05 novembro 2012

Procedimentos adotados em acidentes automobilísticos - Sinalização - Isolamento do local - Observações - Ação táticas - Riscos - Estabilização do veículo - Exposição dos materiais - Ferramentas e equipamentos, manuais, de corte e de tração - Remoção dos vidros laminado ou temperados - Abertura e remoção das portas


Procedimentos adotados em acidentes automobilísticos


Após chegar no local do evento, o comandante do socorro ou chefe de guarnição deverá realizar uma inspeção minuciosa da situação, momento em que deverão ser observados:

- existência, número, localização e estado das vítimas;

- quantidade e natureza dos veículos envolvidos (carros de passeio, ônibus, caminhões, etc.);

- as vias de tráfego, observando sua localização e curvas próximas;

- quando houver veículos de transporte de carga, a natureza da carga e a existência de vazamentos ou perda da carga (produtos perigosos no estado sólido, líquido ou gasoso);

- a necessidade de colher maiores informações sobre a situação, por meio de questionamentos com as pessoas que testemunharam o fato ou que foram envolvidas no evento.


De posse dessas informações obtidas no reconhecimento, estabeleça o socorro, lembrando-se sempre do seguinte:

- o atendimento às vítimas deverá ser de imediato, devendo verificar o estado geral em que elas se encontram, acalmá-las e efetuar os socorros de urgência;

- O comandante de socorro ou chefe de guarnição deve priorizar o atendimento e deslocamento das vítimas, atendendo, inicialmente, aquelas que se apresentam em pior estado; relegar aquelas que, no momento, não apresentam um quadro clínico alarmante; estancar hemorragias e proteger órgãos vitais que se encontram expostos.


A adoção de medidas de segurança que visem evitar o agravamento da situação ou o surgimento de outro acidente deve ser de caráter urgente, as quais são:

sinalização: utilizando-se de galhos, homens devidamente equipados com coletes de sinalização e lanternas, além dos meios visuais (luminosos) que existem nas viaturas de socorro, observando sempre uma distância razoável e segura, principalmente quando se  tratar de BRs. O período noturno requer, por parte da guarnição, maiores cuidados e distâncias mais longas de sinalização.

isolamento: delimite a área com cabos e cones e atente para a proteção da guarnição, dispondo de uma viatura do trem de socorro, atrás do acidente, no sentido do fluxo de veículo. Quando se tratar de mão dupla, isole e sinalize as duas pistas.

Outros procedimentos de proteção individual deverão ser tomados, tais como o uso de luvas cirúrgicas, luvas de raspa de couro, equipamento autônomo de respiração artificial (caso o evento for pertinente a vazamento de produtos perigosos), de materiais próprios para trabalhos com eletricidade.

A proteção contra incêndio é feita com o posicionamento de extintores nas proximidades do evento, protegendo de vazamentos de combustíveis com espuma ou água (para lavagem do local).

É importante desligar ou cortar os cabos da bateria que alimenta o sistema elétrico ou até mesmo retirá-la nos casos de capotamento.

Corte do fornecimento de energia elétrica quando se tratar de acidentes envolvendo fiações elétricas (CEB).

Calce, escore ou fixe o veículo acidentado.

Verificação minuciosa do local e proximidades do acidente com o intuito de descobrir vítimas que tenham sido projetadas para fora.

Em caso de acidentes com vazamento de produtos perigosos, procure identificar o nome ou o número do produto e informe ao Centro de Operações. Nesses casos, deverá ser evitado que o produto ou água que contenham resíduos caiam em locais que venham colocar em risco a saúde pública. Observe que certos produtos químicos não podem ser expostos à umidade, como é o caso do sódio metálico, que explode em contato com a água.

No caso de vítimas presas entre as ferragens (extração veicular), sempre utilize materiais e ou equipamentos de corte, tração, arrombamento, escoramento ou multiplicadores de força, fazendo a extração das ferragens (no caso de dúvida não aja pelo instinto, pois o estado da vítima poderá ser agravado ou até mesmo levá-la à morte clínica ou aparente), e outros procedimentos deverão ser tomados pelos técnicos da criminalística que concluirão o trabalho de perícia.

Será de responsabilidade do IML a remoção dos possíveis corpos do local, caso contrário, terá de ser providenciada uma guia de remoção na delegacia mais próxima. No caso de falecimento da vítima durante o deslocamento para um hospital, não haverá dúvidas que a guarnição receberá o documento em questão.

Observação: a sinalização dependerá, exclusivamente, das necessidades do evento, evitando maiores riscos aos já ocorridos e maior segurança à guarnição de socorro. A sinalização deverá obedecer aos dois sentidos da pista, principalmente quando se tratar  de mão dupla.



Acidentes com vítimas encarceradas


Procedimentos operacionais específicos na análise prévia da ocorrência:

- Ainda na unidade operacional, deve ter em mãos, no mínimo, dados que possam conduzir o socorro até o local da ocorrência.

- Durante o deslocamento, colha maiores informações via rádio, para que, de posse dessas informações, seja elaborado o seu planejamento secundário e, quando se aproximar do local do acidente, compare o seu planejamento secundário com a situação real. Analise o seu plano de ação e tente colocar em prática o mais rápido possível.

- Deve-se, ainda, traçar o seu plano tático preventivo, executar manobras de segurança e delinear as ações das equipes de trabalho.


O seu planejamento tático será baseado nos seguintes itens:

a) coleta de dados no local: trabalho praticamente simultâneo com a análise (reconhecimento), na qual será obtido o maior número de informações possíveis, tais como: condições do acidente, via de tráfego, condições de acesso, perigo de risco permanente, existência de vítimas e suas condições físicas e psicológicas, condições e quantidade de veículos envolvidos.

b) meios existentes: a ação tática e técnica dependerão dos meios existentes e disponíveis para desenvolver a atividade, tais como:

materiais de proteção, sinalização, arrombamento e corte, escora e qualificação pessoal. Diante desse conjunto de meios, deve-se designar missões específicas às equipes de trabalho.


Sinalização e estabelecimento de viaturas

A sinalização tem por objetivo básico alertar os veículos que trafegam em direção ao acidente ocorrido. É uma fonte visual para chamar a atenção e direcionar o sentido do tráfego (desvio).

Normalmente, a sinalização com relação ao acidente deve começar fora do alcance visual dos motoristas, alertando-os do ocorrido.

Tem como objetivo também dar melhor segurança à equipe de trabalho, pois, como conseqüência, tende-se a diminuir a velocidade imposta pelos usuários da pista de rolamento.

O estabelecimento de viaturas deve proporcionar condições ideais para executar manobras de deslocamento de materiais, fácil acesso do pessoal. Condições para manter a integridade das vítimas, proteção visual da cena do evento e melhor desempenho da guarnição  e sua segurança.


Isolamento do local
É o limite mínimo aceitável para que se possa permanecer nas proximidades do local da cena como observador. O isolamento deve obedecer a alguns critérios básicos e específicos, tais como: tamanho da área a ser isolada dependendo das proporções do evento, área de ação da equipe, limite da área de visão dos curiosos, a forma do isolamento (circular, triangular, quadrada), quantidade de viaturas no local e quantidade de vítimas lesionadas e ou fatais.

É importante que dentro da zona de trabalho apenas permaneça as equipes atuantes e o comandante do socorro. O comandante de operações deverá centralizar o seu comando para melhor coordenação e levantamento das necessidades que, por ventura, venham a surgir no local.


Observações importantes: a sinalização e o isolamento devem ser dispostos para que funcionem como garantia da segurança do tráfego que não pode parar, salvo em situações extremas. É importante identificar a velocidade destinada a pista de rolamento, o fluxo (se sentido único ou mão dupla, se é reta, se tem curvas próximas, balões ou viadutos). Observe, caso o acidente tenha ocorrido próximo a curvas, aclives ou declives para os critérios de segurança, no que se refere à visibilidade dos motoristas e procure dispor sempre a sinalização fora das curvas e em linha reta. Parta do acostamento como advertência e procure limitar o acesso dos veículos à pista interditada.


Ação tática
Avaliação dos riscos, estabilização do(s) veículos(s) e exposição dos materiais:

a) Riscos

São fatores para os quais devem ser tomadas todas as medidas preventivas no local, tais como:

- Cabos energizados sobre a pista ou sobre o veículo;

- Poste com transformadores abalados pelo choque;

- Veículos transportando produtos perigosos (material radioativo e explosivos);

- Risco de desabamento de edificações devido ao impacto do veículo em sua estrutura.


b) Estabilização do veículo:

A estabilização do veículo acidentado só poderá ser realizada após a remoção da(s) vítimas(s), o qual só poderá ser acessado e estabilizado de acordo com a situação, por meio de cordas ancoradas em pontos fixos, calços e/ou expansores. A técnica e o sistema adequado devem levar em consideração alguns fatores importantes,  tais como: relevo do terreno e as proporções do acidente.

Necessariamente, o veículo deve ser estabilizado por cordas ou por cabos de aço, quando o acidente ocorrido for em um plano inclinado, por se encontrar em situação instável.

Quando isso ocorrer, calços e escoramentos são bastante úteis para maior segurança.

Um veículo acidentado pode assumir as mais diversas posições, porém, para que ocorra uma eficiente estabilização, deve ser seguida a regra básica de obter a maior área possível do veículo em contato com o chão. O melhor procedimento é o emprego de calços e cunhas de madeira pré-confeccionados.


Veja alguns exemplos básicos

As almofadas pneumáticas são muito eficientes para a estabilização de um veículo. A colocação de calços nas longarinas do veículo, próximas às rodas apoiam o veículo, esvaziando os pneus. A situação mais crítica é aquela na qual o veículo se encontra tombado sobre um dos seus lados, situação em que o apoio é bastante reduzido, deixando o veículo instável, com acesso limitado e perigoso.

Em casos como esse, é importante fazer a estabilização com a fixação de cordas ou cabos de aço, ligando o veículo a pontos de apoio, como árvores, postes ou na própria viatura.

Quando o veículo se encontra desestabilizado em uma encosta de um barranco ou em um plano muito inclinado, deve ser calçado nas rodas antes de qualquer outro procedimento, como já foi citado anteriormente. O veículo deverá ser ancorado por meio de cordas ou cabos de aço a um ponto fixo, visando impedir seu deslocamento.


Exposição dos materiais

Os materiais e equipamentos deverão ser expostos na zona intermediária, local de fácil acesso, sendo visualizados e protegidos de organismos que prejudiquem o seu pleno funcionamento e emprego, evitando que se cause uma confusão generalizada ou a obstrução do acesso da equipe na remoção de vítima(s).

Os materiais deverão ser expostos de acordo com as peculiaridades de cada ocorrência, ficando a critério do comandante de operações decidir a sua instalação após análise minuciosa do local e do evento.


Ferramentas e equipamentos
Os materiais e equipamentos utilizados para o resgate de vítima presa nas ferragens podem ser divididos em três grupos distintos:

Ferramentas manuais de porte leve:
Calços de madeira, alavancas, correntes, cabos, grifo, chaves diversas, serras manuais, machadinha, tesoura de chapa, grampos e manilhas, lanternas, etc.

Equipamentos de corte:
Tesoura hidráulica, extrator lukas, lancier, aparelho de corte pneumático, moto abrasivo, corta frio, corta vergalhão hidráulico, corte acetileno, etc.

Equipamentos de tração:
Expansores hidráulicos, almofada inflável, tirfor, talha, roldanas e patescas, macaco hidráulico e mecânico, etc.

Garantir acesso à vítima:
Na maioria dos acidentes, pode-se ter acesso à vítima de forma mais simples possível: a abertura das portas pelas suas maçanetas ou simplesmente baixar os vidros.

Porém, nos casos em que ocorre o abalo da estrutura do veículo, há o travamento das portas ou a destruição do mecanismo de abertura, havendo a necessidade de efetuar uma entrada forçada (arrombamento).


a) Remoção dos vidros:
São empregados dois tipos de vidros nos veículos: os laminados e os temperados.

O vidro laminado é obtido com uma lâmina plástica prensada entre duas lâminas de vidro por meio de elevada temperatura e pressão, que compõe os para brisas dos veículos; tem como característica uma maior resistência ao impacto e, quando quebrado, permanece com sua estrutura unida pelo plástico, sem a formação de fragmentos cortantes.

O vidro temperado é obtido por um processo de endurecimento do vidro comum. Ele é empregado nas demais janelas e, além da dureza, sua principal característica é a quebra em múltiplos fragmentos.

A primeira e mais simples via de acesso a ser obtida é com a quebra de um dos vidros laterais ou traseiro do veículo. Para tal, deve-se golpeá-lo firmemente com um punção de ferro em um dos cantos inferiores, provocando sua fragmentação. Nesse mesmo canto, após a  quebra, abra um pequeno orifício com as pontas dos dedos e, introduzindo a mão, remova os fragmentos para fora do veículo, sempre com todo o cuidado para não deixar cair estilhaços sobre as vítimas. Para facilitar, poderá ser colocada uma folha adesiva no vidro antes de efetuar sua quebra para diminuir os riscos.


O para-brisa já é um pouco mais difícil de ser removido, podendo ser empregadas três técnicas:

- corte com um estilete a parte externa de toda a borracha, onde se encaixa o vidro. Após golpear firmemente com a mão, desloque o para-brisa para dentro, removendo-o totalmente num só bloco;

- se existir um friso metálico ocultando a guarnição de borracha, remova-o inicialmente com uma chave de fenda e proceda como no item anterior;

- corte o vidro em todo o seu perímetro lateral com o emprego de uma machadinha afiada.


b) Abertura das portas:
Lembre-se de que, inicialmente, deve ser tentado o destravamento e a abertura manual de todas as portas do veículo antes de qualquer outro procedimento.

Não obtendo êxito, tente arrombar a porta mais próxima da vítima. Também aqui poderão ser empregadas três técnicas para o trabalho:

- com uma marreta, remova a maçaneta, expondo o orifício, onde, com uma chave, de fenda pode ser solto o pino da fechadura, abrindo a porta; se o orifício for pequeno para o trabalho, empregue o cortador pneumático para abrir um orifício maior ao redor do trinco, expondo toda a máquina que poderá ser destravada manualmente;

- com o emprego de uma alavanca, abra uma fenda entre a porta e seu batente próxima à maçaneta. Na fenda, posicione o alargador hidráulico e acione-o até a abertura da porta;

- quando estiver submetida à pressão do alargador, deve ser tomado o cuidado para que a porta não seja, bruscamente, projetada para fora no momento em que soltar a trava do pino.


c) Remoção das portas:
Depois de abertas, as portas podem ser facilmente removidas com o emprego do alargador hidráulico nas dobradiças, até soltá-las dos pinos de fixação.

Posicione, inicialmente, o alargador com a porta parcialmente aberta na dobradiça superior e acione-o até romper o pino. Depois, proceda da mesma forma na dobradiça inferior, removendo a porta.

As portas devem ser removidas nos veículos pequenos, onde há necessidade de maior espaço para atendimento e remoção da vítima.

Tais procedimentos devem ser tomados quando não existir outros meios.





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