03 novembro 2012

Salvamento na vertical com emprego de cordas e aparelho oito em resgate - Técnica do oito móvel e fixo - Aplicação de nós de acordo com a situação - Amarração com o uso da peça oito - Técnica 1, 2, 3, 4, e 5 - Atribuições e técnicas aplicadas pelos componentes da guarnição - Técnicas de evasão utilizando cadeirinha , alça de sustentação e cinto de segurança / utilização de lais de guia ou balso pelo seio / oito móvel com emprego da maca / Socorrista desce próximo à vítima e controla a descida


Salvamento na vertical com emprego de cordas e aparelho oito



O salvamento em altura, realizado por meio de cordas e com o emprego de técnicas verticais, requer da guarnição de bombeiros um profundo conhecimento dentro dessa especialidade, pois a diversificação dos serviços encontrados exige dos bombeiros apurada técnica e maneabilidade correta dos materiais, além de habilidades em atividades em altura.

Dentre vários procedimentos e situações encontradas, é comum o bombeiro que se acha capacitado para realizar qualquer tipo de salvamento, fazer uso desses materiais para demonstrações técnico-profissionais, porém, deve-se saber que, nos serviços prestados em altura, não depende simplesmente dos materiais disponíveis, mas de sua atuação como profissional e do emprego tecnicamente correto desses materiais.

O bombeiro esbarra em inúmeros obstáculos, sendo o principal e mais grave deles a falta de conhecimento técnico, bem como das técnicas operacionais empregadas. Para que se tenha uma base profissional, nos salvamentos realizados em altura, serão demonstradas algumas técnicas com o emprego do aparelho oito e cordas, nas quais seguem um padrão de segurança da própria guarnição de salvamento.




Oito móvel: é quando se realiza algum tipo de atividade com cordas e peça oito em que o seu deslizamento (atrito) se dará em conformidade com o peso que se encontra sobre ele; onde sua velocidade é controlada por um socorrista que o guia pela extremidade livre da corda diretamente do solo ou quando o socorrista o emprega para executar o resgate de vítima e bombeiro, com os cuidados de segurança.

Essa técnica poderá ser empregada para vítimas conscientes e inconscientes por meio de amarrações diversas. A eficácia do salvamento dependerá, exclusivamente, da técnica adotada (figura 217 e 218).



Oito fixo: essa técnica, normalmente, é empregada quando se fizer necessário a evasão de um número maior de vítimas e que a quantidade de material existente não for suficiente para o emprego de outras técnicas, além da necessidade de se economizar tempo, material e, simplesmente, nos possibilitar o emprego do aparelho oito fixo.

Devem ser observados alguns cuidados para se empregar a peça oito, pois existem várias formas de utilização: 1 (uma) vez a altura, 2 (duas) vezes a altura, 3 (três) vezes a altura, oito fixo com nó de azelha (sistema vai e vem).

Essa peça oito deverá ser fixada em um ponto que ofereça condições suficientes de segurança, para a sua fixação, poderão ser empregados vários nós, mas os principais deles são: nó de pata de gato, lais de guia, pata de gato dobrado ou o nó balso do calafate.

Para a fixação da peça oito, normalmente, são empregados cabos solteiros. Os integrantes de uma guarnição deverão ter um conhecimento aprofundado das técnicas existentes.

Essas técnicas poderão ser empregadas para vítimas inconscientes ou conscientes e poderão ser usados materiais diversos:

macas, cabos da vida, cintos de salvamento, etc. Os nós empregados no resgate são os mais variados, porém, há determinado critério de aplicação desses nós, os quais dependem, exclusivamente, do momento ou da situação encontrada. (figuras 219, 220 e 221).






Técnicas desenvolvidas com o aparelho oito fixo ou móvel

Técnica nº. 1: técnica para evasão de vítimas conscientes no plano vertical. Com o nó de cadeira e alça de sustentação (figura 222) ou cinto de salvamento (figura 223).



A guarnição será composta por 5 socorristas: 1 chefe de guarnição e auxiliares n.º 1, n.º 2, n.º 3 e n.º 4.

O material empregado na operação é:

- 2 (dois) cabos da vida;

- 1 (uma) corda de tamanho ideal;

- 1 (um) aparelho oito;

-1 (um) mosquetão de segurança.

Observação: esses materiais não serão os mesmos empregados pela guarnição para sua própria remoção, mas, sim, para remoção da(s) vítima(s).


Atribuições dos componentes da guarnição

Chefe de guarnição:

- determina o início da operação;

- orienta a permanência dos auxiliares n.º 1 e n.º 2 no solo;

- determina que os auxiliares nº. 3 e n.º 4 transportem os materiais a serem empregados na operação;

- mune-se do mosquetão e do aparelho oito;

- desloca-se, juntamente, com os auxiliares nº. 3 e n.º 4 para o local onde se encontra(m) a(s) vítima(s);

- verifica a situação da vítima;

- determina o local de fixação da corda, após uma avaliação prévia;

- orienta o auxiliar nº. 3 para que faça o nó de acento na vítima;

- orienta o auxiliar nº. 4 para que faça o nó de alça de sustentação para a vítima;

- passa o aparelho oito na corda que servirá de cabo de sustentação;

- engancha o mosquetão de segurança nas alças de sustentação que acompanham a vítima e esta, por sua vez, no aparelho oito que se encontra preso à corda, não esquecendo de dar o pronto quando efetuar a operação;

- dá a voz de atenção ao auxiliar nº. 1, para que faça a segurança do cabo e, em seguida, faça o controle do freio da vítima até a sua chegada ao solo;

- orienta o auxiliar n.º 2 para que proteja a vítima antes que ela toque o solo na chegada;

- orienta a guarnição durante todo o trajeto da vítima até a
chegada ao solo;

- ordena a evacuação da guarnição que se encontra no local.


Auxiliar n.º 1:

- orienta a altura da corda com relação ao solo;

- aguarda as determinações do chefe de guarnição;

- faz a segurança da vítima, freiando e controlando a sua descida até o solo.


Auxiliar n.º 2:

- guarnece o estal, se tiver de ser empregado na operação;

- protege a vítima quando essa se aproximar do solo;

- aguarda as orientações do chefe de guarnição.


Auxiliar n.º 3:

- mune-se de dois cabos da vida;

- tem a responsabilidade de fazer o nó de assento na vítima;

- executa outras atividades conforme determinações do chefe de guarnição.


Auxiliar n.º 4:

- transporta a corda para armação do sistema (corda esta que terá o tamanho que a operação exigir);

- fixa essa corda no local determinado;

- executa a alça de sustentação para a evacuação da vítima;

- passa a alça maior pela cadeira da vítima, como se estivesse enganchando o mosquetão de segurança nesse assento;

- entrega essas alças ao chefe de guarnição.


Técnica empregada pela guarnição

Após toda a distribuição das funções dentro da guarnição, o chefe colocará os elementos da guarnição dispostos para efetuarem a operação.

O auxiliar n.º 4 fixará a corda que servirá de cabo de sustentação para o desenvolvimento da operação.

O auxiliar n.º 3 executa o nó de assento na vítima.

O chefe passa a corda no aparelho oito na altura desejada.

O auxiliar n.º 4, após ter fixado a corda, mune-se de um dos cabos da vida que foram transportados pelo auxiliar n.º 3, e confecciona a alça que servirá de sustentação da vítima (conforme descrição de alça de sustentação).

Em seguida, passa a alça maior pelo assento da vítima como se estivesse enganchando um mosquetão de segurança, (unindo a alça maior com a menor) e as entrega ao chefe.

O chefe, por sua vez, engancha o mosquetão nas alças e, em seguida, fixa ao aparelho oito e dando o pronto e a voz de “atenção à segurança” ao auxiliar n.º 1.

O auxiliar n.º 1, do solo, procede a segurança (freio) e controla a descida da vítima.

Nessa situação, o chefe orienta o auxiliar n.º 2 para que auxilie a saída da vítima do cabo, desenganchando a alça maior se for o caso de se utilizar novamente o material na operação com mais de uma vítima.

Os socorristas lançarão mão do cabo de sustentação para evadir-se e recolherão os materiais.

O chefe dará por encerradas as atividades e a operação de
resgate.

Observação: a confecção da alça poderá ser feita pelo chefe de guarnição; e a colocação da mola nas alças poderá ser feita pelo auxiliar n.º 3, dependendo das dificuldades encontradas para a execução das atribuições.

Em outra circunstância, em caso de falta de um dos cabos da vida, a vítima poderá ser lançada utilizando a cadeira, mosquetão de segurança e aparelho oito.

Na falta desses cabos, poderemos lançar mão, simplesmente, do cinto de salvamento, tendo o cuidado na colocação e ajustes corretos do cinto.

É importante lembrar que os procedimentos técnicos empregados pela guarnição não são alterados.



Técnica N º 02

Técnica n.º 2: empregada para evasão de vítimas inconscientes no plano vertical, utiliza o nó lais de guia (executado com o cabo duplo) e/ou balso pelo seio com o nó no peito (figuras 224, 225 e 226).



A guarnição será composta de 5 socorristas (chefe de guarnição e auxiliares n.º 1, n.º 2, n.º 3 e n.º 4).

É responsabilidade de todos os integrantes da guarnição preparar o material para execução da técnica dentro da operação.

O material empregado nessa operação consiste de:

- 1 (um) cabo de 6 m ou 2 (dois) cabos da vida;

- 1 (uma) corda com tamanho ideal para o desenvolvimento da operação;

- 1 (um) aparelho oito;

- 1 (um) mosquetão de segurança;

- 1 (uma) corda para fazer o estal (se necessário).


Atribuições dos componentes da guarnição

Chefe de guarnição:

- determina o início da operação;

- faz com que os auxiliares n.º 1 e n.º 2 permaneçam no solo;

- orienta os auxiliares n.º 3 e n.º 4 a deslocarem-se para o local onde será realizado o salvamento;

- mune-se com um mosquetão e um aparelho oito;

- desloca-se, juntamente com os auxiliares n.º 3 e quatro, para o local da operação;

- orienta o auxiliar n.º 4 sobre o local para fixação da corda;

- orienta o auxiliar n.º 3, para que faça a amarração da vítima;

- orienta o n.º 4, para que auxilie na amarração da vítima;

- executa a passagem da corda pelo aparelho oito;

- determina que os auxiliares n.º 3 e n.º 4 enganchem o mosquetão de segurança no nó azelha, que sustentará a vítima;

- determina a amarração para a evasão da vítima;

- engancha o mosquetão no aparelho oito e o trava;

- determina ao auxiliar n.º 1, que faça a segurança e o controle da descida da vítima até o solo;

- determina ao auxiliar n.º 2, que proteja a vítima antes que ela toque o solo;

- orienta o auxiliar n.º 1 no deslocamento da vítima.


Auxiliar n.º 1

- avisa, em voz alta, quando a corda chegar ao solo, e a altura em que ela deve permanecer;

- guarnece o cabo e dá o pronto à segurança;

- aguarda orientação do chefe de guarnição.


Auxiliar n.º 2

- aguarda orientação do chefe de guarnição;

- guarnece a vítima quando ela se aproximar do chão (solo);

- dá o pronto quando liberar a vítima da corda;

- se a atividade exigir uso de estal, será o responsável por
guarnecê-lo.


Auxiliar n.º 3

- mune-se de uma corda de 6 (seis) metros ou dois cabos da vida;

- faz o assento da vítima, utilizando um desses cabos;

- auxilia a aproximação da vítima na corda que vai servir de cabo de sustentação;

- auxilia a colocar a vítima para fora da edificação;

- transporta a corda que vai servir de cabo guia (estal).


Auxiliar n.º 4

- transporta a corda que será utilizada como cabo de sustentação;

- fixa essa corda no local pré-determinado pelo chefe;

- auxilia a amarração da vítima;

- auxilia a colocar a vítima para fora da edificação.


Técnica empregada pela guarnição

O chefe determinará o início da operação e o transporte do material para o local onde será realizado o salvamento.

Os auxiliares n.º 1 e n.º 2 permanecerão no chão (solo).

O auxiliar n.º 3 pega a corda de 6 (seis) metros ou 2 (dois) cabos da vida.

O auxiliar n.º 4 transporta a corda (que será o cabo de sustentação) para o local e desloca-se para a execução da missão.

Ao chegar ao local do salvamento, o chefe determinará o ponto onde deverá ser fixada a corda e orienta o auxiliar n.º 4 para fixá-la.

Enfim, o auxiliar n.º 3 executa a amarração na vítima, e o auxiliar n.º 4 o ajuda o auxiliar n.º 3 nessa amarração.

O auxiliar n.º 3, fazendo uso da corda de 6 (seis) metros, executa o lais de guia (com o cabo dobrado), usando o seio da corda formando três alças, deixando de espaço cerca de 10 cm (maior) na terceira alça. Passa a alça maior envolvendo o tórax da vítima e as duas menores, uma em cada dobra do joelho, e, com o(s) chicote(s), executa o nó de azelha.

O auxiliar n.º 4 ajuda a dar o nó na vítima.

O chefe passa o mosquetão de segurança para o auxiliar n.º 3, que, por sua vez, o engancha no nó de azelha.

E o auxiliar n.º 3 ou o n.º 4 entrega a amarração da vítima. Os dois auxiliares transportam a vítima até próximo à corda que vai servir de cabo de sustentação.

O chefe engancha o mosquetão no aparelho oito, que já se encontra fixo na corda e o trava. Em seguida, faz o nó no mosquetão com a corda e a lança ao solo.

O chefe dará o pronto e determina ao auxiliar n.º 1 que guarneça a corda de sustentação e faça a descida da vítima até o solo.

Determina, também, que o auxiliar n.º 1 receba a vítima, quando ela chegar ao solo, e retire o mosquetão do nó azelha.

Os auxiliares n.º 1 e n.º 2 retiram o nó da vítima e procedem os cuidados necessários.

Após a evasão dos socorristas e o recolhimento dos materiais, é dada por encerrada a operação.

Observação: como foi visto anteriormente, na operação foi empregado o nó lais de guia com três alças e o nó de azelha para sustentação da vítima.

Nessa operação, poderá ser empregado o mesmo cabo para confeccionar o nó balso pelo seio (que será utilizado como cadeirinha para a vítima) e um nó direito na altura do peito, sendo este bem ajustado.

Como fazer esse nó? Começando por um dos chicotes dessa corda, mede-se uma braçada e meia, na última pegada; dobra a corda e faz o nó balso pelo seio, fixando um chicote maior que o outro; pega o chicote maior e dá uma volta começando do centro da caixa torácica, passando por baixo das axilas e pelas costas chegando ao ponto de partida; dobra esse chicote formando um seio e passa por baixo da mesma corda o que deu a volta deixando o chicote para cima e com outro chicote; conclui o nó direito aproveitando a alça já feita. Dar, no mínimo, um cote nos cabos paralelos que sobem pelo abdômen da vítima e no chicote que saiu para cima executando um azelha, formando uma alça para sustentação da vítima.

É importante lembrar que essa amarração também poderá ser feita por dois cabos da vida emendados pelo nó direito (figura 226 na técnica n.º 2).


Técnica Nº. 3: oito fixo

Técnica empregada para evasão de vítimas conscientes no plano vertical. Utiliza o nó de assento (cadeirinha) com alça de sustentação e/ou cinto de salvamento (figuras 227 e 228)







Técnica Nº. 4


 Técnica empregada para evasão de vítimas inconscientes no plano vertical. Utiliza-se o nó de assento (lais de guia duplo) ou o balso pelo seio com o nó direito no peito (figuras 229 e 230).





Técnica Nº. 5: oito móvel com emprego da maca

Técnica empregada para a evasão de vítimas com emprego de maca e oito fixo no plano vertical. A maca poderá trabalhar na horizontal ou na vertical, dependendo da situação encontrada (figura 231).







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