TÍTULO
I
COQUELUCHE
CODAR
– HB.ICO/CODAR 23.301
1.
Caracterização
A coqueluche tem condições
de atingir todas as crianças do mundo, independentemente de clima, raça, nível
social e localização geográfica.
Nas últimas décadas, houve
um acentuado declínio da morbilidade e da mortalidade causadas pela doença nos
países, como o Brasil, que realizam amplos programas de imunização ativa contra
a doença e nas localidades onde a assistência médica primária é eficiente e as
crianças são bem nutridas.
A enfermidade é uma doença
bacteriana aguda, que afeta as vias respiratórias, atingindo principalmente os
brônquios e a traquéia.
De início insidioso, começa com uma fase catarral, de
uma ou duas semanas de duração, a qual é seguida pela chamada fase de acesso
paroxísticos de tosse convulsiva, que dura de 1 a 2 meses:
1) A fase catarral - assemelha-se a um resfriado comum, com bronquite leve, e os sintomas dominantes
são: tosse produtiva (com expectoração), coriza e febre pouco intensa.
2) A fase paroxística - caracteriza-se por acessos violentos de tosse convulsiva, de caráter contínuo e
sem inspiração intermediária. Durante o acesso convulsivo, a criança tem
sensação de afogamento e torna-se cianótica (pele arroxeada nas extremidades),
caracterizando a redução da oxigenação do sangue circulante.
Ao término do acesso,
ocorre uma inspiração profunda e ruidosa, com um característico ruído
inspiratório, de tonalidade aguda, denominado estrídulo, que rotula o
diagnóstico.
Terminado o acesso de
tosse convulsiva, a criança apresenta-se esgotada, molhada de suor, com sinais
de embotamento mental, causado pela redução da oxigenação do cérebro.
Segue-se uma expectoração
pouco abundante de um catarro espesso, claro, filamentoso, aderente e de muito
difícil eliminação. Podem ocorrer vômitos.
O
paroxismo da tosse pode ser desencadeado por:
· percepção da tosse de outra pessoa;
· sensação de angústia acompanhada de choro;
· alimentação;
· mudanças de temperatura.
O esforço da tosse pode
provocar a ruptura de pequenos vasos sanguíneos intrapulmonares e das
conjuntivas que, normalmente, apresentam-se avermelhadas.
O diagnóstico, nos casos
clássicos, é firmado pelo quadro clínico típico e confirmado pela cultura de
esfregaços orofaríngeos, colhidos durante a fase catarral ou logo no início da
fase paroxística, com a caracterização da Bordetella pertussis ou bacilo da
coqueluche.
O diagnóstico sorológico, com técnicas de imunofluorescência, é
confirmado a partir da primeira semana da doença. A elevação dos linfócitos,
que podem ultrapassar 20.000, na segunda fase da enfermidade, é muito típica da
coqueluche.
2.
Complicações
A obstrução de um brônquio
terminal pelo catarro, seguida da absorção do ar residual, pode provocar o
colapso do segmento pulmonar, cuja aeração não é renovada, caracterizando uma
atelectasia pulmonar.
O intenso esforço da tosse
pode provocar alterações da estrutura dos brônquios de pequeno calibre, com
dilatação e fibrose dos mesmos, caracterizando um quadro de bronquiectasia.
São freqüentes os casos de
otite média, superinfecções respiratórias acompanhadas de broncopneumonias,
ativação de uma tuberculose pulmonar em estágio de latência, além de
aparecimento de hérnias provocadas pelo esforço da tosse convulsa.
A taxa de letalidade é
baixa e a grande maioria dos óbitos ocorre em crianças com menos de 1 ano e, em
especial, com menos de 06 meses.
3.
Dados Epidemiológicos
O homem é o único
reservatório, de importância epidemiológica, da Bordetella pertussis ou bacilo
da coqueluche.
A transmissão ocorre em
função do contato com secreções das mucosas respiratórias das pessoas
infectadas e que são absorvidas pelo organismo, em função da inalação.
A incubação é de sete
dias, podendo ocorrer no máximo durante a terceira semana do contágio.
A transmissibilidade é
elevada durante a fase catarral e pode manter-se por 3 semanas, nos pacientes
não tratados com antibióticos.
A suscetibilidade é geral.
São numerosos os casos atípicos, a doença e a imunização ativa conferem
imunidade prolongada. A mortalidade é maior entre as meninas do que entre os
meninos.
4.
Medidas Preventivas
A medida preventiva mais
efetiva é a imunização ativa com a suspensão de bactérias mortas adsorvidas em
sais de alumínio em combinação com a vacina antidiftérica e com o toxóide
tetânico (DTP), ou seja, a vacina tríplice.
As primeiras doses da DTP
são aplicadas com intervalos de 20 a 40 dias, a partir da sexta semana de vida.
A quarta dose é aplicada um ano depois da terceira, e a quinta dose, aos quatro
anos, quando a criança entra na pré-escola.
Uma dose de reforço pode
ser aplicada, caso ocorra um surto da doença. A educação sanitária e a
mobilização dos pais, para que vacinem seus filhos, são de capital importância
para garantir a cobertura total da população infantil.
5.
Controle dos Pacientes, dos Contatos e do Meio Ambiente
A notificação à autoridade
sanitária local é obrigatória.
O isolamento dos casos
suspeitos e diagnosticados e o “isolamento reverso” de latentes não imunizados
são recomendáveis, da mesma forma que a desinfecção concorrente e terminal.
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