da fase paroxística, com a caracterização da Bordetella pertussis ou bacilo da coqueluche. 

O diagnóstico sorológico, com técnicas de imunofluorescência, é confirmado a partir da primeira semana da doença. A elevação dos linfócitos, que podem ultrapassar 20.000, na segunda fase da enfermidade, é muito típica da coqueluche.


2. Complicações

A obstrução de um brônquio terminal pelo catarro, seguida da absorção do ar residual, pode provocar o colapso do segmento pulmonar, cuja aeração não é renovada, caracterizando uma atelectasia pulmonar.

O intenso esforço da tosse pode provocar alterações da estrutura dos brônquios de pequeno calibre, com dilatação e fibrose dos mesmos, caracterizando um quadro de bronquiectasia.

São freqüentes os casos de otite média, superinfecções respiratórias acompanhadas de broncopneumonias, ativação de uma tuberculose pulmonar em estágio de latência, além de aparecimento de hérnias provocadas pelo esforço da tosse convulsa.

A taxa de letalidade é baixa e a grande maioria dos óbitos ocorre em crianças com menos de 1 ano e, em especial, com menos de 06 meses.


3. Dados Epidemiológicos

O homem é o único reservatório, de importância epidemiológica, da Bordetella pertussis ou bacilo da coqueluche.

A transmissão ocorre em função do contato com secreções das mucosas respiratórias das pessoas infectadas e que são absorvidas pelo organismo, em função da inalação.

A incubação é de sete dias, podendo ocorrer no máximo durante a terceira semana do contágio.

A transmissibilidade é elevada durante a fase catarral e pode manter-se por 3 semanas, nos pacientes não tratados com antibióticos.

A suscetibilidade é geral. São numerosos os casos atípicos, a doença e a imunização ativa conferem imunidade prolongada. A mortalidade é maior entre as meninas do que entre os meninos.


4. Medidas Preventivas

A medida preventiva mais efetiva é a imunização ativa com a suspensão de bactérias mortas adsorvidas em sais de alumínio em combinação com a vacina antidiftérica e com o toxóide tetânico (DTP), ou seja, a vacina tríplice.

As primeiras doses da DTP são aplicadas com intervalos de 20 a 40 dias, a partir da sexta semana de vida. A quarta dose é aplicada um ano depois da terceira, e a quinta dose, aos quatro anos, quando a criança entra na pré-escola.

Uma dose de reforço pode ser aplicada, caso ocorra um surto da doença. A educação sanitária e a mobilização dos pais, para que vacinem seus filhos, são de capital importância para garantir a cobertura total da população infantil.


5. Controle dos Pacientes, dos Contatos e do Meio Ambiente

A notificação à autoridade sanitária local é obrigatória.

O isolamento dos casos suspeitos e diagnosticados e o “isolamento reverso” de latentes não imunizados são recomendáveis, da mesma forma que a desinfecção concorrente e terminal.

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