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12 junho 2012

Efeitos nocivos do incêndio - Lesões por inalação de fumaça - Deficiência de oxigênio - Temperatura elevada - Partículas encontradas na fumaça - Gases tóxicos associados ao incêndio - Ingestão de leite em casos de intoxicação



Lesões por inalação de fumaça
Os pulmões e as vias aéreas são mais vulneráveis a lesões decorrentes de incêndio que outras áreas do corpo, em virtude de os sinistros, sejam ao ar livre ou confinados, apresentarem atmosfera potencialmente tóxica. Por isso, somente bombeiros treinados e protegidos, adequadamente, devem efetuar o combate ao fogo.
Segundo o artigo “Lesão por inalação de fumaça”, do Jornal de Pneumologia (Souza, R. e outros), a lesão inalatória é resultante do processo inflamatório das vias aéreas após a inalação de fumaça, sendo a principal responsável pela mortalidade de vítimas de queimaduras.
A presença de lesão inalatória por si só aumenta em 20% a mortalidade associada à extensão da queimadura.

Existem quatro mecanismos de lesão inalatória associada a incêndio:
 deficiência de oxigênio;
 temperatura elevada;
 partículas encontradas na fumaça;
 gases tóxicos associados ao incêndio.

Em todos esses casos, a prevenção das lesões reside no uso do EPI, equipamento de proteção respiratória descrito no Módulo 3 deste manual.
Sem esse tipo de equipamento, os bombeiros estarão se expondo à condição de muito perigo.
A utilização de oxímetro de pulso em vítimas de intoxicação por fumaça será inútil, pois esse tipo de equipamento não possui capacidade de diferir os comprimentos de onda gerados pela oxihemoglobina ou pela carboxihemoglobina, fornecendo valores errôneos, ou seja, altos valores da concentração de oxigênio na corrente sanguínea.


Deficiência de oxigênio
O processo de combustão consome oxigênio enquanto produz gases tóxicos que ocupam o espaço do oxigênio ou diminuem sua concentração. Quando a concentração de oxigênio é menor que 18% o corpo começa a reagir, aumentando a freqüência respiratória.

São sinais e sintomas da deficiência de oxigênio:
 diminuição da coordenação motora;
 tontura;
 desorientação;
 dor de cabeça;
 exaustão;
 inconsciência;
 morte.

Além dos incêndios, a deficiência de oxigênio pode ocorrer em ambientes confinados, como silos ou cômodos protegidos por sistema de extinção de incêndio por gás carbônico (CO2), após o seu acionamento.


Temperatura elevada
A ação decorrente da temperatura da fumaça inalada raramente provoca lesões abaixo da laringe. Apesar de possuir alta temperatura, a fumaça tende a ser seca, o que diminui muito o potencial de troca de calor.
As lesões em vias aéreas superiores (nariz e boca) são caracterizadas pela presença de vermelhidão, inchaço e feridas, podendo haver sangramento local ou mesmo obstrução da área atingida. Se a fumaça estiver misturada a vapor úmido, o dano é ainda maior.
A entrada repentina de ar quente nos pulmões pode causar queda de pressão e falha do sistema circulatório. Também pode ocorrer edema pulmonar, que é o inchaço por acúmulo de fluidos nos pulmões, levando à morte por asfixia. O dano aos tecidos respiratórios causado pelo ar quente não é revertido, imediatamente, pela inalação de ar fresco.


Partículas encontradas na fumaça
A fumaça produzida pelo incêndio é uma suspensão de partículas de carbono, alcatrão e poeira, flutuando numa combinação de gases aquecidos. As partículas fornecem uma área para condensação de alguns dos gases da combustão, especialmente ácidos orgânicos e aldeídos.
Algumas dessas partículas suspensas na fumaça são apenas irritantes, mas outras podem ser letais. O tamanho das partículas determina o quanto elas irão penetrar no sistema respiratório desprotegido.


Gases tóxicos associados ao incêndio
Como dito anteriormente, o incêndio propicia a exposição doorganismo a combinações de gases irritantes e tóxicos.
A inalação de gases tóxicos pode ocasionar vários efeitosdanosos ao organismo humano. Alguns dos gases causam danos diretosaos tecidos dos pulmões e às suas funções. Outros gases não provocam efeitos danosos diretamente nos pulmões, mas entram na corrente sanguínea e chegam a outras partes do corpo, diminuindo a capacidade das hemácias de transportar oxigênio.

Os gases tóxicos liberados pelo incêndio variam conforme quatro fatores:
 natureza do combustível;
 calor produzido;
 temperatura dos gases liberados;
 concentração de oxigênio.

Os principais gases produzidos são o monóxido de carbono (CO), dióxido de nitrogênio (NO2), dióxido de carbono (CO2), acroleína, dióxido de enxofre (SO2), ácido cianídrico (HCN), ácido clorídrico (HCl), metano (CH4) e amônia (NH3).


Monóxido de Carbono (CO)
O monóxido de carbono (CO) é o produto da combustão que causa mais mortes em incêndios. É um gás incolor e inodoro presente em todo incêndio, mas principalmente naqueles pouco ventilados.
Nos incêndios, em geral, quanto mais escura a fumaça, mais monóxido de carbono está sendo produzido por causa da combustão incompleta.
O perigo do monóxido de carbono reside na sua forte combinação com a hemoglobina, cuja função é levar oxigênio às células do corpo. O ferro da hemoglobina do sangue junta-se com o oxigênio numa combinação química fraca, chamada de oxihemoglobina.
A principal característica do monóxido de carbono é de combinar-se com o ferro da hemoglobina tão rapidamente que o oxigênio disponível não consegue ser transportado. Essa combinação molecular é denominada carboxihemoglobina (COHb). A afinidade do monóxido de carbono com a hemoglobina é aproximadamente na ordem de 200 a 300 vezes maior que a do oxigênio com ela.
A concentração de monóxido de carbono no ar acima de 0,05% (500 partes por milhão) pode ser perigosa. Quando a porcentagem passa de 1% (10.000 partes por milhão) pode acontecer perda de consciência, sem que ocorram sintomas anteriores perceptíveis, podendo provocar convulsões e a morte.
Mesmo em baixas concentrações, o bombeiro não deve utilizar sinais e sintomas como indicadores de segurança. Dor de cabeça, tontura, náusea, vômito e pele avermelhada podem ocorrer em concentrações variadas, de acordo com fatores individuais.


Dióxido de Carbono (CO2)
É um gás incolor e inodoro. Não é tão tóxico como o CO, mas também é muito produzido em incêndios e a sua inalação, associada ao esforço físico, provoca um aumento da frequência e da intensidade da respiração.
Concentrações de até 2% do gás aumentam em 50% o ritmo respiratório do indivíduo. Se a concentração do gás na corrente sanguínea chegar a 10%, pode provocar a morte.
O gás carbônico também forma com a hemoglobina a carboxihemoglobina, contudo, com uma combinação mais fraca que a produzida pelo monóxido de carbono. Os efeitos danosos ao organismo, predominantemente, decorrem da concentração de carboxihemoglobina no sangue.
A alta concentração de carboxihemoglobina produz privação de oxigênio, a qual afeta, principalmente, o coração e o cérebro.


Ácido Cianídrico (HCN)
É produzido a partir da queima de combustíveis que contenham nitrogênio, como os materiais sintéticos (lã, seda, nylon, poliuretanos, plásticos e resinas).
É aproximadamente vinte vezes mais tóxico que o monóxido de carbono. Assim como o CO, também age sobre o ferro da hemoglobina do sangue, além de impedir a produção de enzimas que atuam no processo da respiração, sendo, portanto, definido como o produto mais tóxico presente na fumaça.
Da mesma forma que o CO, pode produzir intoxicações graves, caracterizadas por distúrbios neurológicos e depressão respiratória, até intoxicações fulminantes, que provocam inconsciência, convulsões e óbitos em poucos segundos de exposição.


Ácido Clorídrico (HCl)
Forma-se a partir de materiais que contenham cloro em sua composição, como o PVC. É um gás que causa irritação nos olhos e nas vias aéreas superiores, podendo produzir distúrbios de comportamento, disfunções respiratórias e infecções.


Acroleína
É um irritante pulmonar que se forma a partir da combustão de polietilenos encontrados em tecidos. Pode causar a morte por complicações pulmonares horas depois da exposição.


Amônia
É um gás irritante e corrosivo, podendo produzir queimaduras graves e necrose na pele. Os sintomas à exposição incluem desde náusea e vômitos até danos aos lábios, boca e esôfago.
Bombeiros contaminados por amônia devem receber tratamento intensivo, ser transportados com urgência para um hospital, sem utilizar água nem oxigênio no pré-atendimento.
A tabela a seguir apresenta os efeitos de outros gases, que também podem estar presentes na fumaça.



Ingestão de leite em casos de intoxicação profissional
Entre pessoas que trabalham com tintas, vernizes, solventes,
poeiras e fumaças é comum a crença de que o consumo de leite protege o organismo de elementos nocivos.
Como alimento, o leite possui muitas qualidades necessárias ao organismo humano. Entretanto, em condição de incêndio, pode provocar dores abdominais, diarréia, vômitos e coceiras pelo corpo.
Não há, até o momento, nenhum estudo científico que comprove o poder antitóxico do leite. Portanto, sua utilização pelos bombeiros afetados por incêndio não deve ser admitida, a menos que sob prescrição médica, após atendimento intra-hospitalar.


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