18 julho 2011

Erros mais Freqüentes nas Análises de Projetos de Prevenção e Proteção Contra Incêndio


Um projeto de prevenção e proteção contra incêndio deveria iniciar-se juntamente com o projeto de arquitetura e perfeitamente integrado com os projetos complementares (estrutural, hidráulico de consumo, elétrico, etc.); infelizmente ele é lembrado somente na hora da aprovação legal na Prefeitura, quando é exigido para andamento do processo.

Um bom projeto deve contar com proteção passiva (contenção da propagação vertical e horizontal), ativa (equipamentos de combate), pessoal treinado e principalmente saídas de emergência com iluminação de segurança adequada. Seria de muita importância, o que se faz em países mais desenvolvidos, a limitação da carga de materiais combustíveis no interior da edificação.
Baseado nas normas da ABNT que dissertam sobre prevenção e proteção contra incêndios, são apresentados abaixo alguns dos erros mais freqüentes encontrados nas análises de projetos.

Sistema de iluminação de emergência – NBR 10898
  • Dificuldade de diferenciação entre aclaramento e balizamento. A primeira é a luminosidade mínima para observação de objetos e obstruções à passagem; a segunda é a indicação clara e precisa da saídas e do sentido de fuga até local seguro;
  • Não previsão de pontos de luz nas mudanças de direção, patamares intermediários de escadas e acima das saídas;
  • Quando adotado gerador, deve manter condições idênticas aos sistemas alimentados por baterias (tempo de autonomia, localização dos pontos de luz, altura, potência, funcionamento automatizado aceitando-se partida até 15 segundos – no conjunto por baterias admite-se até 5 segundos).
Sistema de alarme – NBR 9441
  • Localização do painel central em locais como depósitos, sob escadas onde não há pessoas freqüentemente ou isolados, de forma que não possam notar o aviso desencadeado dos acionadores destacados e tomar as providências necessárias imediatamente; ideal seria que houvesse até telefone com linha externa nas proximidades para acionamento imediato do Corpo de Bombeiros;
  • Falta de acionadores manuais onde há detecção automática (uma pessoa pode observar o surgimento de um foco de incêndio e não pode ficar esperando o sistema automático entrar em funcionamento, mas acionar o ponto manual imediatamente).

Sistema de hidrantes – Decreto Estadual 38069/93

  • Localização de registro de recalque dentro do pátio interno de empresas, sendo que deveria estar no passeio público próximo à portaria;
  • Falta de botoeira liga-desliga alternativa quando for projetado sistema automatizado de acionamento das bombas;
  • O acionamento nesse caso é automático, mas a parada da bomba principal dever ser exclusivamente manual, tal procedimento visa evitar que uma pessoa que possa estar combatendo um incêndio seja prejudicada pelo desligamento acidental;
  • Não consideração de cotas altimétricas no dimensionamento da bomba de incêndio;
  • Não localização de hidrantes próximo às portas, sendo que em alguns casos teria uma pessoa que passar pelo incêndio para chegar até um hidrante que supôs-se utilizar para combater o mesmo.

Saídas de emergência – NBR 9077

  • Inexistência de captação de ar externo para o duto de entrada de ar – erroneamente sai diretamente do térreo, na laje e em local fechado. Deve haver prolongamento na mesma área ou maior até o exterior do prédio de forma a aspirar ar puro que possa subir até os locais desejados;
  • Falta de corrimãos em ambos os lados das escadas;
  • Arco de abertura da porta corta-fogo secando a curvatura da escada, sendo que no máximo pode tangenciar a mesma;
  • A descarga de todos os pavimentos no pavimento térreo deve ser isolada da descida até os pavimentos mais baixos a fim de evitar a descida até eles e permitir que mais rapidamente se alcance local seguro;
  • Todas as portas de acesso às escadas de segurança devem ser do tipo corta-fogo, que devem abrir no sentido da saída dos ocupantes;
  • Projeto de passagem de instalações elétricas, hidráulicas, dutos de lixo, gás combustível nas paredes da escada ou até mesmo dentro delas;
  • As únicas permitidas são as instalações elétricas da própria escada;
  • Falta de barras anti-pânico nas portas de emergência de locais de reunião como cinemas, teatros, casas de espetáculos, salões de baile, danceterías, “karaokê” etc.;
  • Falta de dimensionamento da largura e encaminhamento para as portas de saída de acordo com o cálculo da população máxima possível do local.

Extintores portáteis e sobre-rodas -NBR 12692, 12693

  • Não previsão para riscos especiais como caldeiras, cabinas elétricas, casas de máquinas de elevadores, depósitos de gás combustível que deverão possuir aparelhos adequados e exclusivos para eles;
  • Não previsão de tipos diferentes em um mesmo piso, de forma a atender princípios de incêndio em materiais diversos;
  • Normalmente quando é exigido o extintor sobre-rodas (carretas) instala-se apenas um; sendo que deverão ser projetados atendendo à classe de material que vai queimar, encaminhamento, área de cobertura e atendimento exclusivamente no piso em que se encontram.

Erros mais freqüentemente encontrados nas vistorias
Nas vistorias, as instalações são confrontadas com o Projeto ou mais recentemente Proposta de Proteção contra Incêndios e as diferenças são analisadas com vistas a manutenção das condições de segurança previstas pelas Normas Técnicas Oficiais. Havendo deficiências elas são anotadas em um relatório que é fornecido ao interessado para que analise e proponha uma solução técnica.

Os erros mais freqüentes encontrados nas vistorias realizadas pelos engenheiros ou pelos arquitetos pertencentes ao quadro técnico do Corpo de Bombeiros são:
Sinalização:
  • Falta de indicação da chave de proteção da bomba de incêndio no Quadro Geral de Energia;
  • Quando houver prateleiras, armários que impeçam a visualização dos extintores, hidrantes e demais equipamentos, a sinalização deve ser elevada acima de tais obstáculos de forma a poder indicar a localização à distância;
  • Falta de sinalização de solo em depósitos ou locais de fácil obstrução dos equipamentos;
  • Quando os equipamentos ficarem atrás de pilares, cantos de parede, escadas e demais situações que fiquem escondidos, a sinalização deve apontar nestes locais a direção onde estão aqueles equipamentos;
  • Falta de indicação da porta de saída e da rota a ser tomada, principalmente em locais de reunião de pessoas, tratando-se de sinalização comum ou integrante do sistema de luz de emergência;
  • Falta de indicação “Saída de Emergência” ou “Escada de Segurança” nas portas corta-fogo, na face voltada para os halls;
  • Falta de indicação do número do andar nas escadas.
Hidrantes:
  • Mangueiras acondicionadas em espiral, quando deveriam estar “aduchadas” isto é com as duas extremidades voltadas para fora, a fim de facilitar o desdobramento e uso rápido;
  • Falta de esguicho ou chave de mangueira nos armários para hidrantes;
  • Registro fechado na tubulação principal de alimentação;
  • Instalações em PVC internas às edificações ou executadas sem correto ancoramento e solda apropriada nas junções, diminuindo a resistência do sistema.
Luz de emergência:
  • Alguns pontos de luz ou todo o sistema desativado;
  • Falta, parcial ou total, de solução nas baterias;
  • Pontos de luz com luminosidade insuficiente para o local, decorrente de potência da central, fiação ou lâmpadas subdimensionadas;
  • Não cumprimento do projeto no tocante à instalação de todos os pontos que foram previstos no projeto aprovado;
  • Instalação ou alteração de divisórias sem revisão do projeto;
  • Substituição do fusível por pedaços de metal, papel laminado de cigarro e similares.
Alarme:
  • Instalação do painel central em local sem permanência constante de pessoas;
  • Vidros quebrados nos pontos de acionamento manual;
  • Falta de indicação das providências a serem tomadas para acionamento do mesmo;
  • Fiação aparente e passando por locais sujeitos a avarias decorrentes de incêndios;
  • Substituição do fusível por pedaços de metal, papel laminado de cigarro e similares.
Escada de segurança:
  • Portas corta-fogo instaladas acima de 1 cm da soleira da porta permitindo que volume maior de fumaça a atravesse;
  • Portas corta-fogo mantidas abertas por calços, vasos ou tijolos;
  • Portas corta-fogo que não fecham automaticamente com a passagem das pessoas;
  • Portas corta-fogo instaladas sem espaço correspondente a uma largura antes e depois no seu acesso ou saída, fazendo com que as pessoas tenham que pegar na maçaneta estando em degrau acima ou abaixo da mesma;
  • Portas corta-fogo sem placa de marca de conformidade;
  • Venezianas de ventilação com elementos que não garantem a área mínima de ventilação de 0,84 m2;
  • Instalação de fiação de antenas, prumadas elétricas e até tubulação de gás combustível já foi encontrada;
  • Obstrução por vasos, sacos de lixo, materiais de construção, móveis etc.;
  • Fixação de corrimãos por buchas nas paredes que não garante um mínimo de resistência ao arrancamento;
  • Escada de segurança que não termina no térreo (descarga) mas continua até o subsolo obrigatoriamente ela deve terminar no pavimento do acesso à edificação de forma que a população não desça, em casos de pânico, até o subsolo.
Extintores portáteis e sobre-rodas:
  • Falta de inspeção ou manutenção;
  • Selo de aparelho novo em equipamento usado;
  • Agente extintor “empedrado” nos aparelhos de pó químico seco;
  • Medidor de pressão acusando aparelho fora de uso;
  • Aparelho obstruído por móveis, lixo, vasos; atrás de portas;
  • Tipo de agente extintor não adequado ao material das proximidades (tipo pó químico seco para papéis, quando deveria ser de água; água ou espuma próximo a materiais energizados, quando deveria ser de gás carbônico e outras mais).
Brigada de incêndio:
  • Quando declarado no projeto que haverá pessoal treinado e solicitados os nomes antes da vistoria, no local as pessoas cujos nomes foram dados nem sabiam que foram indicadas para tal função;
  • A Norma Brasileira para Brigada de Incêndio está em fase de elaboração, mas nem mesmo conhecimentos básicos sobre tipos de extintores e sua adequação aos materiais é observada;
  • Os funcionários treinados saem da empresa e não há transferência dos cargos.

    Recomendações para que uma edificação tenha saídas de emergências seguras
    Para que um edifício tenha saídas de emergências seguras, é necessário que atenda aos requisitos mínimos:
    • O revestimento de parede, piso e teto da circulação (áreas comuns), não deve ser de material combustível;
    • Nas circulações deverá existir Sinalização Indicativa do Sentido de Saída;
    • As escadas deverão ser vedadas por PORTAS CORTA-FOGO. As mesmas irão impedir a penetração de fumaça e gases quentes para dentro da escada, possibilitando uma saída mais segura;
    • O revestimento de parede, piso e teto da escada, não deve ser de material combustível;
    • As escadas não deverão ser utilizadas como depósitos. Não ter aberturas para qualquer emprego (lixo, fiação telefônica e elétrica, gás canalizado, etc.);
    • Não permita a colocação de grades ou outro material que venha a obstruir a passagem da escada. Em caso de incêndio você poderá ficar preso sem alternativas para escapar;
    • As áreas de circulação e escada deverão possuir iluminação de emergência independente, alimentada por acumuladores (baterias) que deverão funcionar automaticamente quando faltar energia na rede pública.

    Recomendações para o caso de incêndios
    • Toda a área de ser isolada, os curiosos e pessoas de boa vontade só atrapalham;
    • O pessoal treinado no combate a incêndios (brigada de incêndio), deve intervir e por seu chefe, isolar a área e dar combate ao fogo;
    • A brigada não tem todos os recursos e não domina todas as técnicas de combate ao fogo, portanto, em caso de dúvida, deve ser chamado imediatamente o Corpo de Bombeiros;
    • Antes de se dar combate ao incêndio, deve ser desligada a entrada de força e ligada a de emergência;
    • Quando o Corpo de Bombeiros chegar é preciso explicar qual a classe de incêndio (classe A, B, C ou D), e orientá-los sobre a proporção (tamanho das chamas e área) do incêndio;
    • Os equipamentos elétricos que não puderem ser desligados, mesmo no caso de incêndio, deverão possuir circuito elétrico independente e placa indicadora próxima aos seus dispositivos de comando;
    • Em qualquer situação de incêndio, deve ser mantida a calma, deve-se atuar com serenidade e ninguém deve tentar ser herói.

    Recomendações de caráter geral
    • Evite deixar crianças encerradas nos apartamentos, porque se surgir um incêndio, as mesmas nada poderão fazer e a grande quantidade de fumaça poderá causa-lhes a morte;
    • Evite fumar quando estiver tentando dar um cochilo. Essa negligência poderá provocar o surgimento de um incêndio;
    • Não use gasolina na limpeza do seu lar, o vapor poderá inflamar-se rapidamente;
    • Evite jogar pontas de cigarros a esmo;
    • Antes de sair do seu apartamento, verifique se há algum aparelho elétrico ligado;
    • O registro de gás do fogão deverá, quando não estiver em uso, permanecer fechado;
    • Devido a falta de brinquedos, as crianças sempre procuram alguma atração. Evite deixar fósforos ao alcance delas;
    • Evite substituir o fusível queimado por moedas e macacos. Use fusível novo e com a sua capacidade adequada;
    • O palito de fósforo não deve ser jogado fora sem antes ter sido apagado;
    • Evite guardar solventes, álcool, cera, querosene, gasolina ou outros produtos inflamáveis próximo ao fogo e em locais que estejam ao alcance de crianças;
    • Todo a edificação (escola, fábrica, shopping, etc.) deverá possuir caixa de primeiros socorros com material adequado, e pessoal convenientemente treinado.
    Na maioria das vezes os grandes incêndios, quando na sua fase inicial, poderiam ser extintos apenas com um copo d’água.

    Bombeiroswaldo...

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