14 novembro 2012

CAPÍTULO 21 - Materiais de uso individual - Arnês (cadeirinha) de cintura, vantagens, inconvenientes, recomendações e conselhos de utilização - Cadeirinha com centro de gravidade baixo / combinada com peitoral / completas / improvisadas (como confeccionar)



Materiais de uso individual


Arnês (cadeirinha)

A principal missão do arnês (cadeirinha) é tentar distribuir corretamente no corpo do usuário o choque transmitido pela corda durante uma queda ou impacto. Uma finalidade secundária é auxiliar no transporte de materiais de forma ordenada, além da comodidade que ela oferece ao permanecer parado em uma ancoragem (ou reunião) durante uma atividade em altura.

Não existe uma cadeirinha que garanta em 100% a segurança de um usuário durante uma queda. Porém, a experiência acumulada ou acidentes sofridos nos permite descobrir as inconveniências de cada sistema que empregamos, e, com isso, buscamos a forma mais adequada dentro de cada processo de escalada ou em qualquer outra atividade em altura.

A cadeirinha mais popular é a que comporta um cinturão unido por duas perneiras, com desenhos, marcas e modelos variados, porém, basicamente, bem parecidos; é grande a utilização dessas cadeirinhas, mas existem limitações. São as mais completas consideradas incômodas para se escalar, mas possuem vantagens evidentes durante uma queda descontrolada, oferecendo equilíbrio em suspensão do escalador.

A forma de colocação e encordoamento de cada cadeirinha é definida pelo fabricante nas etiquetas de instruções obrigatórias, as quais devem ser respeitadas rigorosamente.

Quanto à duração e conservação, por ser um produto têxtil como as cordas, sua duração máxima aproximada de utilização será de cinco anos dependendo do seu desgaste.


Arnês (cadeirinha) de cintura

Vantagens:

- maior comodidade e liberdade de movimentos;

- boa posição de descida em terrenos verticais (quando a descida é devidamente controlada).


Inconvenientes:

- possibilidade de giros durante uma descida;

- retenção perigosa durante uma descida incontrolada;

- suspensão extremamente perigosa quando se está inconsciente;

- ponto de encordoamento muito baixo com relação ao centro de gravidade quando se escala com mochila;

- tende-se a cair de cabeça para baixo.


Recomendações:

- para escaladas bem equipadas em terrenos (vias) (quedas curtas) em planos verticais e inclinados, onde uma queda é possibilidade prevista e o escalador poderá controlar sua posição ao cair;

- não se deve empregar em crianças ou em pessoas obesas, já que não tem uma definição para esse tipo de usuário, que podem vazar da cadeirinha durante um impacto de queda.

Devemos levar em conta que no momento a UIAA não homologa nenhuma cadeira (arnês) de cintura por si só, uma vez que pela própria natureza dos testes é impossível sem o complemento básico que é o arnês de peito (peitoral). Conjunto suficientemente seguro e adequado para qualquer condição de utilização.





Cadeirinha combinada com peitoral

Vantagens:

- estabilização do corpo em decorrência de uma queda descontrolada;

-ter um ponto mais alto quando se escala com mochila nas costas sem intervenção do corpo;

- suspensão de forma favorável estando inconsciente.


Inconvenientes:

- menor comodidade para escalar;

- os tirantes do peitoral são incômodos durante algumas manobras de manuseio com materiais.


Recomendações:

- é o sistema mais polivalente e recomendável, adequado para atividades em paredes e alpinismo, nas quais as quedas descontroladas podem causar sérios danos; e para escaladas em paredes desequipadas com segurança livre.

- imprescindível para se escalar com mochila, para crianças e pessoas obesas.

- é importante que sejam devidamente homologadas pela UIAA.


Conselhos de utilização:

Para aproveitar realmente as vantagens e segurança desse sistema, o ponto de segurança não deve situar-se demasiadamente alto ou baixo (a altura recomendada é no final do externo). A posição ideal do corpo do escalador em suspensão é quando se forma, com a corda em relação ao corpo, um ângulo aproximado de 20º. A carga deve recair sobre a cadeira (arnês) de cintura. A função do arnês de peito é estabilizar o corpo em uma posição mais favorável, porém sem oprimir as axilas nem o peito. Quando em suspensão devemos ter suficiente liberdade de movimentos.




Cadeirinhas completas

No caso de uma cadeirinha completa, o ponto de encordoamento encontra-se já disposto e só temos de seguir as instruções do fabricante. Devido os diferentes desenhos e segundo as marcas dessas cadeirinhas, o seu comportamento pode ser muito diferente tanto para uma detenção de uma queda, quanto para se manter em suspensão (parado). O impacto pode provocar, em alguns modelos (se tiver o ponto de encordoamento muito alto), um estiramento do corpo nada favorável, à frente do que o escalador poderá se posicionar adequadamente para o impacto contra a parede. Uma cadeirinha mais completa deveria (igual à cadeirinha combinada) transmitir a maior parte do choque às pernas e manter o usuário em suspensão dentro de uma postura cômoda (corpo a 20º). A única proeza eficaz de compará-las é provar se essas cadeirinhas são também acolchoadas em suas alças.




Cadeirinhas improvisadas

Esses assentos, por sua confecção artesanal, são péssimos tanto para deter uma queda como para permanecer em suspensão (parado).

Só utilizá-los em circunstâncias excepcionais e desde que não exista a possibilidade de se voltar de cabeça abaixo ou de permanecer muito tempo parado (suspenso) como já visto. São utilizados para sobressair de uma eventualidade, de segurança circunstancial, se tiver de recorrer a outro sistema, pelo menos empregar um que já tenha praticado antes. Podem ser empregados vários tipos de assentos, segundo o material disponível.

Em circunstâncias excepcionais, pode-se recorrer a amarrações até com a própria corda.






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